Zilá!

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É tão estranho estar aqui de novo depois de tanto tempo e você já não estar mais aqui, onde sempre ficava sentada, onde eu estou agora quase sentindo você, como o seu cheiro impregnado por toda essa casa, é impossível não lembrar, sempre atritando as mãos.

Já vinha trabalhado minha cabeça a muito tempo para que quando isso acontecesse o estrago não fosse tão grande, funcionou, eu aceitei toda situação bem rápido, chorei pouco, meu coração pesou muito, talvez por não ter passado tanto tempo com você, ter conversado tão pouco com você, eu queria tanto que você não estivesse doente.

E eu quase não puder conhecer você né? Quando eu nasci as coisas já não eram tão fáceis, mas eu sempre ouço histórias sobre a pessoa que você era antes dessa doença, boas e ruins, e no final a única coisa que eu sinto é saudade, dá sua mão enrugada com a maioria das veias amostra, passando suavemente pelo meu cabelo encaracolado, do conforto do seu colo, o quanto "casa" tudo isso significava pra mim, eu me sentia em casa, era um porto seguro que eu sempre vinha embarcar onde meus pesadelos viravam sonho lindos e cheios de poesia.

Passei muito tempo depois que você se foi tentando escrever algo digno de você, algo para dar o tchau final, e agora sentindo você em cada canto dessa casa, eu encontrei poucas palavras para escrever algo para você, e espero que isso seja suficiente, eu te amei tanto em todos poucos anos que foi minha vida e obviamente não irei por nenhum decreto te esquecer, mas preciso te deixar ir.

Eu não sei o que vem depois da morte, ou se a morte é só um fim, não sei se temos almas, mas você acreditava em céu e inferno, então eu espero que agora você esteja no canto mais lindo do paraíso, junto as seus filhos que já se foram também, como nos sonho que tinha deitada em seu colo, aqueles sonhos de poesia, espero que agora esteja vivendo o mais feliz deles.

Cravando Poesia Em PedrasOnde histórias criam vida. Descubra agora