Uma noite turbulenta
A ventania levava consigo algumas folhas, a colheita era rapidamente pega pela tempestade, sofrendo com a voracidade do clima. As terras eram umedecidas pelas gotas de água, soltas pelas nuvens carregadas em tonalidade acinzentada. O solo fértil explanava seu cheiro de terra molhada, deixando o campo exalando o aroma, ainda que pouco perceptível pela chuva elevada.
Park Jimin, o dono daquela terra, encontrava-se bem abrigado em sua casa de tijolos e concreto. Estava sentado em sua poltrona, até aquela tempestade começar a assustar com as sonoridades agressivas. Tanto dos bateres em suas janelas, como das plantas de seu plantio.
Estava acostumado a lidar com aquela situação, morava ali desde que se conhecia por gente, mas nada o faria ficar menos alarmado naqueles momentos. Ainda que agradecesse pela chuva e o fato de molhar a plantação, nada o fazia ficar agradecido quando era tão violenta, ao ponto de, em vez de só umedecer, bagunçar as repartições tão bem separadas e organizadas.
Deixando sua lareira, aquele redor tão aquecido, foi de encontro até sua janela, avistando a vasta escuridão da cidade, as ruas desertas e poucas casas por perto, na vista que aquele limitado quadrado concebia. Seus dedos encontraram os bolsos da jaqueta de couro felpudo, estava tremendo de frio, além de preocupação.
As coisas só pioravam, sabia que aquela localidade era difícil em formações de outras coisas mais severas, como redemoinhos ou até pior. Sendo assim, tratou de acalmar seu coração agitado, tentando conter todos os pensamentos positivos que ao amanhecer, tudo estaria ensolarado, como se aquela noite nem havia existido.
Suspirando, iria retornar para sua poltrona, para posteriormente deitar na cama. Se não fosse pela vasta luminosidade que cortou o céu, em uma reta fina e, nitidamente, bela. Seu coração acelerou, pois, por segundos, achou ser alguma invasão alienígena ou até coisa pior.
Poderia morar no campo, mas não era desinformado. Tinha plena consciência das pesquisas da Nasa sobre objetos voadores não identificados, até mesmo de outras coisas que poderiam colidir com a terra.
Disparado estava o órgão em seu peito, sua caixa torácica era movimentada rapidamente, pela respiração tão ofegante. Iria morrer ali? Sozinho? Sem ter construído nem uma família? Ainda mais, aos auges de seus 35 anos? Nem mesmo tinha cortejado alguém! Ou pior, nem mesmo tinha cavalgado com sua égua nova. Afinal, seu antigo companheiro de guerra, havia falecido dias atrás. Então, tivera que comprar um cavalo novo, por não ter macho, não hesitou em comprar a fêmea. Ainda mais, era tão linda, que foi paixão a primeira vista.
Ainda assim, como poderia morrer, sem nem ter dado um nome para ela ainda? Não, não, não aceitava aquele fim trágico. Longe de si, longe de qualquer aceitação que poderia vir de sua parte.
As luzes cortantes voltaram, agora em uma chuva. Era rápida, fina e sumia no horizonte. Jimin tentou recordar, de um fenômeno parecido, não desejando ser um cometa que acabasse com o mundo. Vagamente, algumas lembranças foram recordadas, uma matéria no jornal que falava sobre a crença de fazer pedidos ao ver estrelas cadentes e de onde havia surgido tal mito. Assemelhou a imagem do papel, ao que cortava o céu e o deixava mais belo.
Juntando as duas mãos frente ao rosto, fez um pedido.
Aquelas luzes, estrelas cadentes. Que, mesmo em uma tempestade e as nuvens abrangendo quase todo o céu, ainda tiveram uma brecha, para serem admiradas pelo camponês e, assim, tendo-o também pedindo algo para si.
