Capitulo 8

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Quase uma semana se passou e nada de Trace me ligar ou mandar mensagem. Não a vejo mais com tanta frequencia no colégio. Abby e eu começamos a sair mais juntas, começei a conhece-la melhor e percebi que apesar de sua história não ser tão incrível, ela ainda é feliz. Certo dia quando fomos a um barzinho calmo para espairecer um pouco, Abby me contou sua história.
- Bom, eu nasci prematura e com o ombro quebrado, fiquei alguns meses internada no hospital. Passaram-se uns três anos e meus pais se separaram, meu pai ficou muito pertubado com tudo o que estava acontecendo e se matou, minha mãe entrou em depressão profunda. Acabei por ser criada pela minha avó. Com meus quinze anos conheci Matt. Era tarde da noite e eu estava voltando para casa depois de uma festa quando escutei um barulho alto e depois sons de pneu. Olhei para a esquina e o vi la deitado com uma poça enorme de sangue em toda sua volta. Liguei para a emergência que foi buscá-lo o mais rápido possivel. Começei a visita-lo com frequência no hospital e então começamos a namorar. Mas Matt mexe com drogas, ele levou o tiro porque se recusou a vender droga para um cara do qual ele não gosta. - Finalizou Abby.
- E com tudo isso que aconteceu e acontece na sua vida, você é feliz? - Perguntei.
- Sou incrivelmente feliz. - Fiquei impressionada com sua resposta, mesmo depois de tanto ocorrido em sua vida, Abby consegue sorrir e seguir em frente. Me levanto de minha cama e me deixo levar pelas palavras que Abby usou com tanta certeza aquele dia. É um fim de tarde de sábado então decido ir á praia, não está tão quente, mas será agradável. Luce e eu fizemos as pazes algumas horas depois da nossa briga. Coloco uma roupa casual e ligo para Luce.
- Oi Halz, o que manda?
- Ta ocupada?
- Não, terminei de arruma minha casa agora, porque? - Diz Luce deixando algo de vidro quebrar.
- Você pode me levar a praia? Queria ficar lá um tempo.
- Ah, claro. Eu queria dar uma passada la hoje. Já chego ai.
- Ok. - Desligo o celular e a espero na sala. Mamãe saiu para jantar com suas amigas e depois vai para alguma festa, talvez fique fora a noite inteira, então tenho a casa só pra mim essa noite.

Dez minutos depois...

