Ruined Proposal (MatchaBlossom)

Capítulo Único

O sol havia acabado de nascer no horizonte. O breu da noite era quebrado aos poucos, à medida que os raios saiam. Era inverno, embora não estivesse tão frio quanto de costume. Sakurayashiki abria os olhos com dificuldade e se sentava sobre a cama, como forma de se forçar a levantar. Piscou algumas vezes e mirou o chão por alguns minutos. Respirou fundo e começou a reunir coragem para ficar de pé, mas, antes que pudesse fazê-lo, sentiu dois braços o envolverem e puxá-lo de volta para o colchão. Pela surpresa, arregalou os olhos e até deixou escapar um pequeno grito, que se dissipou pelo ambiente logo depois. Caiu de costas contra o colchão e repreendeu seu "sequestrador":

- Kojiro!! - disse, se sentindo mais desperto. Olhou para o rapaz de cabelos verdes, posicionado acima de si. Nanjo mantinha um sorriso travesso nos lábios e brincou um pouco com o rosado antes de beijá-lo e espalhar selinhos pela superfície de seu rosto e pescoço. Kaoru se permitiu rir em meio àqueles mimos. - Alguém acordou animado hoje... - disse se referindo à energia do esverdeado.

- É impossível acordar de mau humor quando durmo com você. - Nanjo flertou.

Haviam passado mais uma noite juntos na casa do rosado. Apesar de terem dormido tarde, se sentiam bem mais revigorados quando dormiam nos braços um do outro, dividindo e roubando cobertas, acordando no meio da noite e trocando cafuné. As noites que passavam juntos eram, sem dúvida, os momentos mais esperados de suas semanas. Sentiam que podiam ser verdadeiros com seus sentimentos e se sentir bem, na mesma medida que faziam um ao outro feliz.

Viviam essa mesma rotina há anos, fugindo de compromissos ou inventando qualquer tipo de desculpa para que pudessem se ver. Não era segredo para ninguém que estavam juntos, embora os dois fossem mais carinhosos um com o outro quando estavam sozinhos. Kojiro amava tudo em relação a Sakurayashiki, desde seu cheiro até o som de sua respiração pesada quando adormecia. Beijaria aquele rosto pelo resto de sua vida, se pudesse.

Os cabelos do rosado estavam ligeiramente bagunçados, mas lhe caíam muito bem. Cherry vestia uma das camisas de Kojiro (a mesma que tinha feito questão de arrancar fora na noite anterior) e uma cueca preta, compondo o típico visual de "acabei de passar a noite com alguém". Nanjo, por outro lado, se contentava em ficar sem roupas. Era assim que dormiam, na maioria das vezes, e se acostumaram a passar noites daquele jeito.

Kojiro encarou aqueles olhos amarelos que tanto amava e agarrou as costas alheias, puxando o rosado para mais próximo de si enquanto o beijava. Sakurayashiki deixava alguns sons de satisfação escaparem de sua boca enquanto seus dedos se afundavam nos fios de cabelo esverdeados de Nanjo. Enrolou suas pernas em volta da cintura alheia e aproveitou o momento, até que Joe se desvencilhou sem nenhum aviso prévio.

Kaoru olhou para seu amado, um pouco confuso, se perguntando se havia acontecido alguma coisa. Na verdade, Kojiro só queria ver seu rosto. Olhou para cada detalhe, como se fosse vê-lo pela última vez e levou sua destra até a bochecha alheia antes de olhar em seus olhos e dizer:

- Eu te amo.

O rosto de Cherry se iluminou. Pareceu um pouco surpreso por uma declaração daquelas ter vindo de maneira tão repentina, mas deixou seus pensamentos de lado e beijou os lábios do esverdeado com toda a ternura e amor que pudesse expressar em um beijo. Ao final, se separou e sorriu de forma tímida.

- Eu também te amo. - retribuiu.

Seus olhares se cruzaram e, durante um momento, pareceu que todo o universo havia parado. Um clima diferente tomou conta daquele quarto, diferente de tudo o que haviam partilhado até então. Era como se o peito dos skatistas gritasse um pelo outro. Uma sensação que fazia seus corpos formigarem e se sentissem tão extasiados que não conseguissem dizer mais nada. Nanjo sentia que seu coração poderia explodir e, caso aquilo acontecesse, ele cataria os pedaços e os entregaria à Cherry. Amava aquele homem mais do que qualquer coisa; era um amor maior do que todos os outros, algo que nunca havia presenciado. Seu peito gritava por ele e, em um momento quase inevitável e tão natural quanto o nascer do sol, as seguintes palavras escapuliram de sua boca:

- Casa comigo, Kaoru...

