Os líquens de alface espalhados pelo chão, se destacavam em meio a terra úmida, sua coloração verde- amarelada, passava para um tom mais escuro, devido a imensa escuridão que incendiava toda a floresta de Hoh rain, os imensos abetos dançavam sutilmente de um lado para o outro, seus cones haviam brotado em grande escala, em muitos dos galhos que haviam em cada árvore, as copas, apenas deixavam pequenas frestas de um gigantesco céu estrelado.
Ao redor da Mata, o chirriar das corujas pintadas era o único som que podia se ouvir naquele vasto matagal, em um ponto aleatório, surgia uma luminosidade de coloração dourada, que de miúda, se tornou do tamanho de um ser humano comum, a aura que agora brilhava a floresta, lançou dois corpos que caíram ao chão, Sarah e Murray se levantaram lentamente, as calças jeans de ambos se tornaram uma mescla de terra com musgo, até mesmo os sapatos instantaneamente mudaram sua coloração, logo em seguida, a luz que os trouxeram desapareceu, enquanto Sarah dizia:
— Aonde estamos agora? Me sujei toda!
Sem a responder, Murray transformava seu celular em uma espécie de lanterna, mirando sua luz ao chão e aos troncos ao seu redor.
— Vamos garota, pegue isto! — disse Murray, transformando um pequeno chip, em uma belíssima e equipada lanterna, a qual podia mudar de cor e regular sua intensidade. Sarah se encantou com aquilo, enquanto dizia:
— Que lugar é esse?
— Precisamos ver alguém, alguém que mora nesta floresta — Ah, estamos em Forks, Washington, na floresta de Ho rain, e sim, dessa vez, eu sei aonde viemos parar — disse Murray, manuseando a sua lanterna, procurando algum caminho.
— Você nos trouxe pra uma floresta? Em Washington? Por favor, me diga, que você sabe andar nesse lugar! — respondeu Sarah, tambem manuseando a sua lanterna, mirando nos troncos, e no solo sob seus pés.
— Não garota, eu não sei, mas eu vou descobrir, ou melhor, nós vamos... Acho, que é por ali, vamos! — disse Murray, apontando e caminhando em direção a uma trilha com alguns cones de abeto amadurecidos.
Sarah hesitou por um instante, porém, não demorou a seguir os passos do professor por aquela trilha. Enquanto caminhavam vagarosamente, Sarah perguntou:
— Escuta? Quem estamos procurando?
— É um velho amigo meu! A última vez que o vi, me disse que, quando precisasse o procurar, deveria vir até aqui — disse Murray.
A trilha era cercada por diversos abetos, os cones de sementes amadurecidos se encontravam no solo, as luzes das lanternas, hora ou outra, apontavam para algumas das espécies que ali habitavam, uma lesma de banana, fez Sarah quase se espatifar ao chão, devido ao susto que levara ao apontar a luz da lanterna na beirada de um tronco, o chirriar das corujas , ainda eram ouvidos, elas apareciam frequentemente pela noite, e na quietude de ambos, era o único som a se ouvir.
— Professor?
— Diga, garota! — respondeu Murray.
— Na sua primeira aula, na nossa escola, eu, por algum motivo, consegui voltar no tempo, e avançar logo após, eu vi a mesma cena, umas quatro vezes... Você acha que isso tem a ver com esse anel? — perguntou Sarah.
— Talvez!
— Você estava com ele, naquele dia? — perguntou Sarah.
— Ele sempre esteve comigo, embora, eu nunca tenha descoberto nada demais sobre ele... É Por isso que estamos aqui, o homem que procuramos, conhece muito sobre artefatos antigos e poderosos, talvez ele nos ajude a entender oque é este objeto.
— Desculpe professor, mas, o senhor tem quantos anos?
— Eu? Tenho Quat.... Tenho 40, 40 anos! — respondeu Murray, largando um ligeiro sorriso que parecia preocupante.
— Bom, eu perguntei, porque esse objeto é antigo, deve estar bastante tempo carregando ele então! — disse Sarah.
— Já devo estar uns 20 anos com isto!
— Os mutantes se relacionam? Tipo, eles casam? — Perguntou Sarah.
