Jake:Quer que eu a ajude arrumar sua bagagem?
Elizabeth:Não é preciso, obrigada. Eu mesmo ajeito. Além do mais você já me ajudou muito.
Jake: Estarei sempre às ordens, para tudo se for necessário.
Ele respondeu, num tom suave,fixando nela aqueles olhos azuis, límpidos como o sol de verão que se iniciava.
Elizabeth:Obrigada mais uma vez, não irei decepciona-lo.
Jake: Acredito nisso, bem agora preciso cuidar de alguns afazeres.
Elizabeth:Está bem.
Jake:Até logo.
Elizabeth:Até.
Elizabeth ficou apoiada no esteio da pequena varanda olhando Jake se afastar e pensou, aquele homem era o mais lindo e carismático que ela já viu,em toda sua vida. Seria fácil se apaixonar por ele. Afastando esse pensamento, ela passou a mão no bolso a procura da chave que o sr Thomas havia lhe dado minutos antes.
Parada em frente a porta ela sentiu uma forte emoção, as suas mãos tremiam no momento em que ela girou a chave.
Então foi como retornar ao passado, a casa continuava exatamente igual a vinte anos atrás, havia somente sido pintada com uma nova cor de tinta.
Com o coração em disparada, ela passou para a pequena sala,mobiliada com móveis antigos, mais muito bem conservado.
Devagar como se andasse sobre solo de cristal, que poderia quebrar a qualquer momento, Elizabeth dirigiu-se ao quarto que foi de sua mãe, ao lado do pequeno quarto que fora seu no passado. No banheiro tinha um armário branco, que ela não conhecia, deveria ser posto ali depois de sua partida. Lá ela encontrou várias toalhas, de banho e de rosto, roupas de cama,e objetos de higiene.
A cozinha dava para o quintal cercada por uma cerca viva,estava exatamente como era no passado.
Voltando para cozinha, ela verificou os armários, e lá ela encontrou loucas,talheres, e também havia alimentos. Que dava para sustentá-la durante todo o verão.
A srta Taylor certamente havia abastecodo,a dispensa de acordo com as ordens do sr Thomas.
Pouco depois sentada em uma cadeira perto da janela principal da sala, Elizabeth deixou que as lembranças viessem,com os olhos fixos na linda paisagem a sua frente, ela reviveu cada momento.
Fechando os olhos ela pode sentir e até ouvira voz da sua mãe lhe chamando."Elizabeth onde você esta?
Mamãe acaba de chegar, e trouxe um amigo para passar a noite em casa. Portanto você pode ficar no seu quarto, estudando, ou lendo um daqueles livros de fadas que você tanto gosta.
Faça isso sim? E pare de reclamar,menina, afinal você já é bastante crescidinha para ficar choramingando como um bebê.Com um profundo suspiro, Elizabeth abriu os olhos, ela olhou ao redor, como se esperasse ver a mãe entrando na sala, de mãos dadas com mais um recente namorado.
Se encostando na cadeira,ela fechou os olhos novamente, então a vós de sua mãe voltou a soar,em algum ponto de sua memória."Elizabeth, mamãe precisa sair,está noite, prometa que será uma boa menina e que não fará nenhuma travessura.
Ora ,o que é isso? você não vai chorar agora ,vai?
Você já fez sete anos,lembra-se? Portanto já tem idade suficiente para ficar em casa, enquanto mamãe se diverte um pouco.
Vo e não é uma menina má, certo?
Não vai querer impedir a mamãe de se distrair,depois de um duro dia de trabalho, não é mesmo?
Agora para de chorar, antes que eu lhe dê umas boas palmadas. Aí sim você vai chorar com razão.
Ei não faça essa carinha triste, sim? Eu estava só brincando. Prometo que quando voltar lhe trarei um doce, e então? O que me diz?".Digo que você não deveria ter me abandonado mamãe, murmurou Elizabeth enquanto uma lágrima furtiva escorria pelo seu lindo rosto.
Porque mamãe? Porque agiu assim?
Elizabeth Perdeu a conta de quantas vezes se fez aquela pergunta. Ela mesma não sabia dizer.
Mas ela podia recordar o dia em que sua mãe foi detida pela polícia, para prestar depoimento na delegacia.
Apavorada Elizabeth mergulha em uma crise de choro. Em vão uma assistente social tentava consolá-la:e levando-a para casa, lhe oferecendo um café da manhã saboroso afim de acalmá-la, com muitas variedades de comidas saborosas. Mas era tudo inútil. Elizabeth só queria uma coisa,naquele momento está com sua mãe.
Num tom suave e paciente a assistente social, explicava lhe que em breve ela poderia ver sua mãe novamente. Mas o que significaria a expressão em breve para uma criança desesperada?
O alívio viria em algumas horas depois. Horas que para Elizabeth mais parecia uma angustiante eternidade.
No meio da tarde,a assistente social anunciara que sua mãe seria solta naquele mesmo dia.
