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II

A ambição comete, em relação ao poder, o mesmo erro que a ganância em relação à riqueza: começa a acumulá-la como meio de felicidade, e acaba a acumulá-la como objetivo. A ambição,na verdade, é a ignorância de poder.

          — Charles Caleb Colton

#DaLamaAoLuxo

A presença insuportável do motorista de Jaebum já começava a me irritar, em meio aos 15 minutos de estrada ele vinha cantarolando a mesma música pelo menos 5 vezes, repetitivamente em um assobio que fazia meu ouvido chiar de tão alto em que é proferido diante de uma lata velha pequena. Solto um suspiro aliviado quando vejo os portões da boate e antes mesmo dele parar em frente a mesma já pulo do carro com minha mochila indo em direção a porta dos fundos que dava diretamente ao escritório de Jaebum.

Toc Toc Toc

Os nós dos meus dedos vão de encontro a madeira dando leves 3 batidas e antes do mesmo proferir a autorização de minha entrada eu forço a fechadura da porta adentrando a sala iluminada onde na cadeira rotatória se encontrava o próprio Jaebum com um charuto aceso entre os dedos, um livro aberto em seu colo enquanto me encarava com os óculos deslizando lentamente pelo nariz.

— Vejo que não está em um bom dia garoto. — empurra os óculos o colando em sua face e logo esmaga o charuto no cinzeiro ao lado.

— Nunca estou em um bom dia, Jae.

— Por sua própria e espontânea vontade.

Rio sem humor com a sua especulação.

— Ah sim, está especulando que prefiro viver na merda todo santo dia?

— Não estou especulando, estou afirmando! Pode sair dessa pra uma melhor Jeon, basta assinar o meu contrato. — diz e desliza uma folha e caneta sobre a mesa a sua frente e logo levanta a contornando e parando a minha frente — Você é perfeito para o cargo e sabe que não digo isso da boca pra fora, os clientes estão aí para comprovar isso.

O observo levar sua mão até minha bochecha resvalando o dedão ali.

— Vou repetir mais uma vez Jaebum. — tiro sua mão de meu rosto e o mesmo sorri sacana — Posso servir bebidas ou carregar caixas, mais nunca vou subir naquele palco ou dar o meu corpo em troca de dinheiro. Ponha na sua cabeça que por mais que eu passe necessidades, minha dignidade é maior que o dinheiro. Não insista mais.

Nunca me submeteria a isso, e se Deus permitir nunca irei me submeter. É uma ação de pleno desespero e não cheguei nesse nível ainda! Ver aquelas garotas e garotos submetidos a aquilo em cima daquele palco me dá calafrios, porque que eles escolheram aquele tipo de coisa para si mais não por ser uma opção. Não escolheram por conta de ser uma coisa que gostem,que tem ambição em fazer ou não só apenas sobreviver dia após dia como eu tento fazer, mas sim pelo próprio desespero de sobreviver! Porque no começo é bom demais, porém depois de um tempo todo o luxo vai embora e não sobra nada além de dívidas e então metade da vida submetida a essas ações para pagá-las.

— Certo Jeon, como quiser. — levanta as mãos em sinal de rendição e pega um envelope amarelo na gaveta de sua mesa. — Está dispensado.

— O que?

— Não tem serviço por aqui hoje, só queria te ver e fazer mais uma vez minha oferta.

— Puta merda Jaebum, eu chamei a droga da enfermeira para cuidar da minha mãe.

— Aqui está, pague a enfermeira.— me entrega o envelope e o olho hesitante — Considere como um aumento e um pedido de desculpas por importunar essa cabecinha linda.