Murray, instantaneamente, dirigiu um olhar perplexo a Sarah, enquanto lhe respondia dizendo:
— Ora, mas que pergunta é essa? É claro que se relacionam! Eles se casam, tem filhos, assim como todo mundo.
— Você tem família, professor? — perguntou Sarah.
Murray, que caminhava vagarosamente pela mata, paralisou ao ouvir a pergunta de Sarah, foi como se algo assombroso e assustador, estivesse parado diante dele, durante alguns segundos, Murray entrou em um estado de devaneio, não ouvindo Sarah que o chamava:
— Professor? Professor?
Murray fitou Sarah assustado e sem fôlego.
— Tudo bem professor? — disse Sarah, apontando lanterna em Murray.
— Sim, tudo bem! — respondeu Murray.
Os dois continuaram pela trilha, e, novamente Murray se pôs a falar, dizendo:
— Bem, meus pais já se foram a muito tempo, meu irmão também, pra falar a verdade, eu vivo sozinho.
— Você tem mulher, filhos? — perguntou Sarah.
Murray hesitou por um momento, e Sarah disse:
— Tudo bem, se não quiser falar!
— Eu já tive uma noiva!
— Mas não casaram?
— Não, acabou não dando certo! Apesar de eu achar que ela era o meu grande amor!
— É difícil! — disse Sarah.
— Eu até me relacionei com outras mulheres, mas, não acabou dando certo com elas também! Então, preferi me manter sozinho, e focar inteiramente em meus estudos.
— É, o importante é estar bem! — disse Sarah.
A conversa havia cessado, os dois acabaram caindo em uma trilha repleta de cicutas, onde também, haviam cones maduros em volta do tronco de cada uma das árvores, conforme andavam, cada vez mais, ouviam um barulho de águas tranquilas, Murray começava a achar que estavam próximos de algum vale, logo adiante, estava o vale do rio Hoh, um rio que se iniciava na geleira Hoh e fluía através do parque nacional, e da floresta de Hoh.
— Estamos no parque Nacional olímpico! — disse Sarah.
— Isso mesmo! Você é esperta, garota!
— Nossa, quem iria morar em uma floresta turística?
— Ele tem suas razões, e quase ninguém sabe que ele reside nesta floresta! O famoso rio Hoh, está logo adiante.
A trilha em que caminhavam, findou em um grande vale, o qual abrigava aquele que chamavam de rio Hoh, o céu estava repleto de estrelas, que iluminavam aquela imensa escuridão da floresta, os dois apontavam as luzes de suas lanternas em direção ao rio, enquanto Murray disse:
— Estamos perto! Ele me informou, que estava próximo ao rio Hoh! Vamos seguir a direção do rio.
Após uma breve caminhada pelas margens do rio, ambos deram de encontro com um pequeno abeto, a árvore, possuía uma aparência degradada, as cascas de seu tronco já haviam caído quase por completo, os cones em excesso, rodeavam-na junto de uma quantidade demasiada de folhas velhas, contudo, o mais insólito dos acontecimentos, era que, o abeto que ali estava, não tinha o tamanho de um abeto de sua idade, e suas folhas, eram de uma coloração amarelo dourado misturado a um marrom escuro por conta de sua idade, as duas lanternas apontavam para a pequena árvore, Murray avançou dois passos a frente, esfregou sua cabeça com a mão esquerda em sinal de dúvida, enquanto dizia:
— Como era mesmo?
Deu mais dois passos adiante, e logo disse:
— Ah, sim, me lembrei!
E disse Murray em forma de poesia:
“Quando no vasto rio se vislumbrar”
A oeste ele o guiará
No velho tronco miúdo
Entre os fulvos esgalhos, hei de encontrar.