Elizabeth, sorria com lágrimas nos olhos, pois teria sua mãe de volta. Essa certeza lhe abriu até o apetite, e assim Elizabeth fez um lanche caprichado,e comeu tudo para a alegria da assistente social que já estava em conflito por não conseguir fazer aquela pequena comer. Afinal aquela assistente social era uma boa pessoa. E Elizabeth jamais esqueceria aqueles olhos bondosos. E seu empenho em fazê-la se sentir melhor.
O alívio de Elizabeth, começará a transformar em inquietação, quando a noite chegou.
Mamãe já devia estar aqui, ela comentou a beira do choro.
Ora não se preocupe querida, ela deve estar chegando, disse a assistente social com ternura.
Mas as horas passaram, e sua mãe não apareceu.
Elizabeth lembrava que em um dado momento a assistente social ligou para a delegacia, para saber notícias da mãe de Elizabeth.
Mamãe já saiu? Elizabeth perguntou com o coração acelerado.
Já, a assistente falou, mas corrigiu em seguida, quero dizer, não... Ou melhor:na verdade ela está assinando um papéis e...talvez...demore um pouquinho para ela chegar.
Elizabeth não disse nada,mas percebeu que claramente que aquela mulher estava mentindo.
Por volta das oito da noite Elizabeth mergulhou em uma nova crise de choro. A assistente se esforçou para consolá-la, mas no fim teve que falar a verdade para Elizabeth, pois sua mãe após sair da delegacia arrumou suas coisas e foi embora. Ela saiu daquela cidade deixando-a para trás, sem se importar com o que a sua pequena filha estava sentindo. O mais triste foi que Elizabeth teria que ir para uma instituição de caridade, onde ela ficaria a disposição de sua mãe. Quem sabe se a sua mãe não resolveu procurar um bom lugar para vocês ficarem juntas. Daí ela virá te buscar.
Elizabeth, se agarrou naquele fio de esperança, durante os primeiros três dias que passara no orfanato mantido pela prefeitura. Depois ela foi transferida para um orfanato na capital, com o passar do tempo, ela não teve outra opção, senão acertar a triste realidade que sua querida mamãe a abandonou e não iria voltar para te buscar. O sofrimento que Elizabeth passou durante o resto de sua infância, e por toda a sua adolescência, não poderia ser descrito em palavras.
No orfanato onde ela cresceu, em meio a dezenas de outras crianças, recebera uma base material:alimentação, estudos, assistência médica. Mas nunca tivera o que seu coração sensível tanto necessitava, e que poderia resumir em apenas duas palavras, calor humano.
Muitas noites ela ficava debruçada na janela de seu quarto observando o movimento da rua e imaginando como estava sua mãe, e onde ela estaria?! Ela invejava as crianças que passavam com seus pais de mãos dadas, sorrindo, e ela imaginava que não poderia haver amor maior que esse.
Poderia haver felicidade maior do que ter certeza de ser querido, amado, e aceito?
Elizabeth jurava que não.
Ao se tornar adulta, Elizabeth pensava em se tornar assistente social, pois com essa profissão, poderia ajudar muitas crianças, tal como aquela mulher bondosa fez com ela,no momento mais difícil de sua vida.
Mas a carreira de jornalista era mais tentadora, e falava mais alto em seu coração. Assim ela se decidiu, e desde o início não teve dúvidas com respeito a especialização, ela seria repórter investigava. Buscaria a verdade, que tantas vezes lhe foi negada em sua infância. E tentaria ajudar as pessoas com a suas reportagens.
Um dia de manhã Elizabeth leu um anuncio interessante no jornal, : uma universidade do estado, estava oferecendo bolsas para estudantes de comunicações. A concorrência seria difícil, pois a quantidade de candidatos era de vinte para uma única vaga. Mesmo assim ela decidiu tentar, pois não custava nada. Ela se atirou nos estudos de cabeça, com muita garra e determinação, e no final dos exames, ela ficou entre os cinco primeiros colocados. Ela ganhou uma bolsa integral, para estudar, e também uma ajuda de custo.
Pela primeira vez, em sua vida,o destino parecia está conspirando a seu favor.
Cheia de esperança, Elizabeth mudou para a universidade, e logo nos primeiros meses, ela se revelou uma aluna exemplar e brilhante. Ganhou a simpatia dos colegas e professores. Assim, sua auto-estima cresceu, ajudando a se tornar mais confiante, a acreditar que deu o primeiro passo certo em sua vida. No penúltimo ano, ela conseguiu um emprego como estagiária numa importante revista. E essa foi a primeira etapa de sua carreira de sucesso pleno.
Embora ela se sentisse feliz por sua conquista um lugar no cenário das notícias, ela nunca se esqueceu, do objetivo principal de sua carreira e de sua vida,que era reencontrar a sua mãe Margarida.
Continua..
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Quando as emoções estão à flor da pele.
Ficção GeralCom outro nome e outro visual,a repórter Elizabeth retornou a sua cidade,para enterrar seu vergonhoso passado... e também para desvendar os segredos que a assombravam desde a infância. Mas para isso teria de investigar a vida da família. Ryan, ainda...