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Capítulo 3

– Tudo bem?
Ele pergunta me analisando, ele vê minhas calças sujas, que foram chutadas agressivas, minha blusa suja também e meu rosto que deve estar com hematomas agora, eu respondo sentindo o meu rosto doer, quando abro a boca.
– Eu caí, estou bem, vou para casa, amanhã tenho que trabalhar cedo.
Ele arqueia a sobrancelha dizendo.
– Tem condição de voltar para casa? Parece estar doendo.
Ele tomba o rosto para o lado, me olhando. Mesmo esse homem sendo estranho, ele parece ser até gentil, mas tenho medo de ir com ele, se ele for pior que Juliano? E pior, se Juliano souber disso? Estarei… frita.
– Não fique com medo, só te levarei para casa, está tarde, você caiu no chão e se machucou, imagina se acontecesse algo pior contigo? Huh? Vamos… confia em mim.
É muito difícil confiar em uma pessoa que não sabe quem ela realmente é. E ele não tem nem idéia do que me aconteceu a minutos atrás, tudo por causa de um ex maluco.
Mas, sei que ele não é burro e sabe que algo me aconteceu.
– É difícil confiar em alguém que nem se conhece.
Ele faz um barulho estranho com a boca e diz.
– Verdade, tem razão. Mas, quero só te ajudar.
Ele ergue as mãos, tentando me convencer que não é um cara mau, mas não podemos acreditar em todo mundo, mas decidi arriscar, mais uma vez, e posso estar sendo bem burra agora.
– Ok, então.
Ele me pede para segui-lo e abre a porta para mim, me ajeito em seu carro e ele entra logo após eu.
Colocamos o cinto, e ele diz.
– Vou te deixar na esquina da sua casa, assim não saberei onde você mora, caso ainda tenha medo de mim. Porque pelo que ouvi, você disse que tem pavor de mim.
Ele me olha tentando ser amigável, que merda que ele ouviu isso, preciso me desculpar, eu apenas assinto com a cabeça, mas esqueci que tenho que buscar Laura.
– Desculpe por ter ouvido isso, foi sem querer, e esqueci de uma coisa, tenho que buscar minha sobrinha, eu vou de a pé mesmo.
– Não, que isso, eu te ajudo. Por favor.
Eu apenas assinto novamente e digo a rua onde minha vó mora.
***
Assim que ele chega na rua, desço do carro devagar e entro em casa, minha vó se assusta, vendo meu rosto. Mas eu digo que cai no chão e ela acredita em mim.
Pego as coisas da Laura e minha vó me entrega uma vasilha de sopa que ela fez, eu agradeço e saio da casa indo pela calçada segurando na mão de Laura.
– Mamãe, você tem dodói?
– Sim meu amor, mamãe caiu. Acredita! Por isso que quando mamãe diz para não correr, não pode correr, se não fica com dodói que nem a mamãe.
Ela sorri segurando minha mão e diz.
– Tá bom mamãe, eu não vou… correr.
Sorrio para ela, mesmo sentindo dor.
Coloco ela no banco de trás e coloco o cinto nela.
– Fica bem quieta, ok? Já vamos para casa.
Beijo o topo da sua cabeça e ela concorda segurando seu urso de pelúcia. Coloco a mochila dela do lado dela, fecho a porta e sigo até à porta da frente.
Me sento no banco da frente e coloco o cinto. Ethan dá a partida e agora começa a andar devagar, imagino que por causa da Laura.
Ficamos um momento em silêncio, e até gosto disso, fecho um pouco meus olhos e escuto uma voz baixinha e manhosa.
– Mamãe, posso mimi um pouco? Tô com sono.
Me viro para olhar a carinha de anjo, da minha linda, eu sorrio dizendo.
– Pode sim, fecha os olhos meu amor. Logo estaremos em casa.
Ela assente com a cabeça e fecha os olhinhos segurando seu urso contra o peito.
Viro para a frente e Ethan me olha curioso, ele deve estar pensando, eu tenho uma filha? Mal ele sabe como é toda a minha vida. Mas, não somos íntimos, não vou contar minha vida a um estranho, já nem devia ter aceitado essa carona.

***
Chegamos na rua do meu apê, e Ethan para bem na esquina, perto de uma casa.
Ele desliga o motor e diz se virando para me olhar.
– Pronto, está entregue, como prometido.
Agradeço a ele, e assim que vou me virar para sair, ele diz.
– Espere.
Ele sai do carro e vai até o porta-malas, fico com medo do que ele vai fazer, mas ele volta com um kit de primeiros socorros.
– Deixa eu te ajudar.
Eu não faço nada. Só fico olhando para ele.
Ele pega um algodão o molhando com soro, e diz.
– Vou desinfetar o canto da sua boca, ok?
Aceno com a cabeça, ele move o algodão até o canto da minha boca e começa a limpar devagar, faço uma careta, mas continuo quieta olhando para seus olhos negros, ele fica olhando para o ferimento, e depois seus olhos negros encara os meus, desvio o olhar, pois, esse encontro de olhares fez meu coração martelar, e isso não é um bom sinal.
Assim que ele termina, ele molha mais um algodão e limpa os hematomas do meu rosto, fico quieta e esperando que acabe logo, por fim, ele pega um curativo colocando no canto da minha boca, ele coloca o kit no seu colo, e diz sorrindo torto.
– Assim parece melhor. Que bom que não se machucou feio.
Ele me olha sério, e sinto seu olhar por meu rosto e para minha boca, sinto um arrepio por meu corpo, e tento controlar minha respiração, minha voz sai falha.
– Obrigada… Ethan, certo?
Ele assentiu, dizendo.
– Sim, e você, é a Lilian?
– Sou.
– Prazer.
Ele estende a mão, ergo a minha devagar unindo nossas mãos, sinto um choque por meu corpo, olho em seus olhos e ele balançou devagar minha mão.
Suspiro bem lentamente e ele solta minha mão, dizendo.
– Tenha uma boa noite de sono, para você e sua… filha.
Ele sorri torto me olhando e me afasto dizendo.
– Para você também, Ethan. Tchau.
Me viro e abro a porta, saio do veículo e abro a porta de trás tirando o cinto de Laura, pego ela no colo e Ethan me olha mais uma vez, eu uno meus lábios acenando com a cabeça mais uma vez, e fecho devagar a porta.
Caminho pela calçada, meu apê está logo a frente, quando chegar vou descansar e tomar um bom caldo, sei que Laura já jantou, vou por ela na sua caminha e amanhã vou ver quem pode ficar com ela, até eu trabalhar e fazer a matrícula dela.

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