Prólogo - Afaste-se

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Um membro do elenco de apoio. Um melhor amigo. Um amante de infância. Uma irmã. Uma ex-namorada. Um amor perdido.

Um personagem secundário.

Isso era tudo que Dahyun era. E isso era tudo o que ela seria.

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Dahyun sempre pensou que ela era uma pessoa legal de se estar por perto. Isso não porque ela era arrogante ou porque ela pensava que era o sal da terra.

Não, Dahyun achava que ela era legal de se estar por perto por que ela tentava ser legal de estar por perto. Com grandes sorrisos no rosto e fazendo piadas em todas as oportunidades que podia, Dahyun acreditava que seu propósito era fazer as pessoas felizes.

No ensino médio era conhecida como uma espécie de palhaço da turma, fazendo comentários espertinhos durante as aulas e encolhendo-se com os olhares dos professores quando ela interrompia as aulas. Seus colegas a amavam por isso e sempre ficavam felizes em convidá-la para encontros da turma e festas.

Ela tentava o seu melhor para fazer as pessoas ao seu redor felizes. Eles provavelmente a consideravam sua amiga, porém, Dahyun sabia. Ela nunca teve nenhum amigo próximo ou grupo de amigos para voltar, ela era um elemento marginal na periferia da sociedade do ensino médio. Vagando de grupo em grupo, fazendo as pessoas rirem e depois indo embora, nunca se prendendo realmente a uma pessoa.

Era uma vida solitária, mas ela achava que valia a pena fazer todos sorrirem. Há muito tempo ela aceitou que esse era seu papel na vida das pessoas. Na verdade, ela viveu até isso. Os breves momentos que as pessoas tiveram com ela, ela tentou mudar suas vidas para melhor mesmo que minimamente.

As pessoas vinham até ela para chorar em seu ombro por um término ruim, ou reclamavam e gritavam sobre uma discussão que tiveram com seus amigos, e ela estava lá para oferecer um ouvido e uma mente compreensiva para receber a negatividade que outras pessoas abrigavam na vida deles.

Esse era o papel dela. O escudeiro de um cavaleiro em seu conto de heroísmo. A serva da princesa em sua história de amor. A personagem reconfortante em um drama com lágrimas nos olhos. O melhor amigo que se sacrifica em filmes de ação acalorados.

Ela era a personagem secundária. E ela continuaria sendo assim.

Isso é o que ela acreditava, pelo menos.

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"Precisa de uma bebida?"

Dahyun olhou para cima de sua posição no sofá. Não era muito confortável, era o tipo de sofá que tinha tecido muito macio e fazia você afundar muito nele, pra não mencionar, terrível para as ondas de calor do verão. Estava ainda mais desconfortável pelo fato de que havia um casal bêbado se beijando ao lado dela no sofá, ocupando cerca de três quartos dele e deixando ela de lado apenas com o apoio de braço, suas pernas e braços estavam esmagados.

Agora, dado que Dahyun estava apenas no segundo ano do ensino médio, ela não estava realmente interessada em consumir álcool, isso tornava as festas num borrão com desmaio em sua memória, mas, ela gostava de ver, ouvir e sentir tudo nas festas. Isso a acalmou de alguma forma, como se ela estivesse no olho do furacão e tudo ao seu redor fosse um turbilhão de hormônios adolescentes com atitudes estúpidas.

As festas também a faziam se sentir desejada, ela era frequentemente convidada para eles, para realmente animar a festa com seus jogos bobos, seu humor intelectual -ocasionalmente de baixo nível- e suas danças malucas. As festas eram uma das únicas vezes em que ela sentia que as pessoas prestavam atenção nela fora de seu papel como personagem secundária.

Personagem SecundáriaOnde histórias criam vida. Descubra agora