Afastou-se da janela mais calmo, levando a mão ao peito, rindo desacreditado de sua mente fértil. Morrer? Invasão alienígena? Asteróides? Não, não, apenas estrelas cadentes iluminando um belo céu tempestuoso. Sentia que quanto mais a idade aumentava, mais tornava-se ilusório, como se qualquer coisa pudesse ser seu fim ou qualquer coisa fizesse total sentido em sua cabeça. Mesmo sendo uma possibilidade perto do impossível.
Buscou seu manto, residido onde antes sentava, avistou a porta de sua residência, conferindo se estava devidamente trancada, pois iria dormir. Sabia que, em tempos como aqueles, adormecer era o melhor a se fazer, mesmo com um pequeno medo entre suas veias. Apenas, para qualquer problema, durma. Durma e amanhã lide com ele, era sua regra básica. Quando não tinha controle sobre algo, apenas ia para sua casinha, adentrava ao quarto, vestia seu pijama e adormecia. Amanhã tomaria as rédeas da situação.
Uma vez terminando de conferir todas as entradas possíveis de sua casa, foi aos seus aposentos, deixou a manta dobrada sobre sua cômoda, sentindo-se cansado, mas agradecido. A chuva tão agressiva, parecia cessar aos poucos, sendo perceptível apenas pelos chuviscos. Adorava aquelas gotas de água, mas estava em demasia forte para adora-las, já mais calmas, sorriu, deixando de olhar para a janela que continha em seu cômodo, para puxar suas cortinas de crochê.
Era um talento no crochê, sendo, a maioria de suas peças, feitas com tal tecido e manuseio. Aprendera com sua avó, uma mulher cheia de si, amorosa sem limites, dona das comidas mais saborosas e sorrisos mais acolhedores. Nunca a esqueceria, pois dela que veio suas atitudes mais belas e aprendizados. A colheita, no entanto, foi algo herdado de seu avô, não por escolha sua, apenas teve essa condição de vida e a aceitou. Sentindo-se, ainda assim, grato por ter um lar e o que se sustentar.
Deixando-se despertar dos devaneios, retirou a roupa pesada que vestia, vestimenta própria para cavalgar, pois planejava sair com sua égua por suas terras e ver a situação dos frutos antes plantados. Até a tempestade começar. Tinha certeza que o animal de pelo branco misto ao marrom de suas patas, estava bem no estábulo. Uma vez que tinha certeza que, aquele lugar, era mais resistente do que as casas presentes naquela vizinhança.
As construções de hoje, em sua opinião, não chegaria aos pés das antigas. Onde o trabalho era árduo, sem trambiques na composição, tudo minuciosamente feito, sem material fraco ou ter que pegar o mais rabugento, por não ter dinheiro suficiente.
Ter herdado cada partícula daquelas terras e suas construções, não era só sinônimo de vitória, era viver um cenário antigo, onde já tivera marcas de gerações passadas, mas ali estava ele para tornar aquele lugar mais especial.
Só precisava sair do comodismo de sua existência.
Retirou as peças pesadas, deixando-as em um canto de seu armário feito em madeira polida e verniz para realçar o brilho daquela. Buscou pegar as roupas aquecidas, mas ainda assim confortáveis, para logo deitar-se na cama. Seu sono pesou suas pálpebras, carregando seu âmago para os sonhos.
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🌠Notas🌠
Olá, gente!
Está aqui é uma fic que postei meses atrás, mas apaguei por falta de coragem. Então retomei ela, postando seu início, sem data prevista para atualizações.Queria dar boas vindas e agradecer por ter lido este prólogo, espero que tenha ficado ao seu agrado!
Um abraço enorme, minhas estrelas cadentes!
Até a próxima. 🌼
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Meu Pedido ʸᵒᵒⁿᵐⁱⁿ
RomansLongfic ☄️ Yg!bottom |🌃| Jm!top Quando finos flashs de luz cortaram o céu vasto de nuvens escuras, Jimin fez seu pedido. Uma família para sua vida monótona. ----🌠---- 🎖️#1 estrelacadente (01/06/2023) 🎖️#8 yoonmin (07/10/2024)