-Fala logo vó! Pelo visto não temos muito tempo...- Observando a falta de paciência da garota, resolveu sanar todas as dúvidas da ruiva.
- Muito bem, cerca de 7 meses atrás recebi uma carta com o selo da nossa tribo- Mesmo que dez anos já tivesse passado, ainda era difícil falar de seu antigo lar, principalmente ao recordar da cena que presenciou antes de ir embora.
“Estava tudo acabado, não havia sobrado nem mesmo uma folha de pé, sua casa que costumava ficar perto do campo de treinamento estava destruída. Com toda certeza criar um túnel que ligava de sua casa a casa de sua discípula, foi uma das melhores ideias. A mulher queria ter conseguido concretizar toda a construção subterrânea, que de acordo com o projeto iria ligar todas as casas a uma saída que daria direto ao rio das ninfas do leste, entretanto não foi possível ir além de uma passagem apenas. O sentimento era de culpa, principalmente porque seu falecido irmão havia alertado o perigo dias antes de ser morto, e saber que seu povo poderia ter sido salvo lhe causava náuseas.
Voltou então ao porão escondido e acordou as duas crianças, sabia o perigo que seria sair com elas, entretanto continuar ali seria ainda pior. Vendou os irmãos e pediu que os pequenos não dissessem nenhuma palavra até que a mulher permitisse. Caminhou pelos escombros, sempre se esgueirando, fazendo o menor barulho possível e desviando de cada invasor que ainda permanecia ali fazendo a checagem, se certificando de que não restará mais ninguém.
Essa passagem durou cerca de 12 horas, e quando pôde enfim respirar, só desejou que mais alguém tivesse a sorte deles e conseguisse sobreviver. Chegando ao rio das ninfas do leste, a notícia já havia chegado a elas e não hesitaram em ajudá-los a cruzar as fronteiras.”- Como assim uma carta?- a menina estava extasiada, sequer achou que Poderia ser uma armadilha. -Tem certeza vovó?-
- É claro garota, temos um selo secreto que é ensinado a todos na transição da fase jovem para a adulta.- respirou fundo e continuou- O motivo de nunca ter lhe ensinado não é fácil dizer.... acreditei por muito tempo que talvez alguém pudesse ter sobrevivido, pedi às ninfas que se guiassem alguém de nossa tribo, dissesse que estávamos a sua espera, em cada novo vilarejo deixava nosso recado mas depois de um tempo, depois que nenhuma resposta chegava, fui perdendo as esperanças e acreditei que não restaram sobreviventes.- Levantando a senhora andou em direção a suas coisas e retirou de lá um envelope de cor discreta e com um pequeno selo de um rosa tão clarinho que quase se mesclava a cor do papel. – Mas como dito anteriormente, há cerca de 7 meses as ninfas entregaram-me essa carta, de início não quis acreditar mas sabemos que elas vêem a verdadeira face de quem as toca, portanto não foi difícil acreditar...Mas o que me deixou mais entusiasmada foi a mensagem contida nela. –
Ainda sem compreender muito bem, a garota abriu a carta e começou a tentar decifrar o conteúdo nela. Entretanto eram símbolos e formas que para si não fazia sentido, afinal não parecia em nada com a escrita de seu antigo lar.
- Vó, não compreendo!- Mesmo falhando em entender, a menina não tinha preocupação de devolver o papel, no momento queria apenas apegar-se a ele como um sinal de esperança.
- Esta carta é da Nortus...- Esperou por exatos cinco minutos, a jovem sair do transe que entrou para continuar. Ainda com a mais nova calada, o que era estranho para ela, continuou- Essa escrita foi inventada pela sua irmã e a melhor amiga, tudo para poder conversarem em segredo. Mas um dia acabei pegando um desses papéis em uma de minhas aulas, sendo assim as garotas não virão outra alternativa se não me ensinar. – Observando-a ainda processando emendou- Ela não entra em detalhes de como escapou, mas me afirma sua identidade a cada parágrafo e confirma que não poderia ser alguém passando-se por ela.-
Extasiada era como Elwin se sentia, imaginar que a irmã estava viva era expendido, mas ter essa certeza só abalava seu coração. Queria sair correndo e contar para o primeiro que cruzasse seu caminho. Mas ainda tinha algumas dúvidas. – E o que mais ela dizia? E o que Taz tem a ver com isso?-
-Bom...- Olhando o agora falecido ao seu lado esclareceu- A carta dizia que Nor tinha conseguido escapar e encontrar alguns sobreviventes dos ataques do fogo, e portanto encontravam-se sem lar. Juntos construíram um pequeno vilarejo na região sul, onde fizeram acordo de proteção com as ninfas do sul... sabemos que elas deveriam manter-se imparciais entretanto com a guerra, algumas delas haviam sido sequestradas para que seus dons fossem extraídos e logo em seguida mortas com Satur, fazendo com que elas se conectassem e sentisse a morte de cada uma, dolorosa, agoniante e lenta. –Nesse momento a garota esbanjou sua primeira reação desde a grande revelação na conversa, tristeza, sabia que Satur era um veneno para ninfas, seu efeito era simplesmente mortal, lento e extremamente doloroso. Além disso o veneno reage ativando a ligação de todas, fazendo de cada partida seja duplamente dolorida.
O uso de Satur lhe gerou uma dúvida, onde os seres do fogo poderiam ter arranjado? Esse é um elemento que foi praticamente extinto pela deusa da água, afinal ela também sentia a dor da perda de suas criações.
Vendo que a neta se perdeu em seus pensamentos, tornou a chamar sua atenção. – Como ia dizendo, essa carta nós deu esperança mas... Também nos mostrou o perigo. Quando Taz chegou já sabíamos quem ele era, afinal ele não era nenhum pouco discreto, ou pelo menos foi o que pensamos.- Percebeu que a conversa já estava durando tempo demais então começou a preparar a lareira com a tora certa para que quando jogasse o corpo ali, a cor da chama e o cheiro daria o sinal que precisavam. – Taz não era apenas um charlatão, era também um espião, não é comum que saltadores trabalhem para o fogo, entretanto sabemos que maçãs podres nascem todos os dias. E essa em questão estava nessa tribo com a missão de levar informações e preparar o exercito para o ataque, o que ele não esperava é que estaríamos aqui, para ele nossa raça já estaria extinta, então nos encontrar foi como achar ouro. Por outro lado Gar não é apenas um forte líder, tem também filhas perspicazes e bem treinadas, sendo assim ao investigar um pouco mais a vida do garoto, descobriram tudo. E como eu fui mestre delas por um tempo, me contaram tudo sem hesitar e junto de seu pai traçamos um plano de evacuar o clã e executar o espião, deixando parecer que ele apenas encontrou alguém com mais poder e se vendeu.
Parecia informações demais para serem absorvidas, sua avó matando um cara e depois revelando que na verdade ele era um espião do exército que apenas buscava a extinção de sua espécie. O fato de sua irmã estar viva e ainda a mudança repentina para sabe-se lá onde a mais velha esteja. Ainda tentando compreender tudo Ethan finalmente chega.
- O clã está pronto pra partir, temos que ser rápidos agora...
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Os Primeiros Filhos Da Terra
Science FictionEm uma terra onde elementares são seres sagrados capazes de criar vida, mas que estabelecem regras de convivência e interferências para não interromper o livre arbítrio de suas criações. A elementar da terra se vê em um abismo quando seu povo está...