Três Sonserinos

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Ela estava andando há algum tempo, sempre em passos rápidos e ritmados. Tinha um lugar específico em mente, o que ocorria com certa frequência - ao menos nos últimos meses - e não via a hora de dar um tempo de todas aquelas coisas que estavam lhe deixando maluca. Primeiro os Dawlish, depois o pai de Nott e os avós de Zabini. Logo chegou a sua vez, é claro, e isso a estava corroendo por dentro. Aquilo a deixava tão nervosa e pessimista que era comum vê-la suspirando devagar enquanto pensava em todas as hipóteses.

Olhando ao redor com um movimento pouco natural da cabeça cheia de pensamentos, vendo que já tinha passado por aquele mesmo corredor antes. No mínimo duas vezes. Estava andando em círculos, ótimo. Bufou levemente, irritada consigo mesma e tratou então de virar no primeiro cômodo à vista, dando de cara com a sala que procurava. Ela era cheia de troféus, anos de bobagens amontoadas em prateleiras, como costumava pensar. E suspirou de novo, pois havia se sentado ali algumas vezes nos ultimos dias.

Não haviam muitas cadeiras ali, considerando que aquela era uma sala para se parar por alguns instantes e logo partir, sem passar muito tempo. Era apenas a garota e os pensamentos tumultuosos naquele momento que - graças a Merlin - haviam parado de martelar sua mente com tanta insistência. Estava começando a aceitar.

Ela conversou brevemente com a bruxa que surgiu pelos fundos e assinou alguns papéis, então logo retornou para o local onde estava antes e sentou em um dos bancos de pedra. Era exatamente o que ela precisava e foi pensando nisso que se ficou ali, na calmaria, sentindo o silêncio invadir cada poro da sua pele branca. Aquele era o enterro dos seus pais e de Daphne. Não comunicara ninguém, em parte porque queria ficar sozinha e, por outro lado, porque isso realmente não passara pela sua cabeça durante o tumulto de resolver os três funerais.

Durante a quantidade infinita de tempo que passou ali - ou, ao menos, foi o quanto pareceu -, tentou traçar uma linha rígida e coerente para tudo o que estava se passando, mas não encontrou muito sucesso nessa missão. Apenas o silêncio dava alguma sensação de calma, mas é claro que ele sempre dá lugar às palavras em algum momento. E esse momento chegou junto à passos decididos que a encontraram e sentaram ao seu lado, fazendo-a esboçar um sorriso fraco, ainda que não tivesse ousado olhar quem é que estava ali. Não precisava fazê-lo.

— Como me achou aqui? — perguntou, realmente curiosa.

Inicialmente, a resposta foi um simples dar de ombros. Isso aguçou ainda mais seu desejo de obter qualquer palavra.

— Intuição — ele disse, a fazendo alargar um pouco mais o sorriso e erguer o olhar. Aquela não era uma frase doce nem nada do gênero, apenas um fato comum, mas em tempos difíceis as pessoas sempre tendem a se apegar às pequenas coisas.

— Como estão indo as coisas?

Ele arqueou uma sobrancelha, sugerindo que tal pergunta não deveria ser feita e possuía pouca importância, mas ela não ligou para isso, tampouco voltou atrás. Ele sempre era receoso e aquilo já era algo com o qual a garota estava acostumada. Era difícil não ouvir falar dele, quando parecia ser a atração principal no centro do picadeiro. Porém, ao contrário do que pudesse parecer, a pergunta era composta mais de preocupação do que de curiosidade. Ele teria admirado isso, se soubesse.

— Estou seguindo em frente — resumiu, demonstrando a voz rouca pela falta de uso. Já faziam alguns meses que se esgueirava por aí evitando as pessoas.

Ela já sabia que não obteria uma resposta com tudo o que deveria ser dito. Ele era muito distante, principalmente dela que apesar de estar do mesmo lado era um pouco mais nova - dois anos, na verdade - e o contato dos dois se limitava aos encontros dos seus familiares ou a comunal da Sonserina. Por mais que não fossem realmente íntimos, ele conhecera Daphne e eles haviam sido amigos muito próximos.Ele fora o melhor amigo dela durante toda a sua vida.

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⏰ Última atualização: Jul 03, 2022 ⏰

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