xvii. ᴇᴛ ᴠᴀᴄᴜᴜɴ [Att.]

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[Atualizado]

A lua vermelha se erguia colossal sobre a vidraça do Conselho de Piltover, lançando sua luz sangrenta sobre o ambiente. Jayce aguardava, nervoso, pela chegada de Viktor. Precisava dele não apenas para apoio, mas também como exemplo para seu discurso. Contudo, havia algo no ar que o inquietava, uma sensação desconfortável que ele não conseguia ignorar.

Viktor desceu do veículo com uma calma calculada, sua postura rígida contrastando com a expressão cansada e tensa em seu rosto. Seus olhos estavam baixos, a mente distorcida pelo estresse acumulado. O peso dos últimos dias era visível em sua saúde, deteriorada pela pressão incessante, mas ele ainda tentava manter o controle.

ㅤ— Por aqui, senhor — disse um dos defensores, guiando Viktor para uma porta ao lado da entrada principal, levando-o até a sala dos conselheiros. Viktor ouvia Jayce falar sobre uma conversa com Silco, sobre o tratado de paz entre os Lados, mas sua mente estava longe, absorvida por pensamentos desconexos. Ele apoiou-se com mais força na muleta, pedindo a Jayce para seguir à frente. Não queria companhia, não queria ninguém por perto. Precisava estar sozinho, como sempre.

Enquanto subia os degraus da entrada, uma sensação estranha tomou conta de Viktor. No fundo do corredor, quase inaudível, um ranger agudo cortou o ar. Não havia maquinas ligadas naquele horário em Piltover, nem qualquer outro aparelho que pudesse produzir tal som. Seus olhos se moveram inquietos, olhando para os prédios ao redor, buscando uma explicação. Foi então que os viu. No topo de um dos edifícios, uma figura sombria se destacava contra o céu. Seu olho violeta se encontraram com os dourados de Viktor, um brilho quase predatório refletindo na luz da lua vermelha. A figura, com uma perna pendendo sobre o telhado e um braço metálico repousando no joelho, não se mexeu. Viktor sentiu um calafrio. Não precisava de mais confirmação. O Chacal estava ali, observando.

Engoliu em seco e se virou para seguir Jayce, que o chamava para dentro. A sala, banhada em tons avermelhados, trazia uma tensão palpável. Os conselheiros e defensores estavam visivelmente nervosos, ansiosos. O peso do momento se fazia presente.

ㅤ— Conselheiros — começou Jayce, já em pé, sua voz firme. — Minhas ações recentes no submundo me mostraram duas coisas: não estou apto a governar as pessoas que moram lá, e nem a governar vocês. Nossa chance de mostrar compaixão, dedicação e solidariedade já passou — disse ele com seriedade, encarando a sala. — Estão certos em não confiar em nós.

Kireman, a conselheira de cabelos escuros, franziu o rosto e falou com cautela:

ㅤ— Você está tomando um caminho perigoso, Jayce.

Jayce a ignorou por completo, sua voz fria:

ㅤ— Senhora, com o perdão da palavra, mas eu tô pouco me fodendo com o que pensam de mim. A não ser você. — Ele se virou para Medarda, que estava ao seu lado direito. — Você estava certa. Sempre esteve.

Os outros conselheiros trocaram olhares desconfortáveis, ofendidos pela falta de respeito, mas Jayce parecia alheio à reação deles, determinado em sua postura.

ㅤ— Meus dias aqui estão contados. Mas hoje, trouxe Viktor, meu sócio e um zaunita, com uma proposta final. — Ele apontou para Viktor, sentado ao lado, com um olhar pesado. — Infelizmente, Eden não pôde vir, mas ele já nos avisou dos perigos... Ele pagou com sua vida, e nós falhamos com ele. Não podemos mais falhar.

Viktor, que estava em silêncio, segurando a muleta com a mão modificada, vestida por uma luva preta, olhou para baixo. Sua expressão estava vazia, mas, antes que seu nome fosse chamado, ele ergueu a cabeça. Pela janela, observava Jayce falar, mas seu olhar também se fixava em algo mais. Lá, sentado em um telhado distante, um ponto violeta brilhava na escuridão, observando-o. Ele sentiu uma onda de frustração e raiva. Ninguém tinha notado a presença de seu parceiro, mas Viktor não podia ignorar.

Iɴғɪɴɪᴛʏ。ー AʀᴄᴀɴᴇOnde histórias criam vida. Descubra agora