II

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Já pela manhã, antes dos primeiros raios do alvorecer, Dante despertara.

Olhava para o norte, envoltos em pensamentos em direção às três grandes montanhas brancas. Lá, sua mãe havia ficado para cuidar de sua tribo de gigantes, conhecidos como Golias.
Todos eram unidos como povo. Caçavam, forjavam, comiam e festejavam, mas não dispensavam uma boa competição. Num lugar inóspito, onde pouca vida sobrevivia, se tornar melhor, e instigar o próximo a ser melhor, era simplesmente para o bem comum.
Ele já sentia saudades de casa, mesmo morando num vilarejo pequeno.
Quando acordou, o café ainda não havia sido posto à mesa, então subiu ao terraço para respirar o ar puro da manhã.


- É bonito lá? - Rubi perguntou, detrás do gigante albino, alertando-o - Sempre tive vontade de visitar as montanhas.
- É sim. Um lugar muito belo à primeira vista.
Mais um momento de silêncio se passou, até que Dante quebrou o gelo.
- Aqui é ainda mais bonito. Lá é tudo branco, cinza e marrom. São paisagens de tirar o fôlego quando não se vive lá. Somente Leo, a capital do cume da montanha é colorida e cheia de vida, com os feitiços para tornar o ar respirável, e o verão infinito, mesmo acima das nuvens.

- Sempre ouvi falar de Leo, e os vilarejos dentro e fora das montanhas. Os grandes salões de rocha, as casas esculpidas nas montanhas. Os grandes veios de minerais raros descobertos depois da vinda dos anões de Svartalfhëim para a terra.

- Um dia, quem sabe, eu não possa conhecer as outras capitais. Talvez até os outros países.

- Se eu for - Disse a ruiva, virando-se para o gigante - Pode ter certeza que vou te chamar.

Alguns minutos se passaram, enquanto eles simplesmente observavam a paisagem. Os extensos campos de tundra, com uma grande variedade de flores que nasciam ao fim do inverno. Rosas de neve, lírios e damas-da-noite despontavam da grama, pontilhando o verde de azul, amarelo e branc0.

Alguns minutos depois, Jillia, a ama de Rubi os chamou para o desjejum, avisando que hoje seria feito na área comum, ao invés da sala de jantar, por ordem de seu pai.

*

Logo antes do nascer do sol em algum lugar a Leste dali, dois homens guardavam a entrada em forma de boca de dragão de uma antiga caverna. O lugar era de suma importância para o país. Importância tal, que a própria localização do lugar era guardada mesmo dos soldados que guardavam o lugar. Eles eram levados às cegas para lá, e deixados com suprimentos de acordo com o tempo que ficariam lá.

Os dois estavam esperando pelos outros dois guardas que os renderiam, e os dispensassem para descansar. Todas as noites eram iguais. Nem um ruído de pássaros, plantas, ou outros animais. Nem sequer o sussurrar do vento era ouvido. Somente os esparsos passos dos guardas em rondas que passavam por ali, e mais nada.

Aquele lugar, ao que os boatos dos soldados mais velhos diziam, era uma prisão. Não qualquer prisão, mas uma especial, onde se encarceravam os maiores monstros e criminosos realmente perigosos. Mas todos ali não faziam um movimento sem ficar tensos, tamanha era a energia mágica que emanava de dentro da caverna. Eles davam graças por não precisarem fazer a ronda ou guardar uma das entradas seladas dentro da caverna, pois mesmo da porta, podia-se sentir a energia maligna emanando dali, em direção diretamente à mana dos corpos dos soldados. Isso os fazia tremer constantemente, diante daquele toque gélido.

Logo quando o sol despontou no horizonte vazio, manchando o céu de violeta e laranja, eles puderam ouvir os passos dos outros dois soldados. Mas não viram ninguém. Então, o globo na ponta do cetro do homem mais alto começou a reluzir em vermelho. Isso era um sinal. Um sinal que nenhum dos soldados haviam realmente visto, mas sempre temeram. Invasão. Aquela fortaleza mágica e sombria estava sendo invadida.

A guerra de YlithOnde histórias criam vida. Descubra agora