VI

599 72 22
                                    

Sabo estava com raiva. Ele não era uma criança que tinha problemas com isso ou que se estressava sempre que algo dava errado, mas aquela situação o deixava extremamente revoltado.

A menina era nova na pequena cidade, ainda pouco conhecida e sem nenhum contato que não fosse seus pais e... e a escola, a garotinha não ia na escola. Se fosse, com toda certeza ele a teria visto.

Não que ele a julgasse também, se Sabo pudesse nunca mais pisaria naquele lugar.

- Ela realmente não vê nada - Um garoto sussurrou mas gargalhou no momento que outro passou por trás da mulher e fez chifres em cima de sua cabeça - Nadinha

- O que devemos fazer?

- Ela vai se dar mal se continuar a brincar, como é que os pais deixaram isso?

- Eles devem fingir que não é filha deles! Minha mãe uma vez disse que é uma vergonha!

- Deve ser mesmo, imagina não ver nada?!

- Isso não é engraçado - Sabo retrucou e recebeu olhares de raiva e sabia bem que não era bem vindo ali, mas... o obrigaram.

- O que você sabe sobre o que é engraçado?! Sempre que você vem acaba com as brincadeiras

Ele deveria se sentir ofendido mas não sentiu. Queria sair dali, desejou mais do que tudo isso.

- Seus pais devem ter vergonha de você - Uma garotinha disse e Sabo fez uma careta pronta para respondê-la mas ao virar ligeiramente para o lado, viu que sua mãe o esganaria se tratasse a menina mal

- Vamos deixá- lá em paz, não dá pra brincar com ela mesmo - O loiro deu de ombros para tentar a livrar daquela situação que estava prestes a viver - Tem outras brincadeiras mais legais

- Eu posso escutar o que falam. Não sou surda - O susto que as crianças levaram foi grande. Em um minuto a menina cega estava longe e no outro parecia querer matá-los - Quero brincar, gosto de pique esconde

- E como vai se esconder, hein?

Ela apontou para seus ouvidos e logo para o nariz indicando que poderia ouvir ainda melhor que eles, podendo ouvir a respiração de cada um como se fosse normal.

- Tanto faz - O garoto deu de ombros mas logo manteve um sorriso debochado no rosto - Começa com você, conta até 10, você sabe contar né?

- Sei

- Ata, pensei que além de cega também fosse burra!

As risadas começaram e Sabo se sentiu completamente desconfortável vendo a feição que a garotinha fez. Ele sabia que só estavam brincando com ela por ela mesma morar ali - sendo uma nobre, não teriam problemas na comunicação.

- Nem precisa fechar os olhos, só contar até dez

A menina não se deu o trabalho de responder quando começou a contar. Assim que chegou no dez imediatamente se virou e bateu em uma parede falando o nome de cada um dos que se apresentaram.

- Você roubou!

- Não, vocês estavam aqui.

- Mentira! Todo mundo viu!

- Como eu poderia ter roubado?

- Como sabia onde estávamos escondidos?

- Vocês não se esconderam - Ela sorriu de lado e Sabo realmente gostou da forma e do jeito que falou - Não sou burra, eu os ouvi.

- Tsc, mas você não falou o nome de um, então, você perdeu!

A menina pareceu surpresa pois arqueou as sobrancelhas mas logo assentiu. E logo sentiu um empurrão que a fez tropeçar.

MIND OVER MATTER - SaboOnde histórias criam vida. Descubra agora