Capítulo 6

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LUIGI COLOMBO

— Luigi, sente-se – ele disse, apontando para uma cadeira em frente à sua mesa. Obedeci imediatamente, sentindo seu olhar sob mim.

— Preciso que você preste atenção no que vou dizer – começou ele, com uma voz firme – Meu sogro está muito doente e minha esposa deseja passar o que parecem ser os últimos dias com ele. Vamos ficar alguns dias fora.

Eu assenti, compreendendo a gravidade da situação.

— Claro, senhor. Estou à disposição para o que for necessário.

— Giordana irá viajar para a casa da Jane, em Veneza – continuou ele – Isso significa que você ficará aqui, cuidando da segurança pessoal da Giana.

Meu coração deu um salto. Cuidar da segurança de Giana aqui dentro também, significava passar mais tempo com ela, e eu sabia o quanto isso significava para mim, mesmo que fosse apenas no âmbito profissional.

— Entendido, senhor. Farei o meu melhor para garantir a segurança dela.

— A governanta já está arrumando um quarto de hóspedes para você. Quero que fique perto e atento a qualquer sinal de problema. Sei que posso confiar em você, Luigi. – ele me olhou – Mas não a deixe saber que estou... exigindo que fique, diga que você se ofereceu. Assim a minha menininha não ficará irritada.

— Tudo bem, senhor. Agradeço a confiança.

Mário me olhou nos olhos, como se estivesse avaliando minha lealdade mais uma vez. Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, o telefone dele tocou. Ele atendeu rapidamente e, após alguns segundos de conversa, desligou.

— Cristian e Matteo retornaram da missão – disse ele, com um leve sorriso de satisfação – Isso deve facilitar as coisas por aqui.

— Isso é ótimo, senhor – respondi, também sentindo um alívio. Matteo Savóia era um ótimo assassino, assim como Cristian, tê-los de volta significava que a missão estava concluída e foi um sucesso.

Mário se levantou, sinalizando que a conversa estava terminada.

— Muito bem, Luigi. Vou deixar tudo nas suas mãos agora. Qualquer coisa, me ligue.

— Sim, senhor. Pode deixar.

Saí do escritório sentindo um peso de responsabilidade nos ombros, mas também um estranho senso de propósito. Enquanto caminhava pelo corredor, encontrei a governanta, que me informou que meu quarto estava pronto.

— Senhor Luigi, seu quarto está preparado. Fica no andar de cima, ao lado do quarto da senhorita Giana.

— Obrigado – respondi, sentindo um frio na barriga. Subi as escadas e entrei no quarto designado para mim. Era espaçoso e confortável, com uma grande janela que dava vista para o jardim.

A cama era confortável, e com certeza seria ótimo os dias que dormiria aqui. No entanto, meu momento de contemplação foi interrompido por vozes vindas do quarto de Giana. Um sentimento de proteção - e algo mais, talvez ciúmes - se instalou em mim.

Saí do quarto e caminhei pelo corredor, seguindo as vozes. A porta do quarto de Giana estava entreaberta. Espiei pela fresta e a vi sentada na penteadeira, aplicando produtos no rosto enquanto estava em uma chamada de vídeo com Irina.

— Sim, Irina, estou tentando seguir todas as suas dicas – dizia Giana, passando um creme suavemente nas bochechas.

— Você está fazendo um ótimo trabalho, Giana. Sua pele já está mais radiante – respondeu Irina, com um sorriso caloroso no rosto.

Não compreendo o porque as mulheres usam esses produtos no rosto, escondendo sua beleza real. Eu acho Giana uma mulher muito linda, e não entendo a necessidade de usar esses tipos de coisas, mas sinceramente, isso não é da minha conta. Já estou paralisado em frente a sua porta, encarando suas costas e invadindo sua privacidade por simplesmente achar encantador vê-la.

Fiquei ali, observando aquela cena tranquila, até que uma voz às minhas costas me fez dar um salto.

— O que você está fazendo? – Giordana apareceu de repente, saindo de trás de uma pilastra.

— Giordana – exclamei, surpreso – Eu... só estava verificando se estava tudo bem.

— Verificando, é? – Ela levantou uma sobrancelha, claramente se divertindo – Ou estava espiando minha irmã?

— Não, claro que não – respondi rapidamente, tentando manter a compostura – Eu estava só... garantindo a segurança dela.

— Ah, entendi – disse ela, com um sorriso travesso – Então, você sempre verifica a segurança de Giana espiando pela porta?

— Giordana, por favor – tentei explicar, mas ela continuava com aquele sorriso.

— Você gosta dela, não é? – perguntou Giordana, direta como sempre.

— Não é isso. Meu trabalho é ser o segurança dela – balbuciei, sentindo meu rosto esquentar.

— Ah, claro – ela riu – Então, se não é isso, por que está todo vermelho, Luigi?

— Estou apenas fazendo meu trabalho
– disse, tentando parecer sério, mas o sorriso dela era contagiante.

— Sei – ela inclinou a cabeça, examinando-me como se fosse uma detetive – Mas, honestamente, é bonitinho ver você todo nervoso.

— Giordana, eu realmente preciso focar na segurança de Giana – tentei redirecionar a conversa, mas ela não desistia fácil.

— Claro, claro. Mas você deveria dizer a ela o que sente, sabe? Nunca se sabe o que pode acontecer.

Eu ri, apesar de mim mesmo.

— Você é impossível, sabia? Principalmente para uma Savóia.

— E você é péssimo em esconder seus sentimentos – ela respondeu, piscando para mim – Mas tudo bem, não vou contar para ninguém. Seu segredo está seguro comigo.

— Não irei agradecer, sabe que não sinto nada, além de respeito – disse, balançando a cabeça.

Giordana deu um tapinha no meu ombro.

— Agora, vá lá e garanta que Giana esteja segura... mas sem espiar.

Ela saiu rindo pelo corredor, me deixando com um misto de alívio e diversão. Respirei fundo e voltei a focar na loira que ainda conversava animadamente. Mesmo que Giordana tenha tornado a situação mais leve, meu dever era proteger Giana. E isso, eu faria com todo o meu coração.

A Madame - Nova Era 5 - Conto Onde histórias criam vida. Descubra agora