Capítulo Número Três

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Narrando: Lidya Marie Williams

Apartamento dos Williams; Nova York – EUA – Quarta-Feira, 8 de junho de 2016 – 15h07 A.M.

Eu estava sentada no sofá lendo um livro, A Metamorfose de Franz Kafka, um livro um tanto pesado, é sério os vómitos me vieram à boca só de o ler. Mas eu gostava de livros assim, eu nunca fui de me iludir com romances, na verdade, eu leio eles, mas apenas quando estou demasiado triste ou aborrecida e preciso de me animar. É como que um mecanismo de defesa, eu adoro ler livros com algum ensinamento, mas pequenos romances clichés me ajudam a me distrair do que de ruim acontece.

Nathan saiu alegando ter combinado ir no cinema com amigos, estranhei porque raramente vejo meu irmão com alguém a não ser Gary, seu melhor amigo. Gary é exatamente como Nathan, o garoto que se enterra em livros e em videojogos, adora ciência e está altamente pronto para se tornar o próximo Stephen Hawking, claro que, felizmente, sem a parte da esclerose lateral amiotrófica.

Já minha mãe, bom ela está trabalhando no centro de emprego. Ela passa a vida lá, trabalhando, isso realmente me custa. Por falar nisso, eu bem que podia tentar arranjar um emprego, mas quase ninguém oferece emprego decente para alguém com apenas dezassete anos. É injusto eu não poder ajudá-la depois de tudo o que ela fez por mim e por Nathan.

Estou no meio do livro quando ouço o interfone tocar e, logo depois, o porteiro avisar que minha melhor amiga está aqui. Libero sua entrada e, em menos de um minuto, ela já está ali com um sorriso suspeito no rosto. Em segundos ela já está deitada no sofá e eu me sento ao seu lado.

– O que tem para hoje, minha flor? – Ela pergunta.

– Ah Kay, vou ficar em casa, – levanto meu livro para que ela o possa ver, – preciso acabar de ler esse livro.

– Céus, vai fazer dezoito anos ou cinquenta e sete? Pelo menos vá ler "A culpa é das Estrelas" ou algum livro de Nicholas Sparks.

Nós ficamos gargalhando por um tempo, falando de qualquer coisa aleatória que surgia a cada segundo. Algum tempo depois meu irmão chega a casa e se esconde em seu quarto, nem me dou ao trabalho de ir ver o que ele está fazendo, até aposto que está vendo um daqueles filmes de super-heróis ou coisa do tipo.

Depois de uma hora de conversa, Kay e eu paramos quando seu celular. Assim que ela solta um "Oi, meu amor", eu sei que ela está falando com Theo e apenas me afasto em direção à cozinha, onde tiro um copo de água e fico mexendo no celular. Uns cinco minutos se passam e minha melhor amiga vem até mim.

– Vá se arrumar!

– Oi, como é?

– Vem jantar comigo e com Theo, vem! – Minha amiga pede.

– Richard vai? – Pergunto não tirando os olhos do celular e prevendo algum comentário idiota da parte dela e me perguntando porque raio eu fiz essa pergunta.

– Uh, você está falando do irmão gato do meu namorado ainda mais gato? – Ela pisca o olho.

– Kay, eu te amo e adoraria sair com você e Theo, mas eu não nasci para segurar vela, meu amor. – Ela revira seus olhos.

– Tá, tá, Rick vai! Quer dormir lá em casa hoje?

– Ah, não sei. Depende de como eu estiver me sentindo, qualquer coisa eu aviso minha mãe, não há problema de qualquer das formas, ela te ama e confia mais em você do que em mim, e olhe que eu sou a filha.

– Eu sei, eu sou um amorzinho e Dona Charlotte me ama demais! Agora vá se arrumar gatinha, leva algo bonito porque o restaurante é caro!

– Caro? Algum motivo em especial ou só um Heidemann gastando um pouco da sua fortuna?

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