E Cá Estamos Nós

•CAPÍTULO TRÊS - O JANTAR•

Após chegar em casa, a primeira coisa que fiz foi tomar um banho pois por conta do passeio de skate, eu estava ensopada de suor. Andei por um pouco mais de trinta minutos e o clima estava com um calor de por volta trinta graus celsius, e ao chegar em casa, felizmente consegui me banhar e me arrumar antes dos meus pais chegarem.

Quando eles enfim voltaram - um pouco mais de dez minutos após eu finalizar o banho - estavam super animados, não tinha entendido o motivo. Mas o momento foi interrompido ao perceberem a sala, que antes estava cheia de caixas, agora estava vazia, apenas com os móveis comuns de uma sala de estar

- Vênus, querida. Onde foram parar todas as caixas que estavam na sala? Não me diga que você.... Você as guardou? - questionou minha mãe, com uma expressão de choque. Ela não conseguia acreditar na coragem que eu havia tido, pois sabia como Lennon mexia comigo.

- Sim, mãe, fui eu. - respondi a mais velha, já sabendo o que estava por vir

Minha mãe se aproximou com um olhar emocionado e percebi que ela estava quase chorando, apenas não consegui identificar o porquê.

- Ah, meu amor, você não precisava. Sei o quanto essa história mexe com você. Deveria ter deixado as caixas aí, eu e seu pai guardaríamos e... - ela suspirou e começou a chorar - filha, me desculpe

Imaginei que isso ia acontecer. Meus pais sempre tentavam me proteger, e reconheço que eles só queriam me proteger, porém não conseguiriam me proteger de tudo

- Mãe, está tudo bem. Eu estou bem. - e pela primeira vez falei isso verdadeiramente.

A mais velha enfim me abraçou e eu a consolei, odiava vê-la chorar, mas infelizmente isso acontecia mais frequentemente do que eu gostaria, e na maioria das vezes, a causa seria eu e Lennon.

Percebi a falta de meu pai no diálogo, e também não estava escutando sua voz em qualquer lugar da casa.

- Mãe, onde está meu pai?

- Ah, querida, sobre isso... Hoje teremos um jantar de boas vindas na casa de uns amigos de seu pai, com quem ele pretende fechar negócio. Ele foi lá para ajudar na organização. Eles tem dois filhos, então você terá com quem conversar.

Um jantar, que ótimo...

                                                          B         Horas depois

Era cerca de sete e meia da noite. Meu pai já havia voltado para casa, e estávamos prontos a caminho do jantar. Eu como sempre vestia minha blusa xadrez, cropped preto e saia jeans.

Estava com fone de ouvido, o qual tocava 'SNAP' de Rosa Linn. Tudo o que eu queria era estar em casa ouvindo música no quarto, lendo ou andando de skate. Ah, o skate...

Alguns minutos depois, já estavamos na casa dos Willians, não era uma casa, e sim uma mansão. Fiquei admirada com o tamanho e beleza da mesma. Logo que saímos do carro, os moradores estavam nos esperando do lado de fora da porta de entrada.

O homem era alto, careca e magro. A mulher, que imaginei ser sua esposa, era loira, muito bonita e se vestia encantadoramente bem. E mais ao canto, estavam os filhos do casal. com cabelos morenos e muito bonitos, os quais pouco tempo depois mudariam minha vida.

- Boa noite, como vocês estão? Fiquem a vontade, sou a Cherry - disse a mulher mais velha.

Todos nos cumprimentamos, menos os filhos do casal, que pareciam ser tímidos, ou apenas na deles mesmo. Por um breve momento me senti uma intrusa, como se eu estivesse invadindo o espaço deles. Não gostaria que fizessem o mesmo comigo, então resolvi ficar quieta e não incomodá-los.

Entrei dentro da residência, e seu interior era quase tão belo quanto o exterior. Era decorado com móveis modernos, e provavelmente caros também.

Era a hora do jantar, Bangers and Mash, prato típico de Londres, que seria como salsicha e purê de batata. Estava com uma cara ótima, seu gosto era divino, um dos melhores pratos que já comi.

Ainda estava quieta, quando de repente percebo o olhar de um dos filhos dos Willians. O garoto bonito, alto e com hipnotizantes olhos azuis me encarava do outro lado da mesa, tentei ao máximo parecer tranquila, pois olhares me desconfortam. 

A fim de quebrar o silêncio, Cherry Willians disse para a filha:

- Katherine, querida, por que não leva Venus ao seu quarto?

A garota aparentemente irritada protestou com o olhar, mas como não queria desobedecer sua mãe, levantou e me chamou para o andar de cima.

Estávamos em um silêncio desconfortável, eu não tinha o que falar, e aparentemente ela também. Depois de uma caminhada consideravelmente longa para uma casa, chegamos ao quarto de Katherine.

- Fique a vontade, só não quebre nada, e não pegue minhas coisas sem permissão.

Era um verdadeiro quarto dos sonhos. A cama com tecidos presos à cabeceira, e logo ao lado havia o closet, cheio de espelhos e muito decorado com posters, fotos e discos.

- Enfim, Venus não é? Gostaria de fazer alguma coisa?

Olhei para Katherine e a garota estava sorridente repentinamente. Então soube. Soube que ela não estava sentindo sua privacidade invadida, mas sim sentia-se sozinha, apenas estava com medo de quem eu era, pois já havia acontecido algo ruim com ela alguma vez.

Eu e ela conversamos muito. Descobri que ela era gêmea de seu irmão, que parecia ser mais velho que a garota. O mesmo que ficou me encarando o jantar inteiro. Também descobri seu nome, Ryan.

E é assim que minha vida repentinamente começa a mudar, mas dessa vez ela mudaria para sempre.