Parte 1 - O início.

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Nanon sempre foi extremamente dedicado a sua carreira, seus colegas de trabalho constantemente o elogiam, os diretores os quais ele trabalhou sempre entram em contato quando surgem novos projetos, sua carreira e seu trabalho nunca foram o motivo da confusão em sua vida, confusão essa que ninguém vê, apenas poucas pessoas percebem que algo não se encaixa, como um brinquedo onde uma criança tenta encaixar um quadrado no espaço de um círculo.

Esse caos em sua vida tem nome, e o nome dele é Ohm Pawat.

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A primeira vez que isso aconteceu, hoje é como se uma névoa encobrisse parte das minhas memórias e eu não conseguisse ver com clareza, mas foi após um dia extremamente exaustivo e uma semana em que eu não conseguia mais me encontrar, logo após um término complicado de relacionamento.

Um camarim improvisado em um container atrás de uma locação de "Blacklist", éramos os últimos naquele dia a terminar de gravar e a maioria da equipe já havia ido embora ou estava finalizando a organização de tudo para o próximo dia. Eu estava sentado em uma cadeira de metal, daquelas dobráveis e geladas, quando senti a sua mão em meu ombro, o toque de seus dedos fortes massageando meus músculos doloridos e tensos me fez relaxar durante alguns minutos.

"Tudo bem? Você estava esquisito hoje..." ele me pergunta enquanto solta suas mãos de meus ombros e se senta na cadeira ao meu lado, "Tudo bem" respondo vagamente enquanto me viro para encará-lo. Ohm coloca sua mão sobre a minha coxa e segura meu queixo com a sua mão livre "Nanon, eu sei que alguma coisa aconteceu, você é transparente pra mim, já esqueceu?".

Fecho meus olhos por alguns segundos e massageio minhas têmporas "Só não estou lidando muito bem com esse rolo todo...terminar e tal..." respondo após abrir meus olhos, sua mão soltando meu rosto e segurando uma de minhas mãos. Ohm está me encarando com um sorriso suave, seu rosto me olha como se entendesse profundamente o que acontece dentro de mim, a mão que estava sobre a minha coxa desliza suavemente em direção a minha virilha e por um segundo eu entro em pânico, demonstrando em meu rosto, fazendo com que ele retroceda o caminho.

Ohm acaricia minha mão com o seu polegar enquanto aperta levemente a minha coxa, seus olhos não deixam os meus e é como se ali naqueles segundos alguma coisa mística tivesse acontecido, talvez o destino, as estrelas escritas lá no céu ou simplesmente hormônios em fúria?

Eu me inclino em sua direção e nossos lábios se tocam levemente, eu nunca havia beijado um homem, é claro que eu já tinha sentido atração ou algum sentimento que eu não consigo classificar por alguém do mesmo gênero, mas entre sentir algo e fazer alguma coisa existe um longo caminho a ser percorrido, e mesmo sem saber como, em um segundo eu o percorri.

Nossos lábios unidos durante poucos segundos, o peso e o calor de sua mão em minha coxa, seu cheiro tão perto de mim...

"Desculpa, eu...desculpa" me afasto rapidamente, me viro na cadeira e passo a encarar a parede, "Nanon, olha pra mim..." Ohm segura meu rosto com as duas mãos e gira minha cabeça devagar. Ele umedece seus lábios e ainda com as mãos segurando meu rosto, como se eu fosse algo precioso, que jamais pudesse ser danificado, ele me beija, dessa vez um beijo profundo, nossos lábios unidos, ansiando por mais.

Num surto de bravura eu abro minha boca e sugo seu lábio inferior timidamente, mesmo com meus olhos fechados eu consigo perceber que ele está sorrindo e isso era tudo que eu precisava. Levo minha mão até sua nuca e entrelaço meus dedos em seus cabelos levemente molhados de suor, minha boca busca seus lábios mais algumas vezes, agora não tão timidamente.

Nossa respiração ofegante, talvez pelo calor daquele container fechado e sem janelas, talvez pelo beijo e a proximidade de seu corpo...ou ambos. Minha boca se abre como se fosse treinada a obedecer cada um de seus comandos silenciosos, sinto sua língua me invadir e seu gosto obscurecer cada um de meus sentidos, nossas línguas entrelaçadas percorrem cada espaço, provam cada centímetro vorazmente, e quando o oxigênio começa a faltar eu me afasto, mesmo sem querer, mesmo que meus lábios pareçam estar presos aos dele como um imã.

E se eu mudasse as estrelas?Onde histórias criam vida. Descubra agora