T E M P O | ATO I

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Uma semana. Faz exatamente uma semana que Pat e Pran não conseguem transar. Esse foi o maior tempo assim, desde que eles começaram a namorar — sem contar com o intervalo em que passaram separados, até que Pat visitou Pran pela primeira vez em Singapura e não voltou mais para Bangkok. Afinal, como largar toda a vida que recuperou ali naquela nova cidade? 

Hoje, fazem seis meses que a recuperou. Ele sempre se lembra.

Pat está participando de uma conferência de Engenharia Civil, algo sobre novos materiais, ou novas tecnologias, ou novas técnicas construtivas, e Pran só sabe que Pat vai apresentar o caso de sucesso do aplicativo — List In — que aplicou na empresa da família, porque o ajudou a ensaiar na última semana. Esse congresso está acontecendo durante todo o dia, porém, no horário de Nova York. Ou seja, enquanto Pran está dormindo, Pat está acordado na conferência; quando Pat vai dormir, Pran está acordando para ir trabalhar; assim que Pat acorda, Pran ainda está no escritório. E como Patrick — o chefe de Pran — havia voltado à cidade, muitas reuniões estavam acontecendo em horários muito inconvenientes para a vida sexual de Pran. E quando ele chega em casa, enfim, Pat já está completamente imerso no congresso — seja apresentando algo, ou tirando alguma dúvida, ou prestando atenção e anotando tudo. Tudo mesmo. Pat até largaria o notebook num estalar de dedos se Pran pedisse, mas assim como Pat sempre o incentivou profissionalmente, Pran fazia o mesmo. Vez ou outra, Pat até conseguia fechar a câmera, nem que fosse para dar um abraço ou roubar um beijo do namorado. E desejar boa noite.

ฝันดีนะที่รัก. 'Fan dee na', pequeno. Bons sonhos. Comigo. 

O que Pat não sabe, é que quando Pran se deita para dormir — e foi assim em cada dia dessa semana que passou, que na verdade foram seis dias, Pran contou —, e ouve Pat falando um inglês arranhado, carregado com o sotaque tailandês, assim como na semana anterior, enquanto o ajudava a treinar a apresentação, provocava coisas em Pran.

Ele já havia escutado Pat falar em inglês antes, em alguns telefonemas que o ouvia fazer com lojas e outras empresas internacionais, mas havia algo de diferente em ouvir ele explicar um assunto que conhece tanto, olhando Pran nos olhos, gesticulando, munido de palavras difíceis e aquela postura naquele corpo vestido com uma camisa social preta, e aquele olhar direcionado exatamente para o principal expectador de Pat, mostrando o quão especial Pran é— porra! Fuck. Pran estava entrando em colapso. Talvez fosse a saudade e a escassez do contato do outro, mas isso precisava acabar, pois o corpo de Pran não podia mais arcar com o fato de ele estar indo dormir cada um desses seis dolorosos dias com uma enorme ereção.

Pran acorda. É uma quinta-feira. Confere sua agenda e vê que hoje tem uma reunião às dezoito horas, mas que talvez, durante a tarde, o Patrick não vai estar no escritório, e talvez ele– talvez será?

hm. Bom dia. — Pat diz manhoso, ao notar que Pran já estava acordado e ainda na cama.

— Bom dia, baby. — Pran se inclina para beijá-lo e Pat o puxa para seus braços. Era raro Pat conseguir despertar, pois provavelmente, faziam pouco mais de duas horas em que ele havia deitado para dormir.

— Que saudade de você. — Pat diz, agarrando o pescoço de Pran em um abraço, sem nenhum cuidado, cheirando o topo de sua cabeça.

— Nós literalmente dormimos juntos, Pat. — Diz, sem tentar se afastar do abraço, passando a mão pelo peito, abdômen e coxas do namorado. O corpo de Pat está tão quente, está tão macio, tão cheiroso, tão-

Baby! Eu sei.... hmm. Você entendeu. — Faz bico. Pran passa um braço por detrás de suas costas e o aperta em um abraço demorado.

[05] • TEMPO • [ BadBuddy | PatPran ] ):)Onde histórias criam vida. Descubra agora