Após o recitar, nada havia acontecido, Murray fitava a velha árvore esperando algo ocorrer, bastou alguns segundos, o vento soprou mais forte, o chão começou a vibrar, seguido de uma constante tremedeira que parecia querer rachar o solo, Sarah e Murray, se posicionaram em postura de alerta, se aproximaram e apontaram ambas as lanternas ao pequeno e velho abeto, a terra ao redor da árvore, se movia rapidamente para todas as direções, em um instante, a árvore que estava ao chão, se encontrava agora em cima de uma grande espécie de toca, feita inteiramente de madeira, as luzes por dentro se acenderam, através de duas janelinhas retangulares, uma na esquerda e a outra na direita, Sarah e Murray, que a olhavam perplexos, abaixaram as duas lanternas, a porta ao meio se abria delicadamente, trazendo consigo a grandiosa luz que saía de dentro da toca, o que dava para ser visto como uma sombra, caminhava serenamente do interior da casa, e, a cada segundo que se aproximava da porta, conseguia-se enxergar mais nitidamente, um homem, que trajava um manto fino de uma cor acinzentada, calçava sandálias feitas de couro, seus cabelos ondulados, que passavam pouco as orelhas, se destacavam em um penteado caótico, era um homem de estatura média, os olhos esbugalhados e ao mesmo tempo rasgados, olhavam serenamente para Sarah e Murray, enquanto perguntava:
— Eu sou Kykía Spruce, quem são vocês? E o que desejam?
Murray subitamente deu alguns passos adiante, enquanto dizia ao homem a sua frente:
— Olá Kyki!
— Rich? É você? — perguntou Kyki.
— Já esqueceu a minha aparência? — disse Murray se aproximando de Spruce.
— Há quanto tempo Rich! — disse Kykía, abrindo seus braços em um gesto de abraço , enquanto se dirigia ao encontro de Murray.
— É Kykí, demorou, mas eu vim! — disse Murray, que envolvia Spruce em um carinhoso abraço apertado.
— Você não envelheceu nada Rich! Está do mesmo jeito de antes!
— Nem tanto! Ah, aquela é Sarah, Sarah Jackson — disse Murray, virando-se para Sarah.
Sarah se aproximou timidamente, enquanto dizia:
— Muito prazer, senhor!
— O prazer é meu, senhorita Jackson! — disse Kykía, enquanto fazia um gesto de reverência.
Por poucos segundos, os três se calaram, até que, Spruce disse:
— Bem... Querem entrar? Vou preparar um chá para vocês!
Ao adentraram a toca, se depararam com uma belíssima e simples decoração feita de diversas espécies de madeira, os móveis, as janelas, a mesa, até mesmo as cadeiras e poltronas eram envoltas de pequenas raízes, a lareira, que também era envolta de raízes, ardia em chamas, os aquecendo da gelada noite em Hoh rain, o porta chapéus, estava repleto de chapéus de camurça, de couro, e de pano, com penas em cima, e no alto dele, uma coruja pintada, de cor amarelo vivo, os observava com atenção em um abrir de asas e um chirriar constante.
— Acalme-se Flavo, são convidados! — disse Spruce a coruja.
Em um instante, a coruja se aquietou, abaixando as asas somente se contentando em observa-los.
— Fiquem a vontade! — disse Spruce, colocando uma pequena panela de água, em cima de um fogão a lenha.
Sarah e Murray se sentaram cada em um banco de madeira, envolto por raízes, enquanto Spruce preparava o chá.
— Sem açúcar o seu, Rich?
— Sim, obrigado! — respondeu Murray.
— O seu jovem?
— Com açúcar, por favor! — disse Sarah.
— Então Rich... A que devo a honra dessa visita? O que anda fazendo?
— Bom, eu ando me ocupando muito, dando aula, e fazendo pesquisas nas horas vagas.
— Fascinante! — respondeu Spruce
— E vejo, que se mudou para um lugar nem um pouco aparente, não é mesmo?
— Eu vivo bem aqui, Rich. Depois que os Maidas, me baniram e me exilaram da tribo, passei por momentos turbulentos, depois, vim parar aqui, onde vivo escondido, mas, bem! — disse Spruce.
— Já faz muito tempo, realmente é um lugar bem agradável!
Sarah se mantinha calada, observava os quadros em volta da casa, as molduras, também eram feitas de raízes escuras, com um leve tom esverdeado, algumas das imagens, mostravam paisagens lindíssimas, florestas de diversos tipos, outras, um grupo de pessoas, todas vestiam mantos, como os de Kykía, e pareciam ter uma feição radiante em seus rostos.