Luce buzinou lá fora, peguei minhas coisas e as chaves. Tranquei a porta e corri até seu carro. Luce me abraça logo em seguida.
- Bora gatinha?
- Bora! - Disse levantando os braços pro ar em sinal de entusiasmo. - Pé na tábua. - Coloquei uma música alegre e fomos cantarolando-a até a praia. A praia estava vazia, ninguém tinha feito uma fogueira e chamado os amigos para assar marsmelow e tocar violão, não haviam crianças correndo atrás de seu cachorro até seus pais, que por sua vez estariam sentados e abraçados na areia contemplando o lindo e alaranjado por do sol. Estava tão deserta que nem parecia um fim de tarde de sábado. Luce estacionou seu carro próximo ao local onde ficaríamos e pegou um leçol xadrez em branco e vermelho e uma cesta de piqnic. Estendi a toalha o mais próximo da água e cuidando para não nos molhar. Luce tirou várias comidas gostosas. Peguei um pouco de suco de laranja e um sanduíche de atum.
- E então, Trace já ligou pra você? - Luce perguntou antes de abocanhar quase por completo seu sanduíche.
- Não, acho que ela não me quer de volta mesmo, tava demorando pra ela enjoar de mim.
- Para com isso, ninguém se enjoa de você, é impossível. - Luce sorri e encara o horizonte, faço o mesmo. Ficamos comendo e conversando até que a maré subiu de mais e nos molhou toda.
- Corre Luce! - Gritei tentando pegar nossas coisas, Luce estava rindo tanto que tropeçou e caiu toda molhada na areia, sujando toda sua roupa. Luce queria ir embora pra tomar banho mas acabei ficando, queria ir ao meu lugar na praia, ficar um tempo sozinha. Já era quase nove da noite, as ruas que antes estavam movimentadas, agora nem uma bola de palha seca ousava passar por ela. Peguei meu tênis molhado com as mãos e segui para as árvores. Ouvi passos rápidos e algumas risadas atrás de mim, começei a andar mais devagar para que as pessoas passasem por mim, para me deixar sozinha novamente. Três homens passaram por mim, mas pararam na minha frente, tentei desviar o caminho, me virei para voltar e mais três homens me cercavam por trás.
- Quer passar gatinha? - Disse o homem mais alto na minha frente.
- Não está obvio pra você o que eu quero? - Disse tentando não demonstrar medo.
- Que isso garota - O homem me empurra e caio no chão, não demou muito e senti um chute no meu estômago. Os homens estavam me chutando e me xingando.
- Sua sapatona vadia!
- Você deveria morrer! - Eles repetiam essas palavras no mesmo rítimo em que seus pés alcançavam meu corpo, consegui pegar o pé de um dos homens e o derrubei. Consegui me levantar e tentei correr mas estava muito machucada e cai. Os homens começaram a rir. O qual eu derrubei me levantou pelo pescoço, me sufocando. Depois me virou de costas para ele e segurou meus braços. Os outros homens revezavam para socar meu rosto e meu estômago. Chutei algumas vezes mas minhas forças tinham acabado, estava quase ficando sem voz pra gritar, acabei pensando em como Trace sairia dessa situação, acabei me lembrando de algo que ela me disse: "Quando o medo e o cançasso chegar até você, bata nele até ele desistir e ir embora." E foi o que eu fiz, peguei todas as forças que ainda me restava e começei a chutar meu medo. Pisei com toda força no pé do cara que me segurava, ele afroxou o braço e então eu dei uma cotovelada em seu peito, me virei e chutei suas partes baixas. Me virei para os outros que vinham para minha direção, soquei a cara de um baixinho, puxei seu cabelo e dei uma joelhada em seu nariz. Os outros vieram até mim, consegui socar o estomago de um, mas os outros me derrubaram. Ouvi uma voz feminina gritar e um dos caras cair, alguém estava me ajudando. Chutei um dos caras e me levantei. Puxei um deles pela blusa e chutei atrás de seu joelho fazendo-o cair e então eu chutei seu estômago, chutei com gosto. Olhei para a garota que estava de costas pra mim, não precisava nem ver seu rosto pra saber quem era, seu cabelo liso caido nas costas entregava tudo Trace se virou e me olhou, eu estava suando e sangue escorria pelo meu rosto, não consegui ficar parada por muito tempo, chutaram tanto a minha costela direita que parece ter machucado feio. Me ajoelho na areia, Trace corre até mim, me levanta e me ajuda a andar até seu carro. Fomos em silêncio até minha casa. Trace me ajudou a chegar até meu quarto, deitei em minha cama.
- Cade sua Mãe? - Trace finalmente diz enquanto procura primeiros socorros.
- Ela saiu, não vai dormir em casa hoje. Esta ali Trace. - Aponto para uma bolsinha branca escrita "primeiros socorros". Trace senta ao meu lado e começa a limpar meus ferimentos. Me perco em seu rosto, senti tanta falta dos seus olhos, da sua boca, do seu pequeno nariz. Trace parecia estar séria, mas vi um pequeno sorriso em sua boca.
- O que foi? - Pergunto.
- Nada não. - Trace estampa um lindo sorriso.
- Fala logo Trace, aiii. - Tento me sentar mas minhas costas doem muito.
- Não senta Halz. Eu tava lembrando de você batendo naqueles caras.
- Bom, eu tentei me defender né, aliás, o que você estava fazendo lá? - Perguntei enquanto Trace limpa um ferimento em minha boca.
- Eu estava no lugar secreto, começei a ir la todo dia, pensei que talvez você iria la, mas você não apareceu. - Trace vai até o banheiro, escuto o chuveiro abrir. ''Trace foi tomar banho?"
Alguns segundos depois ela aparece com uma bacia de água quente.
- Vira de costas, isso vai ajudar a diminuir a dor. - Fiz o que Trace pediu e me virei, ela colocou um pano úmido onde estava doendo e o calor da água fez a dor diminuir.
- Já volto. - Trace se levanta e sai sem olhar pra trás. Minhas costas ja estavam bem menos dolorida.

Quinze minutos depois...

Trace aparece na porta com dois sacos do Subway e dois copos com coca cola.
- Trouxe pra você, deve estar com fome. - Eu estava morrendo de fome. Me virei e sentei na cama.
- Como que tá as costas? - Trace Pergunta me entregando o lanche e o refrigerante.
- Ta muito melhor, obrigada Trace, obrigada mesmo. Depois de tudo o que aconteceu...
- Hey, aquilo já passou tá? Agora come seu lanche e depois vá dormir, você deve estar muito cançada. - Fiz que sim com a cabeça e devorei meu lanche. Depois tomei uma aspirina e antes de eu cair no sono, Trace me deu um beijo na testa e se sentou em uma poltrona, perto da cama. Acabei adormeçendo mais rápido do que esperava.

Hazel & Trace (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora