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Capítulo 01

Após terminar meu serviço, aproveito minha noite para sair, como sempre, detesto ficar no meu apartamento sem fazer nada, então, vou sair para beber, como sempre.
Não tenho automóvel, então pego o ônibus, não tô com muita grana para pagar um táxi ou Uber.
Assim que coloco as moedas com o cobrador, procuro um local para me sentar e esperar o ponto mais perto do bar que frequento para tomar algumas, fica a dois bairros da minha casa, fica meio longe ir a pé, ainda mais de noite, o mundo está ficando mais perigoso a cada dia, mortes estranhas estão tendo, então, se eu conseguir cuidar de mim o máximo que puder, melhor.
Passando pelos pontos, o meu é o próximo.
Eu fico perto das portas e assim que seguro a cordinha para avisar que vou descer no próximo ponto, aquele barulho irritante ouço, faço uma careta olhando para as pessoas no ônibus que nem sequer me olham.
Eu volto a olhar para a frente e o ônibus para, eu desço do busão e reparo outras pessoas subindo no ônibus, eu vejo o bar logo a frente e caminho até lá.
Hoje estou usando roupas bem à vontade, bem meu estilo, sempre tenho que trocar pelo uniforme do serviço, mas, quando estou indo embora posso voltar a pôr minhas roupas, estou usando roupas largas, me sinto bem à vontade, e também optei usar essas roupas por outro motivo é claro, para despistar certa pessoa, e agora, comecei a gostar de usar essas roupas, meio masculinas, eu diria. Uma blusa de mangas compridas largas e uma calça preta jeans bem larga. Uso uma bota preta e uma mochila cinza de por nas costas, se olharem para mim nitidamente vão me achar um garoto, ou uma sapatao, como alguns dizem, a palavra mais usada é 'gay', meus cabelos são curtos também, na altura da nuca, na parte da frente tenho uma franja grande que bate no meu queixo, meu cabelo é meio ondulado de cor loiro escuro, e bem repicado, tive uma crise a uns anos e deixo meu cabelo curto assim.
Meu rosto é bem fino e delicado, o que complica tudo, pois quando me olham bem de perto reparam que não sou um garoto, pela pele ser bem sensível e delicada, tenho um rosto pequeno e olhos um pouco grandes de cor castanha, sou bem magra e possuo poucas curvas.
Parando de pensar nisso, abro a porta do bar já aborrecida e mostro minha identidade para o dono do bar e peço duas tequilas. Ele já me conhece por aqui, mas sempre me pergunta a mesma coisa.
O homem diz me olhando.
– Tem certeza que tem vinte e dois anos? Parece ser bem jovem.
Eu aponto minha identidade bem na fuça dele.
– Não sabe ler? Eu venho aqui a meses, vai sempre fazer a mesma pergunta ridícula?
Ele revira os olhos cedendo me trazendo mais tequila, eu respondo um pouco mais alegre.
– Parece que me entendeu agora, deixa eu beber em paz agora.
Ele levanta as mãos se afastando e guardo minha identidade e começo a beber um copo rápido e indo já para o outro.
O dono do bar: Fred enche meu saco toda vez que venho, ele desconfia de mim por meu rosto parecer jovem, mas não sou, ele deve ter uns quarenta anos e fica enchendo meu saco, as vezes detesto vir aqui, mas aqui é o local que mais confio, e pensando bem, sei que Fred vai me ajudar se rolar uma briga aqui, ele detesta ver mulheres em seu bar, então raramente aparece uma ou outra mulher. Mas, ele quer por uma regra de não permitir mulher aqui, mas se ele fizer isso, eu mato ele.
Bebi metade do copo da tequila e olho para frente vendo um grupinho que nunca vi aparecer por aqui, são três homens e uma garota ruiva, bem bonita, usando um vestido vermelho que combina com seus cabelos de cor de fogo.
Seus olhos são verdes bem claros, ela tem tatuagem em seu corpo todo, os homens um deles é de cabelo loiro escuro e com braços tatuados, ele usa uma camisa cavava e com os braços descobertos, ele é alto e magrelo, o do outro lado, tem cabelos cor de mel e olhos esverdeados, usa uma camiseta e mostra seus braços um pouco mais fortes do que o outro, ele tem tatuagem e um dos braços, e o garoto do meio, que usa um óculos escuros, jaqueta de couro e calças pretas um pouco colada nas pernas, é bem mais másculo dos outros dois, tem um pouco de barba já os outros não tem, consigo ver no seu pescoço um pedaço de uma tatuagem, ele é sério e seus cabelos lisos e negros estão jogados para trás, ele tira os óculos escolhendo alguma bebida e reparo como seus olhos são frios e pretos como a noite, assim como seus cabelos, ele parece ser o mais velho dos outros dois, ele parece ser mais velho que eu também, mas mesmo assim, ele é bem atraente.
Paro de olhar e termino minha tequila.
Assim que vou pedir outra, escuto a voz do homem de cabelos negros.
– Fred, leva pra gente a melhor cerveja e cigarros.
O dono do bar vai até eles cedendo e já começa a preparar, ele diz antes dos outros se afastar.
— É pra já, Ethan.
Os três se sentam em uma mesa não tão longe da onde estou, estou em uma mesa que tem duas cadeiras, vou ter que pedir mais uma bebida e ralar daqui, assim que Fred serve todos eles, vejo todos da mesa acendendo o cigarro e enchendo seus copos de cerveja e Fred passa por mim e pego na sua mão o impedindo de ir.
– Aiii. Que susto menina.
Ele leva um susto pulando e não sei porque que ele falou isso meio alto, os caras da outra mesa me olham, o de olhos negros me olha por um tempo, eu viro meus olhos para encarar Fred e me levanto.
– Me trás mais uma tequila.
– Você já bebeu duas, melhor ir embora…
Por que ele continua falando alto? Ele quer chamar atenção, ou algo assim? Merda, Fred. Pra quê isso?
Os caras da outra mesa me olham e riem de mim, a ruiva também, já o outro de olhos negros me encara sério, eu reviro os olhos dizendo.
– Se não me trazer uma tequila, vou fazer da sua vida um inferno, não tente me testar Fredizinho.
Ameaço ele, olhando seriamente, que merda, eu só quero beber, meu dia foi tenso hoje.
Ele concorda dizendo.
– Ok, já vou trazer.
Ele se afasta e fico esperando minha bebida colocando uma mão no rosto impaciente, assim que ele chega, ele a coloca na mesa e me diz o valor que deu, eu pego o dinheiro na mochila e entrego a ele.
Fred então acena indo até seu lugar, eu bebo em um gole só a bebida e respiro fundo sentindo o gosto maravilhoso da mesma, eu me ajeito na cadeira e me levanto, olhos para os lados e assim que passo por aquela mesa das pessoas que vi mais cedo, um dos cara diz.
– E aí, garota estranha, tu é sapataoo, né? Sempre quis tran.sar com uma lésbica, e aí. O que acha? Eu levo a ruivinha, ela é bem gosto.sa, topa?
Viro meu rosto olhando aquele loiro nojento, eu reviro os olhos e quando penso em responder ou dar um tapa na sua cara, eu levanto meu dedo e mostro o do meio para ele, acho que isso é melhor do que abrir a boca para babacas como ele.
Ele me olha espantado e me xinga, eu ignoro e olho para todos daquela mesa, o de cabelos claros ri me olhando e a ruiva também que está agarrado no loiro, assim que olho para o de cabelos negros, ele encontra meus olhos e está sério, sem rir como os outros.
Eu viro meu rosto e escuto mais uma frase.
– Ele não gosta de garotas como você, uma garota que se veste como homem, quem sentiria algo por alguém assim? Aliás, você é bem estranha também. – ela ri após falar isso.
Eu viro meu rosto olhando para a ruiva, quem disse que estou interessada em algum deles?
Mas, escuto a voz do homem de cabelos negros dizendo bem baixo, após tragar seu cigarro.
— Chega, Daniela. Viemos beber e nos divertir, entendeu?
A ruiva faz beiço para o homem ali, e me ignora bebendo sua bebida e reclamando, eu dou mais uma olhada naquele homem, que me chama bastante atenção, nossos olhos se encontram e desvio o olhar, tenho que sair daqui.
Sigo em frente passando pela porta, agora vou aguardar o ônibus e voltar para a casa, minha noite foi pior do que tinha imaginado.

Quando chego em casa, mando uma mensagem para minha vó, ela sabe usar o whatsapp, ainda bem, mando uma mensagem que vou ver ela depois do meu trabalho, eu ajudo no refeitório de uma escola, ajudo a preparar a comida e a higienizar, o salário não é muito bom, mas ajuda a pagar as minhas contas.
Assim que mando, em alguns minutos ela visualiza.
" Oi amor, tudo bem, amanhã você leva a Laurinha pra ficar com você, não é? Um beijo."
Amanhã vou ter que pegar e deixar ela no meu apartamento, vou ter que trabalhar dobrado e contratar uma babá enquanto não levo ela pra creche, já devia ter feito a inscrição dela, mas admito que está sendo corrido para mim, era pra mim estar na faculdade, mas nem isso eu consegui, acho que minha vida é um desastre, eu respondo minha vó.
" Sim, eu pego ela, vou trabalhar dobrado e contratar uma babá de meio período, você já ajudou muito, agora é minha vez de cuidar de vocês. "
Eu posso agir estranho mas ruas, pois não conheço as pessoas do lado de fora da minha casa, mas minha vó e Laura são as únicas pessoas que importam para mim, as duas são minha família, eu não tenho mais ninguém, graças a Deus que o dinheiro da aposentadoria dá minha vó dá para pagar as contas e sustentar minha avó, ela mora em uma boa casa, eu meu avô comprou com seu suor e deixou para ela antes de morrer, uma vizinha amiga da minha vó que deve ter uns quarenta anos, ajuda minha vó, com a casa, comida e etc… Eu pago ela um valor x por cuidar da minha vó, mas ela vem recusando, mas dou um dinheirinho para ela pela ajuda, se não fosse essa vizinha, eu não daria conta, o dinheiro da minha vó vai direito na minha conta, eu fico responsável por pagar as contas dela e o que sobra, o que é bem pouco, pago de vez em quando a vizinha, já que ela é uma senhora muito boa, e as vezes eu vou guardando o dinheiro caso minha vó precise. Agora o meu trabalho, eu ralo para pagar minhas contas e quero juntar um dinheiro para cuidar da Laura e arrumar uma creche para ela, a criança tem três anos, ela me chama de mãe, eu a vejo todos os dias por algumas horas, mas hoje não foi possível, Laura é minha sobrinha, minha irmã morreu quando Laura estava nascendo, ela nunca conheceu a mãe, e assim que vi minha irmã falecida e Laura chorando, eu me concentrei, peguei minha sobrinha e cuidei dela como se fosse minha filha, ela é minha filha, eu a amo, mas vezes fico tão estressada com minha vida que desconto em bares, bebendo um pouco para aliviar a tensão, eu só tenho vinte e dois anos e não tenho nada para dar a Laura, por isso me acho uma… Merda…
Mas, vou concertar isso, achar um bom trabalho, por ela na creche, ela vai vir morar comigo, vou cuidar dela e da minha vó, vou fazer de tudo para que as coisas dêem certo.

Assim que resolvo ir dormir, coloco meu celular para despertar às seis horas.
Amanhã às sete tenho que estar na escola, mais um dia de trabalho…

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