— Realmente, aquele caso do seu primo, foi um dos melhores, não tem como não esquecer! — disse Murray enquanto gargalhava.
Spruce e Murray, conversavam sobre suas memórias, e momentos que passaram juntos, enquanto Sarah se contentava em observar a toca .
— A senhorita ao seu lado, é uma mutante Rich? — perguntou Spruce, enquanto prepara três xícaras de chá.
—Segundo ele, eu sou! — disse Sarah apontando o dedo ao professor.
Murray apenas acenou com a cabeça, e Sarah voltou a dizer:
— Pra ser mais exata, acho que descobri a mais ou menos, umas duas horas! E moço! Eu vou te contar, ainda tô achando que tudo isso é uma piada.
— É quase sempre pavoroso, a sensação de descoberta! — disse Spruce, largando um sorriso de canto a Sarah, enquanto lhes entregava duas xícaras de chá uma para cada.
— Kyki, eu quero lhe mostrar uma coisa! — Garota, me dê! — disse Murray, estendendo a mão a Sarah, enquanto a mesma lhe entregava o pequeno anel de Safira.
Spruce analisou de longe o pequeno objeto, enquanto tomava um gole de seu chá.
— Foi por isso que eu vim, Kyki, dê uma olhada! — disse Murray oferecendo o anel a Spruce.
Kykía girava o anel em sua mão, sem dizer absolutamente nada.
— Você sabe o que é isso Kyki? —perguntou Murray.
— Me parece um anel comum! — disse Spruce, ainda contornado o anel entre os seus dedos.
— É, eu também pensava, mas, ele não é um anel qualquer, eu estou com ele por cerca de 20 anos, aliás, quando nos conhecemos, eu já o possuía, eu nunca comentei nada sobre ele porque pensei ser um simples objeto.
Spruce, tirou os olhos da joia, e agora encarava Murray, com seus olhos cor de esmeralda, dizendo:
— Aonde encontrou isso? Rich!
— Acredite, é uma longa história, foi um acidente, e eu não conheço nada sobre ele, tentei por um tempo pesquisar sobre, mas logo, larguei de mão.
Spruce fitou novamente o anel, por uns segundos se manteve em silêncio, mais um singelo gole em seu chá, se pôs a falar:
— Eu não faço ideia, do que se trata essa joia, lamento Rich, mas, apesar do meu conhecimento em artefatos antigos, joias e objetos raros, eu não sei realmente a origem, ou o que é esse anel.
— Não sabe nada, que esteja relacionado ao tempo? Senhor Spruce — perguntou Sarah.
— Isso tem a ver com o tempo? — disse Spruce.
— Achamos que sim, Kyki! — disse Murray, virando um gole rápido de seu chá.
Spruce pousou a xícara sobre a mesa de madeira, e se pôs a levantar, ainda com o anel em sua mão, se virou sentido a lareira, seus dedos entrelaçavam o objeto, enquanto dizia a Murray:
— Eu não sei do que isso se trata, contudo, se preferir, eu posso ficar um tempo com ele, analisa-lo, talvez eu descubra a sua origem.
Murray franziu as sobrancelhas, e alguns segundos após, lhe respondeu:
— Olha Kyki, seria de tremenda ajuda, mas, esse objeto é perigoso, algumas pessoas vem me perseguindo a algum tempo por conta dele.
— Estaria seguro comigo aqui, e seria apenas por um breve tempo... Interessante, ele parece realmente ser poderoso — disse Spruce, ainda olhando fascinado para o anel.
Murray olhou Sarah de canto, e apressadamente disse:
— Kyki! Realmente o chá estava ótimo, mas, acho que é melhor nós irmos.
Sarah, no mesmo instante, observava as duas janelas da toca, percebeu algumas sombras se aproximando a casa de Spruce. Ao lado de fora, um pequeno grupo de cada espécie, se aproximava vagarosamente ao redor da toca, linces, coiotes, pumas e ursos. Sarah tentava alertar Murray, de que havia algo estranho no lado de fora.
— Professor! — cochichava Sarah, preocupada.
— Não nos vemos faz anos, e você já quer ir embora depressa assim Rich? — disse Spruce.
— Preciso levar a garota pra casa, sabe como é né?