Os olhos de Cherry se arregalaram e seu peito subiu. A sensação era que o momento havia sido totalmente estilhaçado, como se tivesse caído em encontro ao solo. O rosado se livrou das cobertas com rapidez e empurrou o esverdeado para longe.

- Merda, Kojiro!!! - disse se levantando da cama.

Ele parecia... Bravo? Estava bravo por ter sido pedido em casamento? Kojiro não conseguia ver lógica naquilo. O rosado foi até seu armário e começou a revirar algumas gavetas. Nanjo desviou o olhar, não pôde deixar de se sentir um pouco triste.

- Desculpa... - disse com voz trêmula. - Eu não achei que você fosse reagir assim...

Sua fala foi interrompida quando Kaoru se voltou para o rapaz e estendeu uma pequena bolsa em sua direção. Kojiro observou a sacola e hesitou durante alguns segundos, mas era nítido que o rosado queria que ele a pegasse. Tomou a sacola em mãos e espiou seu interior, sem acreditar no que viu. Colocou sua mão lá dentro e retirou uma pequena caixinha preta aveludada, pouco menor que a palma de sua mão. Não precisava abrir para saber o que havia ali dentro. Levantou os olhos e mirou o rosado.

- Eu ia pedir semana que vem, quando fôssemos ao festival de inverno. - ele disse esfregando os olhos em frustração por ter perdido a chance de fazer o pedido.

Kojiro deixou um largo e brilhante sorriso se formar em seu rosto e, ignorando a frustração alheia, se levantou da cama e correu em direção ao rosado, agarrando-o pela cintura e tirando-o do chão.

- Kojiro!! Me põe no chão! - dizia se agarrando ao corpo alheio, com medo de que o esverdeado o deixasse cair. Nanjo ignorou seu desespero e jogou o rapaz na cama, beijando seus lábios apaixonadamente enquanto tentava parar de sorrir ao menos por um instante. O abraçou e o encheu de beijos enquanto rolavam por aquelas cobertas e não se desvencilhou até que o rosado se desse por vencido e cedesse ao seu toque.

E, após uma longa e brincalhona sessão de amassos, Kojiro se afastou e mirou alegremente o rapaz preso entre seus braços. Kaoru estava de melhor humor, mas mesmo com um sorriso estampado no rosto, revirou os olhos e tentou fazer birra:

- Você estragou meu pedido de casamento. - disse fazendo uma expressão infantil. Nanjo riu e se afastou, olhando em volta da cama para, no fim, pegar a caixinha aveludada novamente.

- Se ainda quiser pedir... - começou manhoso, abrindo a caixa diante do rosto de Kaoru. - ...minha resposta é sim.

Cherry olhou para ele de soslaio, como se estivesse tentando se fazer de difícil, mas, no fim, tomou a caixa do esverdeado. Colocou um anel no próprio dedo e, em seguida, agarrou a destra alheia.

- Então... - ele começou, fazendo uma pausa dramática para colocar o anel. - Agora você é meu pelo resto de nossas vidas. - disse com um olhar ameaçador.

- Digo o mesmo. - Nanjo respondeu entrelaçando suas mãos. - E com muito prazer. - disse se aproximando do rosto alheio e vendo o rosado abrir um sorriso na medida em que seus lábios se aproximavam.

Não fora o pedido que Kaoru havia planejado (até porque, no pedido ideal, Kojiro estaria usando calças) mas, de qualquer forma, Cherry não conseguia esconder sua felicidade, ainda mais agora que estava noivo do homem que tanto amava.

Kojiro selou seus lábios e suas línguas se entrelaçaram, dançando em um ritmo contínuo. As mãos do rosado percorreram as costas alheias, puxando Kojiro para mais perto. A troca de saliva se estendeu até Nanjo chamar a atenção de Sakurayashiki, como um sinal de que queria dizer algo. O rosado se afastou alguns centímetros, mas permaneceu agarrado ao rapaz. Kojiro tomou um pouco de ar e começou a dizer:

- Então... Já que estamos na cama... - ele dizia pausadamente enquanto suas mãos passeavam pelas coxas do rosado. - Quer comemorar o nosso noivado? - perguntou com uma voz propositalmente sexy.

- Pelo amor de Deus, mal amanheceu.

- Isso é um "não"? - Nanjo perguntou inclinando a cabeça. Sakurayashiki desviou o olhar e terminou mirando a mão grande e musculosa que segurava firmemente sua coxa. Ponderou durante alguns segundos.

- Não é um "não"...