the last time

1.5K 104 89
                                    

Steve estava chorando, sentado em minha cama. Eu havia quebrado sua confiança. Não podia acreditar nisso.

- Steve, me perdoa.

- Não, Munson. Chega das suas desculpas. Agora você passou dos limites.

Eu estava arrasado. Tinha perdido o amor da minha vida pra sempre. A pior coisa que já fiz foi oque fiz com ele.

- Posso te levar pra casa pelo menos? Uma última vez. Eu só te peço isso.

- Você sabe qual é o pior? É que eu te amo.

Agora eu já tinha deixado meu orgulho de lado e soltado as lágrimas que estava segurando.

Ele pegou seu casaco e saiu rápido do trailer. Eu peguei minha jaqueta e vesti, logo pegando minha chave e indo até o carro.

Eu entrei no carro e Steve estava mudo. Oque era raro. Eu realmente tinha estragado tudo.

Quando passamos pelo centro vimos uma total histeria. Pessoas desesperadas, correndo de um lado ao outro. Foi muito estranho.

Cheguei na frente da porta da casa de Steve e ele saiu do carro irritado. Eu o segui e antes que ele entrasse falei:

- Me perdoa, Steve. Não sei viver sem viver. Eu te amo.

- Desiste, Eddie. Acabou.

- Pode me dar um último beijo?

Steve me olhou com os olhos marejados e claramente se segurando para não chorar.

- Não.

E quando ele terminou sua sentença, o chão tremeu e uma grande explosão pode ser escutada. As pessoas então voltaram a gritar. Ele me puxou então para dentro de sua casa. Sua mãe vai o noticiário.

"O mundo está em pânico. Um grupo de cometas vem em direção a terra. Não acertarão em seu tamanho de órbita, mas farão grande estrago e devem exterminar boa parte do planeta. Perigo extremo para a América do Norte, do Sul e parte da Europa.
Se protejam. Tentem sobreviver. Foi um prazer servir vocês por todos esses anos. Talvez esse seja meu adeus"

A mãe de Steve estava desesperada e em prantos. Eu estava em completo choque. Mal conseguia reagir a tudo que haviam dito. Parte do mundo ia morrer. Milhões iriam morrer. Não era justo.

Corri para fora e tentei entrar no meu carro quando Steve saiu.

- ESTÁ MALUCO, EDDIE?

- VOU SAIR DESSA CIDADE.

- EDDIE, POR FAVOR.

- CHAME SUA MÃE. VAMOS TODOS EMBORA DAQUI!

Steve pensou um pouco e logo correu para buscar sua mãe. Em dez minutos já tínhamos saído de lá, a porta da casa havia sido largada escancarada. Já não importava mais.

Quando chegamos na saída da cidade, haviam dezenas de carros parados e buzinando. Haviam fechado a saída. Sai do carro irritado.

- EI BABACA ABRE ISSO AÍ!

O delegado Jim Hopper estava parado com vários policiais e viaturas ali estacionadas

- Senhor Munson, vá para casa!

Agora já tinham várias pessoas irritadas, berrando.
Eles não deixariam sair de carro, chamei meus companheiros de fuga e os puxei para a floresta, correndo assustados, quando notamos, a mãe de Steve já não estava mais ali

- CADÊ ELA?

- NÃO SEI! MERDA!

Nós então corremos em direção ao caminho que fizemos antes, mas outra explosão pode ser ouvida e quando vimos, a estrada de saída e os carros já não estavam mais ali, um  cometa tinha caído ali. Já não haviam sobreviventes ali.

Corremos então ao meu trailer, já desesperados. Sentamos no sofá da sala. Já sabíamos nosso destino.

Eu beijei Steve. Ele retribuiu.

- Steve, você me perdoou?

- Eddie, a esse ponto já não faz diferença. Sei que te amo, e não quero que morramos brigados e separados por alguém que nem nos afeta.

Estávamos chorando, ambos nós.

Outro estrondo, um mais perto.

Fomos pra cima do trailer e ficamos sentados lá em cima, chorando e nos beijando, pela última vez.

Vimos então um cometa vindo em direção ao grupo de trailers. Mas dessa vez, já havíamos aceitado nosso destino.

- Eddie, me promete algo?

- Oque?

- Que vai me procurar na próxima vida. E na próxima depois dessa, e de novo. E que sempre ficaremos juntos.

- Eu prometo, Steve. Te prometo.

E tinha acabado. Estávamos mortos. Não havia mais trailer. Não havia mais Hawkins. Não havia mais Eddie. Nem Steve. Era o fim.

"Deus não criou duas pessoas
para uma a outra. Mas seus espíritos
se conectam de tal forma,
que faz com que elas desejem estar juntas para sempre."

Emily Martin
1954.
Terra 624.

Eu entrei pela lanchonete de Max, procurando por ela. Dessa vez ela me pagava aqueles 20 dólares sem falta.

- Ei, loirinha, você é garçonete daqui? Pedi meu milkshake a meia hora!

Virei irritada pelo tom do garoto. Foi quando eu te vi, Scott Harrold.
Não sei o porquê. Mas algo em você era familiar. E eu sabia que devia sentar naquela mesa. Eu tinha te encontrado.

One Last Time, steddieOnde histórias criam vida. Descubra agora