Talking Body - Vmin

Capítulo Único

"Cama, Jimin. Fica na cama..."

O caralho.

— Tô indo embora. — Disse simples, soltando o restante da fumaça junto a um suspiro cansado e jogando a bituca do cigarro que estava fumando pela janela. Sim, estava indo embora, e daquela vez era verdade. Bom, queria muito acreditar que era verdade. Queria muito acreditar que a sensação da pele morena não estava presa na sua cabeça; impregnada ali... Que nem o cheiro de tabaco em seus pulmões.

Como é trouxa, puta que pariu!

Fumar... me quebrou. Fumar pra te esquecer... Me quebrou.

— Fica aqui, Jimin. — Pediu, carente. Os cabelos loiros bagunçados lhe dando uma aparência de falsa inocência na qual Jimin já não caia mais.

Por que quer me manter aqui? Aqui, nesse inferno? Por que eu seco suas lágrimas?

Nem precisava perguntar em voz alta pra confirmar. Os olhos claros lhe diziam isso. Lhe diziam tudo que ele não queria escutar.

— Vai me dar um bom motivo pra isso? — Fechou o zíper da calça, procurando pelo chão sua camisa.

— Tá frio lá fora. — Sentou-se sobre as próprias pernas. Estava vestindo apenas uma camisa. A única camisa que Jimin tinha pra vestir.

Merda... Será que é prudente sair na rua sem camisa a essa hora da manhã?

— Você podia parar de fingir que se importa. — Se ele mesmo ao menos pudesse fingir que não se importava. — Preciso da minha camisa.

— Vem pegar.

Desgraçado!

Caiu na armadilha dos braços longos como uma lebre no laço do corpo da serpente.

— Taehyung, me solta.

— Não.

Droga... Estava tão cansado daquilo. Se não tivesse certeza de que tinha platinado os cabelos pensaria que estes tornaram-se grisalhos pelo excesso de aborrecimentos.

— Jimin... Por que eu tô sentindo que se eu te soltar agora você não vai mais voltar pra mim? — Apertou os braços em torno dos ombros do namorado.

— Você só está bêbado. — Tentou se afastar, empurrando a cintura fina em suas mãos, mas só conseguiu ficar mais preso.

— Você também está.

Claro que estava. Bêbados desde de manhã até à noite. Só desse modo para...

— Só assim pra mantermos esse caos entre a gente.

— Não é caos. É amor. — Afastou o rosto apenas o suficiente pra olhar fundo nos olhos do outro. — Eu te garanto.

— Ah tá! — Riu com escárnio. — Essa mentira soa tão bem na sua voz.

— Não é mentira. Eu amo você. — Um tom acima do normal. Os dedos longos afundando nos fios de prata num afago quase íntimo.

— Você ilude tão bem... — Decepcionado. Estava óbvio o quanto. Jogando a cabeça contra as mãos afáveis, como um desgraçado cão órfão.

Você vai ficar nessa até quando, seu pedaço de merda?! Larga ele pra trás. Larga ele pra trás! Você sabe o que tem por trás desse rosto perfeito. Você sabe o quão belos são seus demônios, então fuja deles!

— Eu não quero mais isso. — Se safou daquele abraço diabólico num rompante aonde se reuniram suas últimas forças.

— Por que não? — Os pulsos presos nas algemas que eram aquelas mãos. Os olhos claros o mantendo estático. — Por quê?