E Cá Estamos Nós

•PRÓLOGO•

                                -Para todos que já sofreram  por amor e nem sempre fizeram as melhores escolhas

   

Duas crianças brincavam na cozinha com os utensílios de sua mãe. Vênus e Lennon eram inseparáveis, onde um estava, o outro sempre estava junto.

Os dois irmãos, que eram apenas 3 anos de diferença, se davam muito bem. A mãe recomendou que os filhos ficassem longe do fogão, mas eles não cumpriram o que os foi pedido, então a mãe pediu para Vênus, a mais velha, ficar de olho em seu irmão.

- Cansei, quero brincar de outra coisa! - reclamou Lennon.

Vênus, vendo que o irmão já estava estressado e não queria mais brincar de cozinha, pensou no que fazer.

- Quer brincar de esconde-esconde? Você pode se esconder.- sugeriu Vênus.

-Fechado!

Afim de cumprir a promessa, Vênus foi para a sala de estar, e contou até que Lennon se escondesse. Porém quando foi procurá-lo, percebeu que não o estava achando.

-Lennon?- chamou Vênus - Lennon, não me assuste assim, sabe que não gosto desse tipo de brincadeira.

Porém, conforme foram passando os minutos, Vênus percebeu a falta do irmão, e começou a procurá-lo. Até que foi para a cozinha.

-Lennon, você está aqui? - perguntou a garota, com um ar de preocupação.

Ela começou a ouvir uma voz, a qual seguiu até que chegasse em um ponto da cozinha, onde de um lado havia um armário e do outro, o fogão.

-Vênus, me ajude! Vênus!.

Nervosa, a mesma foi procurá-lo no armário, enquanto torcia para que o irmão estivesse lá e apenas tinha ficado  preso. Mas quando abriu o móvel, entrou em choque. Lennon não estava lá.

Automaticamente, Vênus foi até o fogão  e ouviu mais uma vez as súplicas do irmão.

-Por favor, Vênus.- implorava o garoto.

A garota começou a chorar, desesperada. Ela não havia entendido porque sua mãe pediu para que não ficassem perto do fogão, até que percebeu que a mais velha estava assando massa de bolo no forno, para o aniversário de Vênus que seria no dia seguinte.

-Aguente firme, Lennon, vou te tirar daí - disse a garota.

Porém quando tentou abrir o forno, a porta estava emperrada. A menina empalideceu.

-Vênus, Vênus, VÊNUS!- gritava o garoto, desesperado.

Mais nervosa ainda, a garota não soube o que fazer, então começou a gritar pela mãe. Que chegou quase na mesma hora.

- O que está acontecendo, querida? Por que está gritando?

A mãe, percebendo os gritos do filho de dentro do forno, tentou imediatamente abrir o forno, que como com Vênus, não abriu, estava realmente emperrada. A mãe então desligou o forno, mas já era tarde demais, pararam de ouvir a voz de Lennon.

Quando enfim conseguiram abrir o forno, com a ajuda de uma serra, encontraram Lennon desacordado. Ele estava machucado, e apartir desse momento foi uma grande luta contra o tempo.

O pai das crianças estava trabalhando, então a mãe, sozinha, ligou para a ambulância, que chegou rapidamente após receber o chamado.

Já era o outro dia, o aniversário de Vênus, a madrugada de um domingo, que antes achavam que seria tranquilo.

Vênus esperava seus pais, enquanto estava sentada em uma cadeira, com os olhos cheios de lágrima, mas desesperada demais para chorar. A única coisa que importava para ela no momento era o bem estar de Lennon.

Seus pais estavam voltando, mas não estavam com uma expressão agradável. Se ao menos ela tivesse ficado de olho em Lennon, como a mãe deles havia solicitado, não estariam no hospital e seu irmão estaria em casa, seguro.

Mas bastou uma frase dita por seu pai, que a fez desmoronar. "Ele não resistiu".

Lennon ficou com noventa porcento do corpo queimado. Vênus sabia que a culpa era dela, e teria que conviver com essa culpa pelo resto de sua vida.

- Querida, não é culpa sua, está tudo bem. Lennon agora é uma estrela, e sempre irá te proteger.

Era mentira, Vênus sabia que era. Ela era culpada, e nada ia fazer ela mudar seu pensamento. Por um momento, ela achou que deveria ter ido no lugar de Lennon, como uma punição para sua falta de atenção. Ela estava decepcionada com ela mesma.