— Professor! — Sussurrava Sarah, desesperada a alertar o professor, em mais uma tentativa sem êxito.
A coruja voltava a bater as asas loucamente, e seu chirriar escandaloso penetrava os ouvidos de todos presentes. Spruce ainda calado, focava seu olhar a lareira em chamas, enquanto dizia:
— A garota não precisa disso Rich!
— Professor! — Sussurrava Sarah mais uma vez.
— Eu nunca disse, que esse anel... Tinha algo a ver com a garota, Kyki! — disse Murray, em uma feição extremamente fechada.
Os animais que cercavam a toca, se aproximavam cada vez mais, Sarah agora os enxergava perfeitamente, ansiosamente Sarah cutucava Murray, enquanto dizia:
—Professor... Professor!
— O que é, garota?
Após conseguir sua atenção, Sarah apontava com a cabeça e mãos, diretamente para as duas janelinhas retangulares, Murray subitamente, se pôs a olha-las, o espanto eminente, desceu sobre o seu semblante, logo quando entendeu o que estava acontecendo, virou seu olhar novamente a Spruce, lhe dizendo:
— Kyki!!!
— Eu lamento Rich!... Não posso deixar uma oportunidade dessas, passar diante de mim!
Murray transformou sua lanterna em uma espécie de pistola, de cano médio escondida em suas costas, fitou Sarah de canto, enquanto lhe murmurava:
— Pega isso!
Murray se pôs a encarar Spruce novamente, lhe dizendo:
— Devolva esse anel Kyki.
Spruce se virou delicadamente aos dois, Flavo, a coruja, chirriava sem parar, e Spruce lhe respondeu:
— Vocês não poderão sair de Hoh rain hoje!
O clima amistoso em que estavam, em um instante, passou para uma tensão enorme, durante poucos segundos, os três se calaram, até que, de repente, Murray se pôs a frente de Sarah, enquanto dizia:
— Se abaixe garota!
O disparo que saiu de sua arma , foi bloqueado por um escudo de raízes, que se formava no peito de Spruce, enquanto simultaneamente, os braços de Kyki, se esticavam e se amarravam nos calcanhares de Sarah e Murray, os dois braços de Kyki, se transformaram, deixando sua forma humana, para um par de raízes com alguns galhos e folhas, Murray insistiu em disparar alguns tiros em Kyki, que por sua vez se protegia tranquilamente de todos os ataques, com seu escudo feito de madeira resistente. Os rugidos e uivos, eram a todos ouvidos, enquanto Sarah e Murray tentavam desprender seus calcanhares, Spruce balbuciava algumas palavras, fazendo toda a parte de entrada da toca desaparecer dando lugar, a um buraco, onde podia- se ver agora, toda a floresta, juntamente dos animais que se aproximavam.
— Nunca imaginei, que isso estaria com você Rich! — disse Spruce.
Murray não o respondeu, se contentando apenas em tentar livrar sua perna de Spruce.
— Kamev kater! — Balbuciou Spruce.
Após as palavras de Kykía, os diversos animais em frente à toca, avançaram sentido Murray e Sarah.
— Atire neles! — gritou Murray!
Sarah não esperou se quer um segundo, os coiotes e linces que avançaram primeiro, foram arremessados para longe da toca, por dois tiros potentes que Sarah disparou com a arma que Murray lhe dera, o mesmo se concentrava em disparar contra Kyki, que defendia todos os tiros, os disparos pareciam feitos de energia cósmica, sua coloração era idêntica a da energia que envolvia o teletransportador, e apenas um tiro, poderia fazer um tremendo estrago.
— Continue atirando, garota! — gritava Murray.
— As raízes em nossas pernas! Atire nelas! — disse Sarah, enquanto disparava junto a Murray nos galhos que os prendiam.
Spruce soltou um leve gemido de dor, enquanto as pontas de seus braços, ardiam em chamas por conta dos disparos, logo, retomou seus braços humanos.
— Garota, eu cuido do Kykía, proteja minhas costas, e eu as suas! — disse Murray de costas a Sarah, e a mesma de costas para ele.
As feras continuaram investindo contra Sarah, e cada vez mais, o número de animais aumentava.
