Capítulo 4

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Despertei com o som do alarme, que parece ter rodeado todo o quarto, o que me fez acordar de mau humor. Me levantei e fui ao banheiro, escovei os dentes tomei banho e troquei de roupa, coloquei uma blusa preta, um moletom azul, uma calça preta e o meu tênis vans, desci as escadas e fui pra cozinha comer alguma coisa já que faziam dois dias que não comia nada, mesmo sem fome peguei uma maçã e fiquei esperando a hora passar.
      Cheguei na escola, sinceramente estou me sentindo mais animada pra estudar, fui ao banheiro pra esperar o sinal tocar e não ter que cumprimentar ninguém. O sinal tocou, sai da cabine e dei de cara com a Amanda, assim que ela me viu soltou um sorriso largo:
      _Amiga! Tudo bem com você?_quando eu ouvi a palavra amiga, senti uma coisa tão forte, faz tanto tempo que não sinto isso... quando abri os olhos eu havia dado um abraço nela, e ela devolvia o abraço de uma forma tão carinhosa, que eu não queria parar nunca, tomei um susto com a minha atitude e me separei dela correndo pra sala, como sou estúpida, eu não deveria ter feito isso.
        Cheguei na sala e sentei-me na minha carteira, Amanda chegou logo depois, mas eu me virei pra parede e ela não falou nada, acho que percebeu que não estou afim de conversar.
        Aulas e aulas que pareciam infinitas acabaram, o sinal bateu e todo mundo foi pro pátio peguei o meu celular e meu fone, sentei no mesmo banco de ontem e fiquei ouvindo música, até sentir alguém sentando ao meu lado, por um momento fiquei feliz achando que era Amanda, mas na verdade era um menino alto, moreno, de cabelos cacheados castanhos, confesso que levei um pequeno susto:
      _oi! Você é a menina nova né?_ ele pergunta, e eu hesito em falar mas respondo
_i-isso_respondo meio baixo, nem sei se ele ouviu
_um amigo meu queria saber seu nome_eu fiquei me perguntando o que eles fariam com meu nome.
_Helena_respondo seca, mas franzindo a testa_po-por que ele quer meu no-nome_fiquei com ódio de mim por não saber falar uma frase sem gaguejar.
_ele está interessado em você_ ele solta uma risada no final da frase como se fosse óbvio_agora eu já vou indo, valeu_ Assinto e ele se juntou num grupo reunido no centro do pátio.
          Comecei a me lembrar da minha mãe e do meu pai e acabei derramando algumas lágrimas, não sei se vou conseguir esquecer isso. Sinto uma vontade enorme de receber novamente o abraço da Amanda, que por sinal não veio falar comigo o recreio inteiro, tenho medo de perder a única pessoa que conversa comigo e acabar sozinha de novo...
      Finalmente lar, só queria a minha cama, mas quando cheguei avistei a casa toda bagunçada e revirada, fui andando em passos largos pra não tropeçar, até que vi minha mãe deitada no chão sangrando, parecia ter um corte no pulso, entrei em estado de choque, fui correndo até ela que já havia perdido muito sangue, pressionei uma toalha em seu pulso pra estancar o sangue, mas não funcionou muito, peguei meu celular e liguei pra ambulância.
      Não conseguia dormir, a cada vez que meus olhos descansavam eu pensava na minha mãe sangrando no chão, fiquei a noite inteira acordada, até o alarme tocar e eu desliga-lo, meus olhos estavam inchados de tanto chorar ontem a noite, tinha tanto ódio dentro de mim, estava me devorando, me deixei faltar aula hoje, não iria conseguir prestar atenção na aula.
      Desci as escadas e vi meu pai deitado na cama, me deu tanto ódio naquele momento, que peguei uma faca na cozinha, não tinha mais nada na minha mente, só o ódio que eu tinha dele, mas tomei um susto com a campainha que me despertou e vi o que estava prestes a fazer, guardei a faca e fui até a porta:
      _olá, bom dia senhorita!_um policial entra em minha casa.
_bom dia senhor_ respondo rapidamente
_vim envestigar o caso da..._ele folheia umas páginas em uma prancheta_senhora Cláudia, certo?
_isso_ eu respondo
_senhorita..._ele fala querendo saber meu nome
_Helena_respondo alto e claro
_senhorita Helena, pode me contar tudo que aconteceu ontem?
_sim, claro_ contei tudo a ele, também o fato do meu pai ter batido em minha mãe.
_onde o senhor Geraldo está?_ele responde num tom forte mas sem ser rude.
_no primeiro quarto a direita._O policial anda rápido até o quarto e o avista deitado na cama, ele pega uma algema e o prende.
_eu não fiz nada policial, nada!!_diz meu pai com cara de sínico.
_isso a gente vai saber na delegacia_responde o policial calmamente.
_você garota, vai se arrepender!_diz ele me ameaçando.
       Senti um medo tão grande, eu não estava nem conseguindo andar direito, só avistei o policial indo embora e meu pai olhando em meus olhos, cada segundo tendo contato visual com ele era uma tortura. Subi as escadas tropeçando, eu realmente não estava bem, me deitei em minha cama e comecei a chorar e gritar muito.
       
      

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