Epilogo

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GIORDANA SAVÓIA

— Giordana, entre – meu pai chamou, sua voz firme e inconfundível. Com um suspiro, entrei no escritório, ciente de que ele provavelmente sabia que eu estava espreitando. Italo Martini havia acabado se sair, isso não era bom sinal.

— O que Italo queria? – perguntei imediatamente, incapaz de conter a curiosidade.

Meu pai fechou a porta atrás de mim e gesticulou para que eu me sentasse. Sua expressão estava séria, e eu sabia que a conversa não seria fácil. Eu odiava isso. Sabia que vinha bomba por aí, a presença de Italo não significava coisa boa. Minha mão pegava fogo, querendo ser refrigerada pelo aço frio da minha faca que estava na cintura e outra na bota que uso.

— Ele trouxe informações sobre seus dois filhos, mais novos – meu pai começou, sentando-se atrás de sua imensa mesa de madeira – Ele quer que eu escolha um deles para se casar com você.

A notícia me pegou de surpresa, mas imediatamente senti uma onda de resistência subir dentro de mim. Como isso estava acontecendo comigo? Por Dios! Eu não teria paz?

— Eu não quero me casar com ninguém que eu não conheça – declarei, tentando manter a voz firme.

— Giordana, isso é para o bem da família – meu pai insistiu, seu olhar fixo em mim – As alianças são importantes.

— Mas eu não sou um peão nesse jogo, papai – retruquei, minha frustração transparecendo – Quero fazer minhas próprias escolhas. Tenho outros planos para minha vida. Cazzo, somos ós Savóia! Não precisamos de alianças.

Meu pai franziu a testa, claramente insatisfeito com minha recusa.

— Você sabe como as coisas funcionam, Giordana. Nossa família sempre priorizou o bem maior.

— Beatrice e Giana tiveram a chance de escolher seus caminhos – argumentei – Por que eu não posso? Quero ter minha iniciação na máfia e fazer minhas próprias missões. Assim como Bea e Jane.

O olhar dele endureceu, mas não recuei. Eu sabia que ele estava pensando nas implicações do que eu dizia, mas era importante para mim que ele entendesse minha posição. Meu pai sempre foi tão fiel à máfia quanto meu tio Salvatore e Anthony. Mas eu precisava lutar, eu teria o que eu desejo.

— Você é teimosa, como sempre – ele disse finalmente, com um tom que misturava admiração e exasperação – Mas preciso que você entenda a importância disso.

— Eu entendo, mas também sei que não sou feita para um casamento arranjado – disse, mantendo meu olhar firme no dele. Houve um momento de silêncio, um impasse entre nós. Eu sabia que meu pai queria o melhor para a família, mas também sabia que ele respeitava nossa individualidade.

— Muito bem, Giordana – ele disse finalmente, respirando fundo – Mas saiba que não será fácil. Haverá consequências.

Assenti, aliviada por ele não me forçar a aceitar algo que eu não queria.

— Estou pronta para enfrentar qualquer desafio, papai. Quero fazer isso do meu jeito.

Ele se levantou e se aproximou, colocando a mão no meu ombro.

— Espero que você saiba o que está fazendo. Mas não se esqueça, não fugirá do casamento, se não for com o Martini, será com outro que eu escolher.

Saí do escritório com um misto de emoções. Estava aliviada por meu pai ter, de certa forma, aceitado minha decisão, mas sabia que eu não fugiria do casamento tão cedo. Eu estava determinada a seguir meu próprio caminho e provar meu valor de outra forma.
Ao voltar para o jardim, Giana me esperava, a curiosidade estampada no rosto.

A Madame - Nova Era 5 - Conto Onde histórias criam vida. Descubra agora