- Isis? Preciso de você aqui!
A voz de Alexandre era calma e estava em súplica pela companhia dela. O imperador tinha muito apreço por Isis, sua fiel amiga desde a infância.
- estou indo Alexandre! É difícil carregar tudo isso. - haviam pelo menos dez livros equilibrados entre os braços da garota - é realmente tudo necessário?
- o mago disse que é.
Os dois amigos sempre estiveram interessados em práticas ocultistas, viver eternamente parecia algo acessível quando o mago estava fazendo experimentos. Anos de estudos e testes.
Isis finalmente entrou no compartimento secreto com tudo o que haviam pedido a ela, todos os livros recém fabricados com papiros frescos.
- aqui está. - disse colocando sob uma mesa - eu não busco mais nada, essas coisas são pesadas.
- nhe nhe nhe incompetente - o mago tinha uma voz coerente a idade avançada e de vez em quando ele se afogava enquanto tentava dizer algum feitiço, então precisava recomeçar tudo novamente. Ele dizia que era por conta do clima seco e que Alexandre não o tratava adequadamente.
Alexandre riu enquanto passava a mão nas costas do mago que revirava rapidamente todos os papiros. Isis sabia que cedo ou tarde, se quisesse viver eternamente, teria que participar de algum ritual. Parecia muito vantajoso para ela tal ato, poderia ser considerada uma deusa durante diversas gerações e a ambição latejava em seu peito.
- tem alguma previsão de quando vai concluir os estudos? Não quero ser imortal no corpo de uma velha.
- na verdade já está quase tudo pronto, só precisamos esperar a lua cheia e quando a luz dela iluminar a ponta da pirâmide é só fazer balacobaco no nosso primeiro teste.
- assim tão simples? - Alexandre parecia desconfiado com a facilidade.
- não imperador, é mais complexo mas estou resumindo para Isis saber o que vai precisar passar daqui poucas luas.
- eu? Por que eu?
- não podemos arriscar dar imortalidade para alguém não confiável.
- olha lá seu velho rabugento - ela segurou a gola da túnica dele - se estiver tentando me matar atoa prometo que volto do além para te assombrar.
- parem vocês dois. Isis está certa, é arriscado mas não temos muita escolha.
- na verdade acho que temos sim, podemos pegar aquela viajante e tentar nela.
Há poucas semanas uma mulher de meia idade estava passando pela região, aparentemente queria seguir viajem para o sul mas decidiu parar na Alexandria para se divertir um pouco. O imperador não gostou muito e decidiu a prender, Alexandre sempre foi meio precipitado mas agora a intrusa parecia um bom alvo.
- e se ela não morrer e continuar vivendo eternamente? Teremos um problema com mais uma divindade. - disse Alexandre enquanto coçava a barba.
- eu acho... - o mago disse começando a tossir mas Isis logo enfiou uma jarra de água nas mãos do mago que tomou rapidamente o líquido mas ainda assim tossiu um pouco - tá, façam o que quiser o problema vai ser de vocês dois mesmo.
- o que pode dar errado? - Alexandre indagou.
- o que pode dar certo no caso, vocês querem botar uma estranha pra tentar um ritual poderoso. Se alguém acabar morto ou com alguma maldição eu não vou ajudar.
- para de ser dramático macumbeiro, vai dar certo sim e depois disso nós três vamos ser ainda mais fortes e derrotar a viajante.
Alexandre sorria para ela, Isis sempre foi muito otimista e o amigo adorava essa qualidade.
- então está decidido. Mago, nos mantenha informados sobre tudo, o teste será na viajante.
O mago resmungou concordando mas não feliz.Os dias se passaram normalmente e em pouco tempo já havia chegado o tão esperado dia do ritual. Lá estavam as quatro silhuetas a luz forte da lua, o mago desenhava símbolos com uma vara no chão de areia enquanto Isis brincava com as madeixas da viajante. O cabelo dela era castanho claro, na altura da cintura e brilhava ao luar.
- o que vocês vão fazer comigo?
- relaxa, vamos apenas testar alguns estudos e logo você tá liberada. - Isis não parecia confiar tanto nas próprias palavras.
- que tipo de estudos?
- alquimia, já ouviu falar?
- não.
- não se preocupa viajante, aliás qual seu nome?
- Antonietta.
- ok Antonietta, só faça tudo o que mandarmos e você não irá se machucar. - ela deu uma piscadela.
Antonietta se arrependera tanto de ter começado essa viagem, ela só estava atrás de pistas de alguns parentes que haviam desaparecido no Egito mas não esperava acabar presa e vítima de um possível ritual.
- terminei, podem trazer a cobaia. - o mago batia as mãos para sair a areia dos dedos enquanto olhava orgulhoso para o enorme símbolo no chão. Haviam também objetos nas pontas do símbolo maior, objetos que Antonietta nunca havia visto antes e não conseguia dizer o que eram.
- se forem me matar façam isso rápido.
- queremos exatamente o contrário. - o mago disse com um sorriso malicioso enquanto dava certos pulinhos estranhos envolta dos símbolos. - tragam-a!
Isis empurrou Antonietta que relutou um pouco antes de ficar no centro do símbolo, não havia muita esperança pra ela. O certo era apenas aceitar seu destino, morrer ali.
As três pessoas estavam sentadas olhando para a garota, estavam ansiosos para ver o que ia acontecer. Antonietta já estava amarrada no chão haviam alguns minutos e absolutamente nada acontecia, aquilo era uma piada?
O tempo foi passando e ela ia conseguia ouvir murmúrios baixos de reclamações de Alexandre e Isis, o mago porém assegurou que faltava pouco para acontecer e que todos eles veriam quando chegasse a hora.
Após muita espera todos já estavam cansados e com sono, Antonietta porém estava nervosa o suficiente para não conseguir nem sequer relaxar os músculos na areia fria. Ela ficou atenta e ao perceber que seus três opressores haviam dormido amontoados no chão, começou um plano de fuga.
Ela foi pouco a pouco soltando as cordas que a amarravam e usando habilidades de sobrevivência que nem sabia que tinha. Agora ela estava livre.
Sem fazer barulho começou a correr em direção ao deserto, ela sabia que teria que arranjar um lugar para se esconder que nem a guarda do imperador a encontrasse e nem o clima a matasse, seria um trabalho complicado mas ela estava disposta a tentar.
Antonietta não se lembrava que corria tão rápido e nem que demorava tanto a cansar, continuou correndo até que parou e começou a analisar seu próprio corpo. Ela não estava suada, não se sentia cansada, se sentia livre de uma forma inexplicável. Havia mesmo o ritual funcionado de alguma forma?
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Mistério Sobrenatural
AventuraAlgo que escrevi mas ainda posso modificar e acrescentar bem mais