— Eles são muitos, eu não vou dar conta, o que vemos fazer? — disse Sarah.
— Eu só preciso pegar o anel primeiro! — respondeu Murray!
Enquanto os dois discutiam, Spruce se transformava em uma grande árvore, a feição serena, passou para uma monstruosidade e seu tamanho aumentou duas vezes mais.
— Peguem eles! — disse Spruce com uma voz gravemente alterada.
Murray disparou com força nas diversas partes do corpo de Spruce, que tentava o derrubar com seus braços feitos de galhos, cujo esses, estraçalhavam e quebravam toda a mobília da casa.
— Não poderão escapar! — disse Spruce, largando uma rápida braçada em direção de Murray, que desviou deixando um imenso buraco em seu lugar.
Murray avistou o pequenino anel, no centro do corpo de Spruce.
— Já sei o que fazer! Garota! Se segura! — disse Murray, que transformava sua pequena arma, em uma mini bazuca, deixando Sarah de queixo caído.
— Olha pra frente garota! — disse Murray.
Um puma saltou em cima de Sarah, que ligeiramente o lançou de volta a floresta, com um belo tiro de sua arma. Enquanto Kykía tentava esmagar Murray, o mesmo desviava com sucesso de suas braçadas, aguardando sua arma carregar o disparo.
— Só mais um pouco! — disse Murray!
— Como vai pegar o anel? — perguntou Sarah.
— Eu vou destruir o escudo dele, e você vai pega-lo!
— O que? Tá brincando!
— Não temos tempo garota! Ótimo, carregou, se prepara!
— E o que eu faço depois? — perguntou Sarah, ainda disparando contra as feras que tentavam invadir a toca.
— Você só precisa chegar perto do centro da árvore, o anel responde unicamente a você.
Sarah havia atendido, voltando rapidamente a sua posição, impedindo os animais.
— Eu só tenho dois disparos, não posso errar! — disse Murray para si mesmo.
O cano da bazuca, já estava super aquecido, a luminosidade que saia da boca do cano, já estava prestes a explodir, Murray teve dificuldade em se locomover com o peso em sua mão, mas com um tremendo esforço, conseguiu mirar em Kykía, enquanto dizia!
— Fique atenta garota!
Pouquíssimos segundos antes do disparo, Spruce se revestiu com um escudo de madeira com formato cilíndrico. A explosão, destroçou toda a proteção de Kykía, que tonteava para um lado e para o outro, não bastou para Murray dizer:
— Vai garota! Agora!
Sarah abaixou sua arma, e desesperadamente correu velozmente em direção a Spruce, o brilho do anel, podia ser avistado de longe dentro das entranhas daquela árvore humana. Ao se aproximar da árvore, Sarah saltou e estendeu seu braço direito até o peito de Spruce, a aura que envolvia o objeto se expandiu, e rasgou seu peito deixando lascas voarem em todas as direções.
— Consegui professor! — disse Sarah, com o anel já em seu dedo, enquanto Spruce, agonizava em dor.
— Vamos embora daqui garota! — disse Murray.
As feras pareciam se multiplicar, a cada segundo, a floresta se infestava de animais, Murray apontou o seu último disparo, na legião de feras que corriam em direção a toca, o tiro foi o suficiente para abrir uma pequena trilha, e dispersar todos aqueles coiotes, linces e pumas.
— Temos que correr garota! — disse Murray.
Sem hesitar, os dois correram como se fosse a última coisa que fariam da vida, de longe Spruce retomava a consciência, estava furioso, e gritava a todos os animais:
— Peguem eles, não os deixem escapar!
Enquanto corriam, os uivos e rugidos, eram ouvidos a toda a floresta, por um bando de feras que os perseguiam, ao mesmo tempo, hora ou outra, Murray se virava a disparar alguns tiros em direção aos animais.
— Como vamos embora? — perguntou Sarah.
— Preciso parar para configurar o teletransportador!
— Já sei! Já fiz uma vez, acho posso fazer de novo! — disse Sarah, cessando os passos, virando-se as feras, e juntamente de um grito, levantou sua mão cujo estava o anel.
Extraordinariamente, todos os animais, congelaram, se moviam a uma velocidade imperceptível envoltos de uma imensa aura azul.
