Dor

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Dya fugia e Rodolfo se aproximava. Cada dia que passava ele aparecia em sua porta com mais frequência, era mais difícil ainda esconder a existência de Bento dele.
Dya ficava sem entender, Rodolfo parecia não saber o que tinha feito.
A vida não era justa e o casamento se aproximava.
Rodolfo insistia para que ela fosse olhar o quarto que ele havia mandado fazer para eles. Dormir com ele tinha sido seu sonho de adolescência, agora era seu maior pesadelo. 

Não queria Rodolfo como marido, mas também não queria tirar a única chance do seu irmão Pedro ser feliz. Pedro era  tão honesto e havia sido o arrimo da família por tantos anos, quando Bento nasceu ele conseguiu um quarto só para ela ter mais privacidade, naquela época a situação financeira era péssima, mas Pedro não deixou faltar absolutamente nada para Bento, precisava garantir que ele fosse feliz. Era o mínimo a se fazer. Mesmo jovem ele se comportou como um verdadeiro homem, e agora era a hora que ela precisava se comportar como uma verdadeira mulher, e devolver um pouco do amor e do cuidado que recebeu.

Tinha jurado para Pedro que desejava aquele casamento e que se acertaria com Rodolfo pelo bem de Bento. Agora precisava ao menos fingir para família que estava tranquila e satisfeita, mas a realidade era totalmente outra. 
Assim saiu de casa para ir até casa de Rodolfo, não estava pronta para todas as revelações as revelações e evitar presença dele na casa de sua família era o melhor a se fazer.
Foi recebida por dona Rita e dona Benta, nem conhecia a tia de Rodolfo quando havia escolhido o nome de Bento. Era uma coincidência. 
No fundo Dya ficou aliviada por ter companhia feminina naquela casa. Se obrigou a caminhar para o quarto, só precisava ver a decoração e aprovar.

Era bonito, espaçoso e claro com detalhes vintage. Ele tinha acertado na escolha.
Se preparava para sair quando Rodolfo entrou.
Os braços dele a rodearam, o cheiro dele era o mesmo, mas o pavor dela também. E ele teve ideia do que havia acontecido.
_ Quem foi?
_ O que?
_ Quem foi que te machucou na cama? É a única explicação para o medo.
Dya só balançou a cabeça.
_ Depois do que o infeliz fez ainda o protege. Era uma menina doce, que tipo de mulher se tornou?
Dya se recusou a responder.
_ Queria que eu vesse o quarto, é bonito.
Ela correu de volta para sala. Depois de se despedir das senhoras, entrou no carro e partiu.
Rodolfo saiu pela porta também.
Sabia onde buscar informações,  seu amigo e aliado Marco Wolf era casado com Laura e Laura saberia o que aconteceu. Afinal! Dya era amiga da mulher de Wolf. 
Encontrou Marco na sala com Laura brincando o filho.
_ Quero falar com sua mulher.
Marco o olhou como se preparasse uma briga.
_ Ed pode ir até a cozinha pedir um bolo para Berta? Sua mãe já encontra com você.
O menino saiu, mas antes encarou Rodolfo e fez um aceno com a cabeça.
Os três adultos ficaram na sala
_ Entra na minha casa atrás de minha mulher. Perdeu a cabeça?
_ Ela sabe porque Dya tem tanto medo de mim.
Rodolfo se voltou para Laura.
E notou que a mulher do amigo também tinha pavor dele.
_ Laura, o que eu fiz? Nunca me aproximei dela, preciso saber o que aconteceu ou quem a machucou.
Mas teve o silêncio como reposta.
Deu um passo em direção a Laura, mas seu amigo Marco usou o corpo dele como barreira.
_ Se tocar nela nossa amizade acaba aqui.
_ Não ia machuca-la.
_ Não importa. Não se toca na mulher de um homem como eu, sabe disso.
Rodolfo concordou.
_ É meu amigo. Sabe o que sinto pela Dya. Fizemos um acordo. Se ela continuar a correr de mim assim não tem casamento.
Esse era um blefe, mas Rodolfo estava desesperado.
Marco olhou para Laura.
_ Sabe de alguma coisa, honey?
Laura balançou a cabeça em afirmação e correu para escadas.
_ Não vou força-la a me dizer o que aconteceu, mas vou tentar, mas não ouse tentar intimidar minha mulher.
_ Não vou, estou pedindo ajuda como um amigo.
Marco sabia que se Rodolfo não se aproximasse de Dya ele sucumbiria ao álcool mais uma vez, e agora não teria volta.

_ Vou falar com Laura, não vou força-la a me dizer o que acontece, mas vou até sua casa a noite.

Rodolfo partiu, aquela angustia o mantinha a beira da loucura,  mas precisava viver aquele sentimento guardado a tanto tempo. Tinha respeitado quando ela era uma menina, mas agora não podia mais ficar longe. A espera tinha transformado o amor em quase obsessão. Rodolfo sonhava com ela a noite, acordava gemendo de dor e angustia por não ter Dya ao seu lado.

 A suspeita de que alguém a tinha machucado ela na cama, era ainda pior, não sabia o que fazer, e Dya tentava de todas as maneiras o afastar. Nem mesmo Pedro que ia se tornar seu cunhado era capaz de dizer o que houve. Em alguns momentos dona Margarida o olhava com raiva, depois com pena, vivia no limbo e não sabia porque. Jogou a mesa de cabeceira no chão, não queria voltar ao álcool, não agora, mas não sabia como aliviar a dor.

Tinha feito tudo que podia para esquecer Dya, mas o sentimento só crescia. Eram seis anos sem tocar em uma mulher. Não desejava outra em sua cama, desejava Dya, mesmo sabendo que ela esteve com outro, era como uma traição. Havia esperado ela se tornar maior, e a menina se entregou para outro depois de lhe fazer tantas promessas com os olhos. 

Parecia que confiar em uma mulher não era o certo a se fazer. 

Um homem mais velho: Rodolfo. Completo Na DreameOnde histórias criam vida. Descubra agora