01 - Problemas Comuns

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ATUALMENTE

Descansei a caneta sobre a mesa quando acabei de escrever. A professora de linguagens finalmente encerrou a aula que durava mais do que lhe era permitido. Não daria tempo de passar nem mesmo pela a cantina já que me atrasaria para o trabalho.

Fecho o caderno, junto as outras coisas, enfio na mochila e saio antes que os alunos começassem a tumultuar nos corredores da Academia KataÃm.

A algazarra começa a preencher ali enquanto eu passo, alguns alunos saem das suas salas gritando, outros conversando alto demais para que o outro colega escute, alguns riem, e alguns esbarram em mim frequentemente. Quando acontece, as vezes lanço um olhar fulminantes, mas o que eles fazem é apenas rir e me mostrar o dedo do meio.

Idiotas.

É o que dar ser um "normal" e estudar em uma academia que mais de oitenta porcentos dos alunos tem dons, mas eu já havia me acostumado. Aliás, esse era também meu último ano, ou seja, teria que aguentar apenas alguns meses para minha vida acadêmica acabar.

- Karl... Karl... - chama alguém. - Karl-Ly

Diminuo as passadas e ela para ao meu lado. Ayáh é uma das únicas amigas que sobrou, já que depois do dia da luta de revelação de dom, após meu dom não ter sido revelado muitos daqueles que estiveram ao meu lado se afastaram.

Hoje em dia eu não me importo, não mais. Percebi que esse tipo de "amigos" - se é que podem ser chamados assim - não acrescente em nada em minha vida, são eles que, talvez estiveram comigo apenas por conveniência. Quero mais que eles se fodam.

- Hoje eu vou acompanhar você. - disse ela pousando à mão em meu ombro. De novo. Alguém esbarra em mim. Ayáh grita: - Ei seu cuzão, olha por onde anda.

O rapaz mostra o dedo, e ela retruca.

- Enfia no cú! - diz quase gritando. Boa parte dos alunos nos observa... talvez horrorizados. A politica de respeito na academia é algo indispensável, todo mantém o respeito uns com outros. Alias, reformulando, o respeito se dar apenas com aqueles que tem algum dom, no meu caso isso não existe. Ayáh não para, e ela se volta para aqueles que nos observa. - E quem não gostou, faz o mesmo!

Apenas rio.

Ayáh é afrontosa, embora seu pai, o diretor, esteja sempre pegando no seu pé por causa do seu comportamento. Mas, além de tudo, ela é uma boa garota e eu a amo.

Ayáh, é mais baixa que eu, tem pele negra e olhos escuros, o cabelo preso no coque se destaca por ser platinado, quase branco. Praticamente todos seus traços foram herdados do pai, o Sr. Silt

Saímos dos corredores e passamos por a cantina onde o cheiro de comida paira sobre o ar. Minha barriga ronca, e eu descido pegar apenas uma fruta, não quero me atrasar ainda mais e ter que receber reclamações como sempre, então talvez, até a hora de comer uma fruta baste. Cato a mais vermelha da cestinha posta sobre o balcão do refeitório e saio dali no encalço da minha amiga que toma apenas um suco de garrafa.

A porta da cantina dá acesso ao pátio e campus da academia que está com vários alunos espalhado sobre o gramado. Um grupo de garotas gravam vídeos dançando uma coreografia bem elaborada, outros grupos permanece apenas sentados, ou lendo livros, alguns garotos exibidos mostram seus dons para os normais que batem palmas e outros apenas lutam no gramado entre si, sem usar seus dons.

Reviro os olhos.

- Boa parte da galera daqui são perturbados. - Diz Ayáh.

- Perturbados e meio. - Digo após morder minha fruta. - Ei, o que vai fazer nas ruas da cidade hoje? Você não precisa ficar aqui para se "dedicar e se especializar" como os outros? Como seu pai permitiu isso?

INUMANOS: Amar Ou DestruirOnde histórias criam vida. Descubra agora