— Depressa professor!
— Eu sei, eu sei!
Sarah perdia as forças a cada instante que passava, alguns segundos seguintes, Murray ligou o teletransportador, enquanto dizia a Sarah:
— Pronto garota!
Sarah, impulsionou seu corpo cansado, diretamente ao teletransportador, os dois desapareceram em um piscar de olhos, e por pouco não foram apunhalados por um grupo de pumas que se encontravam próximos.
Já eram aproximadamente três horas da madrugada, o cansaço excessivo tomava posse do corpo de Sarah e Murray, que caíram aos arredores de Brownsville, em uma inóspita rua.
— Você está bem, garota? — disse Murray se ajeitando da queda.
— Se eu estou bem? Nós quase fomos mortos duas vezes em uma noite, eu tô com sono, cansada, e tudo por uma droga de um anel.
— Eu Lamento, garota, não podia imaginar que um velho amigo meu, faria isso!
— Com um amigo desses, quem precisaria de inimigos? — disse Sarah.
— Você precisa se esconder! A cada minuto, estão te procurando, em toda parte! Não são mais a mim que eles querem, e sim você! — disse Murray.
— Sabe de uma coisa? Eu nunca pedi isso, eu nem sei porque isso tá acontecendo, eu só queria uma vida comum, fazer minha faculdade, me tornar paleontóloga, sem essa de mutante, e ter que ficar fugindo.
— De uma forma ou de outra, isso faz parte de você, eu não sei como, mas faz! E se não se preparar, sempre vai ter que estar fugindo!
— Não, eu não tenho nada a ver com isso, eu não quero mais! — disse Sarah furiosa.
— Garota, me escute!
— Não, chega! — disse Sarah enquanto lançava o anel ao chão.
Ao se chocar no asfalto, o anel brilhou intensamente, ao ponto de inundar tudo a sua volta em energia.
— Garo... — disse Murray que foi interrompido, por uma mudança de cenário inesperada.
Sarah estava no mesmo lugar, o professor havia sumido de sua frente, o sol brilhava intensamente a ponto de lhe cegar as vistas, um carro buzinava atrás de Sarah, enquanto alguém dizia:
— Sai da frente! Tá querendo se machucar?
Sarah rapidamente avistou o anel a sua frente, estava no mesmo local em que o havia lançado, o apanhou e se dirigiu depressa até a calçada, tudo estava normal, as pessoas caminhavam pelas ruas, os comércios funcionavam, foi então, que Sarah se deu conta de que havia viajado no tempo, abordou um homem de meia idade que passava, e lhe perguntou:
— Senhor? Por favor! Que dia é hoje?
— Hoje é dia 13 de setembro, senhorita!
— De 2012?
— Sim! A senhorita está bem?
— Estou, estou, e que horas são? Por favor!
— São exatamente 17:30 da tarde!
— Ah não, não apareci na escola, e tô atrasada pro trabalho! Obrigado senhor!
Sarah saiu disparada feito uma bala, desviando de qualquer coisa em seu caminho, como havia virado a noite, seu uniforme já estava em sua bolsa, o sono, e o cansaço excessivo, foram totalmente esquecidos após Sarah descobrir que estava atrasada, como já estava em Brownsville, demorou poucos minutos até chegar no Binks Market.
— Cheguei, até que enfim! — disse Sarah.
Ao adentrar desastrosamente no estabelecimento, Sarah desesperadamente disse:
— Desculpe, o atraso, eu...
Sarah logo se calou, a sua frente estava tia Carrie que a olhava com a pior feição do mundo, e ao lado dela, com um casaco jeans, calças jeans, e uma trança única que passava os ombros, estava Zoey. Sarah se lembrou de que não havia mencionado a Zoey sobre nada.
— Oi Sarah! — disse tia Carrie, cruzando os braços.
Sarah respirou fundo, enquanto dizia:
— Droga!
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Contos do Universo - Azul Safira
General FictionUma jovem garota de Nova York, tem sua vida totalmente mudada quando encontra um artefato antigo, ao descobrir que é uma mutante, Sarah precisa proteger a todo custo o seu poder de seres de outros mundos.