Moriarty
Moriarty subia as escadas no fim do corredor, em sua mão esquerda trazia consigo o recém adquirido caderno do professor Arthur, era um caderninho simples, pequeno, portátil, de capa de couro falso, em sua primeira página haviam os dados para a devolução do livro, coisas como o numero e um lugar onde poderia ser deixado o livro. Enquanto virava a pagina com seu dedão da mão esquerda, Moriarty abria a porta do terraço com a mão direita, o sol o cegou por um instante, mas mesmo assim ele já acostumado apenas seguiu andando. A porta se fechou numa batida.
Enquanto caminhava até a pequena construção que servia de base para as grandes caixas d'águas que abasteciam a escola, Moriarty lia os planejamentos de Arthur para aquele dia.
"15:30 — Lavar a louça.
16:00 — Varrer a casa.
16:15 — Fazer as compras do mês.
17:30 — Preparar a janta.
18:45 — Preparação das aulas de amanhã.
23:00 — Dormir."
— Que rotina chata... – Comentou Moriarty enquanto olhava os restos dos dias e percebia que, com exceção das compras, tudo se repetia com pequenas variações de horários.
Moriarty estava sentado, recostado na simples estrutura de base, protegido do sol que a cada minuto vinha se tornando mais forte, já havia guardado o caderno de planos do Arthur em seu bolso, e murmurava para si mesmo:
— Um cinquentão solteiro e levemente pessimista? Assim como você me disse. – Ele se espreguiçou e voltou a falar enquanto pegava o celular em seu bolso.
Com o celular em mãos ele definiu um despertador para as 13 horas, e logo em seguida, com uma rápida busca por uma boa posição para se dormir, Moriarty caiu em profundo sono.
Arthur
Com o "blem, blem!" dos sinos ressoando nos alto-falantes o novo professor de Teologia começou a guardar seus pertences e a se retirar da sala, seus alunos átonos pela sua perspectiva singular sobre a salvação demoraram alguns segundos para se moverem mesmo após Arthur já ter saído de sala.
Com seus passos firmes Arthur se encaminhou para a sala dos professores, um lugar charmoso, com características rusticas, uma grande mesa circular de madeira, feita do toco de uma antiga arvore que a muito havia morrido naturalmente, ganhava destaque ao se encontrar no centro da sala, cadeiras simples a rodeavam, e alguns professores tomavam um gole de café pouco antes de irem embora para suas casas. Sem trocar muitas palavras Arthur apenas passou por eles e foi até os fundos, onde haviam bancadas para cada professor, lá guardou alguns de seus matérias, e se levantou logo em seguida, indo até a mesa do café e de alguns lanches, lá pegou um copo e colocou apenas um dedo de café. As conversas dos outros professores rondavam sobre as dificuldades encontradas por eles naquele dia.
Após alguns minutos, em que esperava o café esfriar minimamente, Arthur levou o copo a boca, e no exato momento escutou uma voz feminina falar dirigida a ele:
— Prazer Arthur, não é?
— Sim e a senhora? – Respondeu Arthur, distanciando da boca o copo vazio.
— Linda... É, eu só queria te dizer para manter distancia daquele Moriarty, ele é tão imprevisível quanto a direção dos tiros de uma arma disparada por um novato.
— Imprevisível? Eu não o conheço muito, mas ele me pareceu apenas folgado.
— Confie em mim... ele pode ser bastante imprevisível.
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A Minha Paz
De TodoStarie, uma cidade com um famoso Serial Killer que diariamente faz uma nova vitima, possuidora também de uma bela e famosa universidade, a Universidade Melthis, e nela um novo professor de teologia, chamado Arthur, ao dar sua primeira aula, acaba po...