O orfanato não é tão horroroso como as pessoas dizem, mas viver em meio de tantas crianças não é muito animador. Eu já havia feito as minhas malas e estava esperando me buscarem, antes de me perguntarem, sim fui a escola mas nada de mais aconteceu, Amanda faltou então fiquei sozinha.
Chegaram, estou aflita dentro desse carro, acabo soltando algumas lágrimas em meio a tanto ódio e medo, mas não há nada que eu possa fazer a não ser aceitar que agora minha vida é assim, só que eu não aguento mais ter que me acustumar com tudo, que meu pai é um agressor, que minha mãe morreu, que eu sou sozinha.
Acabamos de chegar, a porta é bem grande, e o orfanato é cinza, nem parece que vivem crianças aqui dentro. A casa é bem grande, o quarto tem muitas camas, tenho que admitir que vou sentir falta do meu quarto e minha privacidade.
A rotina daqui é muito exigente, e uma das regras é ficar sem celular, então só irei usar escondido, os funcionários são muito rígidos e chatos, nem um dia dentro desse lugar e já quero fazer 18 anos logo, meu aniversário é só em dezembro e ainda estamos em fevereiro, só de pensar que terei que ficar aqui por 10 meses me da um desanimo.
Aqui é um orfanato feminino, só possui meninas, não conheço nenhuma e nem quero conhecer.
Meu primeiro dia já foi um inferno, o alarme daqui é 50 vezes pior do que o do meu celular, parece uma sirene, acordei e me levantei, todas as meninas foram ao banheiro, eu não vou ficar dentro de um cômodo com 20 garotas, vou esperar esvaziar. Finalmente só sobraram 3 meninas no banheiro, então entrei tomei banho e escovei os dentes:
_oii!_ uma menina que aparentava ter uns 10 anos falou comigo
_oi_ digo secando o cabelo com minha toalha
_é... Você é nova aqui né?
_você já me viu aqui antes?_perguntei ironicamente
_não_ ela diz toda feliz com um sorriso no rosto, me lembrei da Amanda
_então eu sou nova aqui_ digo seca
_ah que legal! Você ta gostando daqui?
_ não_ digo sinicamente e saio do banheiro
Fui ao refeitório e apenas bebi um suco que mais parecia água com açúcar e fui até a porta pra ir a escola:
_mocinha mocinha, aonde acha que esta indo?_ diz uma idosa que mais parece que foi e voltou do além
_pra escola_ digo sendo direta
_e você acha que vai ir sozinha assim?_ ela solta uma risada seca
_sim_ respondo, e a expressão dela muda
_trate já de esperar as outras garotas, todas vão juntas_ Nem no caminho da escola eu vou ter paz.
Depois de um tempo todas as garotas já haviam descido, e fomos de escola em escola o que era uma eternidade. Finalmente a minha escola, como era bom me afastar delas, fui ao banheiro e lavei meu rosto, tomo um susto com Amanda
_bom dia flor do dia!_ diz ela dando uma risada
_bom dia!_ respondo com outro sorriso_por que você faltou ontem_ pergunto
_eu tinha uma consulta no hospital_ diz ela com uma expressão de tristeza
_o que aconteceu? Ta doente?_ digo preucupada
_não se preucupe, está tudo bem!_ diz ela com um sorriso meio forçado, mas o sinal bateu antes que eu pudesse falar outra coisa
Sentei na minha carteira e Amanda sentou na sua ao meu lado. Quando a terceira aula acabou fomos ao pátio, sentei no banquinho de sempre e peguei meu fone, como era bom ir novamente pro meu mundo, até que Amanda se senta ao meu lado
_oii, será que eu posso ouvir música com você?_ela pergunta me fazendo soltar um sorriso amigavel
_claro, pega_ digo entregando um fone pra ela, no momento eu estava ouvindo "Best part" de Daniel Caesar e H.E.R. Ficamos sentadas apenas ouvindo a música, era tão bom o sentimento de saber que ela está ao meu lado, mas isso acabou rápido quando o sinal tocou, odeio sinais
As aulas acabaram, sinceramente queria continuar na escola do que voltar ao orfanato, avistei a van lá fira e me dirigi a saída até que tomo um susto quando Amanda me puxa.
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Sozinha
Teen Fiction"Eu sou inútil, minha opinião não importa, eu sou só mais uma pessoa no meio de tantas, eu não sou ninguem"