Vocês?

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Arthur

Olhando para os lados, Arthur buscava Moriarty, não era possível que ele tenha colocado aquilo a muito tempo, a sua conversa com a Menphis não havia sido longa. Arthur saiu de seu carro quase bufando em fúria, onde estava Moriarty? Onde seu maior suspeito se escondia? O que ele desejava falar com "saber a verdade"? Tais perguntas borbulhava na mente daquele que mal havia se descoberto em luto.

Compreendendo que por mais que buscasse nas redondezas não encontraria Moriarty, Arthur retornou ao carro, segurou em sua mão direita o transmissor e em uma mistura de fúria ardente e curiosidade que o impulsionavam ele se decidiu falando:

— Se é isso que deseja, farei o seu agrado, mas me aguarde Moris, me aguarde.

Após tomar sua decisão Arthur começou a dirigir e em instantes se encontrava diante da casa porem não entrou de imediato, ele tomou algum tempo para colocar o transmissor escondido em sua roupa, que na ocasião era um casaco de camurça para espantar o frio e uma blusa social branca junto de uma simples calça bege, seus cabelos estavam levemente mais longos que o normal afinal nos últimos tempos se encontrava muito ocupado...

Saindo do carro, caminhou rapidamente até a casa do Moriarty e bateu na porta, após alguns toques na entrada que dava para a cozinha do bar finalmente Arthur foi atendido, foi a mãe de Moriarty quem lhe atendeu falando:

— E... Arthur correto? O que o trás aqui a essa hora? – Dizia a jovem dama com belos olhos.

— Bem, eu...

Antes que Arthur pudesse continuar a falar a mãe de Moriarty teve um lampejo de memória e falou:

— Ah sim, você veio pegar algo no quarto do Moriarty, não é? Bem que ele avisou antes de viajar que você poderia aparecer, aí... devo confessar que mesmo ele sendo meu filho eu não sei de onde ele tirou tamanha impulsividade, quem decide viajar no meio do período de aulas? – Dizia ela animadamente com um sorriso na face.

Arthur não compreendeu o que estava acontecendo, o que Moriarty desejava mentindo para seus pais daquela forma? Acreditando que aquilo era algo do plano do Moriarty, Arthur apenas concordou com a cabeça e passou pela mãe do Moriarty que após fechar a porta o guiou, no caminho Arthur viu o marido dela lendo um livro na sala, até o quarto e permitiu que ele descesse as escadas sozinho, ao desce-las e abrir a porta, Arthur se deparou com um quarto completamente bagunçado, ou melhor, quase completamente tendo como exceção apenas uma mesa que possuía um tabuleiro de xadrez, Arthur se aproximou lentamente vendo que havia apenas uma torre branca, um rei preto e um cavalo preto posicionados de tal forma que a torre estava na mesma coluna do rei, na lateral do tabuleiro se encontrava um peão branco sobre um rei branco, sobre a mesa a distancia havia uma rainha branca e pôr fim ao lado da rainha havia um pequeno pedaço de papel escrito: "Torre toma Rei, fim de jogo"

Olhando aquilo, Arthur balbuciou sua conclusão:

— Seu conceito de xadrez... o que deveria significar isso? – Arthur sacudiu sua cabeça e após colocar o papel no bolso ele se virou, afinal poderia descobrir tudo após se encontrar com o próprio Moriarty.

Quando começou a caminhar para a porta Arthur viu algumas peças espalhadas pelo quarto, um bispo no chão, uma torre preta sobre uma pilha de roupas que havia sido deixada para trás, aparentava que ninguém havia entrado lá após a partida de Moriarty, um peão sobre a cabeceira da cama, e muitos outros jogados por todos os cantos. Arthur decidiu apenas sair de uma vez.

Subindo as escadas Arthur viu a mãe de Moriarty e imediatamente falou:

— É... desculpe incomodar, mas eu poderia tomar uma xicara de café? Hoje eu sinceramente tive um dia cheio que nem pude comer direito, achei que aguentaria a fome, mas parece que só suporto ela até aqui.

— Se é assim fique um pouco mais, posso esquentar um pouco da janta no micro-ondas.

Por um instante passou na mente de Arthur recusar, porem era o melhor aceitar e desta forma ele apenas concordou com a cabeça.

— Enquanto esquento por favor sente-se na sala, terminando eu te aviso.

— Muito obrigado, eu não sei como enganaria meu estomago sem sua ajuda. – Arthur forçou um sorriso torto ao terminar de falar.

Enquanto a mãe de Moriarty caminhava para a cozinha, Arthur se encaminhou pra sala, sentando-se na base do "L" do sofá, de forma que ficava vendo a cozinha logo a frente. O pai de Moriarty fechou seu livro e falou:

— Eu e minha mulher gostaríamos de desejar nossos pêsames a você, desculpe a demora para falarmos isso.

— Está tudo bem, eu vou ficar bem...

O olhar prata do pai de Moriarty parecia o consolar, era complacente como o de um companheiro de longa data.

— Eu sei como pode ser difícil se abrir, para quem trabalhou tantos anos sem poder demonstrar muita fraqueza é difícil, mas saiba que aqui você tem dois ombros amigos que o entendem.

— Como... como assim?

— Querido ele não viu nossos rostos, obvio que não nos reconheceria, agora que já começou melhor explicar não acha?

— Desculpe meu amor, já vou explicar minha senhora. – O pai de Moriarty tinha um sorriso juvenil em seu rosto nesse momento. – Arthur... se recorda da Brigada Proteção de Prata?

Um relâmpago acertou Arthur e ele estremeceu.

— Você fazia parte dela?

O pai de Moriarty formou uma arma com a mão, colocou seu dedo dentro da boca pressionando a região onde havia a cicatriz na parte externa e então fez como se tivesse atirado.

— Achei que havia me reconhecido, mas não o julgo, a cicatriz que me causou naquela fatídica noite era um detalhe bem pequeno, não é?

— Lider da Brigada Proteção de Prata, o Gigante dos Olhos Metálicos... – Arthur falava enquanto passava a mão em sua cicatriz – se você é ele... aquela só pode ser...

— A Mente de Prata, em carne e osso. – Disse aquele conhecido por Arthur como Gigante dos Olhos Metálicos.

— Querido nós concordamos não falar mais esses apelidos velhos. Arthur, nos perdoe pela apresentação tardia, eu sou a Louise. – Ela falou isso enquanto levava um prato para ele e logo em seguida se sentava no sofá colocando suas pernas sobre as coxas de seu marido.

— E eu era o Gigante dos Olhos Metálicos, agora sou apenas Noah.

Com essa tardia apresentação, Arthur sentiu suas memorias do passado fluírem por sua mente, lentamente detalhes de seu ultimo dia de trabalho retornavam a sua mente, e vividamente conseguiu tocar aqueles dias de adrenalina e juventude a flor da pele, tempos antes de possuir aquela cicatriz em sua testa.

Ele retornou... junto de suas memorias pelo menos uns 28 anos...

A Minha PazOnde histórias criam vida. Descubra agora