HAPPY DAY - Coletânea I: Datas Comemorativas

24 De Junho: Dia De São João

Tudo estava magnífico!

As fogueiras crepitavam, altas e belas, as músicas eram animadas e as comidas eram típicas de São João. Uma verdadeira festa com direito a danças tradicionais e tudo que esse dia tão festivo pede.

Como sempre, eu já estava pronto para participar. Com uma bermuda branca e camisa xadrez aberta. Sempre fui magrinho, talvez até demais, minha pouca altura também não ajuda, mas isso já deixou de me incomodar há muito tempo.

Coloco o chapéu de palha e corro para a festa na rua do nosso bairro. Tudo estava enfeitado e a vizinhança toda participava, colaborando com comidas e bebidas, além de se unirem para a decoração de toda a vila.

Tudo estava perfeito! Até…

— Você por aqui? — Paro de olhar os colares decorativos na barraquinha de vendas, olhando para trás e avistando aquele idiota de 1,90m de altura, Chris. Nunca nos demos bem. Ele é bagunça e eu sou ordem. Ele é encrenca e eu sou o número 1 da universidade de Medicina.

Não somos compatíveis.

E isso perdura desde o fundamental.

— Eu moro aqui. — Resmungo, com desgosto. Ele usava apenas uma bermuda marrom com suspensório e chapéu de palha. Ele adorava se exibir para as meninas do meu bairro. Não entendo isso. Ele poderia muito bem rodar toda a cidade para fazer o que bem quer, mas prefere vir até aqui e encher minha paciência.

Mas hoje é São João, dia de festa e muita dança. Não vou permitir que ele estrague meu bom humor.

— Alex! Vamos dançar! — Minha amiga gritou por mim, enquanto as pessoas faziam a roda. Sorrio largamente, correndo até eles e ignorando a presença de Chris, que por algum maldito motivo, me acompanhou, entrando na roda junto.

Ele segurou minha mão, vez ou outra a apertando com força, implicando. O encaro feio, tentando me soltar dele, mas ele não permitia, fingindo não estar fazendo nada e cantando com os demais que não notavam o que estava acontecendo ali.

A roda começou a se desfazer e pares se formavam rapidamente. Suspiro, vendo uma garota de aproximar, sorrindo toda boba para o Chris.

— Chris…! Que bom que veio ao nosso arraiá! Quer dançar comigo? — A menina perguntou, com uma doçura exagerada na voz. Olho para Chris, cogitando mentalmente que só assim ele me deixaria em paz. O vejo sorri, me encarando por alguns segundos e depois voltando seu olhar para a menina.

— Desculpe, querida. Apesar de eu ser bissexual, tenho preferências por homem. — Chris falou, o que me fez encará-lo como se um fantasma tivesse acabado de surgir na minha frente.

Como assim ele é bissexual?!

Eu nunca imaginei isso! Ele sempre foi tão mulherengo. E nunca o vi na companhia de nenhum homem, a não ser os amigos imbecis da faculdade de Engenharia a qual ele também cursa.

Fiquei tão surpreso, que não notei quando a menina saiu envergonhada e Chris se aproximou de mim, ficando a poucos centímetros de distância de mim.

— Algum problema, garotinho? — Sussurrou, me fazendo engolir em seco, piscando inúmeras vezes até conseguir voltar à realidade, recuando um passo.

Não sei porque diabos isso me afetou tanto.

Eu sou gay, e todos sabem. Até acreditei que esse fosse o motivo por ele implicar tanto comigo. Mas… não, ou será que ele estava apenas brincando? A confusão em minha cabeça se transformou em raiva.

— Não se brinca com isso! — Exclamo, em fúria, chamando sua atenção. Ele arqueou uma sobrancelha, cruzando os braços.

— Não estou brincando com nada.