Tudo começou.

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Joshua K. Beauchamp

— Some daqui, filho da puta! — Escuto ele gritar da porta de casa, enquanto dou partida no carro, mas antes de sair, mostro o dedo do meio.

Aumento o som no máximo, dirijo sem direção, para qualquer lugar longe daquela casa. Faço isso por horas, até o perceber que já está muito tarde.

Procuro mais um cigarro, mas já fumei as duas caixas que estavam aqui. Merda.

Paro no posto de gasolina e me dirijo para a lojinha 24h dali, percebo uma movimentação estranha antes de entrar... Foda-se, só preciso logo da merda do meu cigarro. Entro sem pensar duas vezes, vou direto ao caixa, mas não tem ninguém.

— Oi? Tem alguém aqui? — Alguém com voz de choro fala ao meu lado. Conheço essa voz. Me viro rapidamente para olhar, me arrependendo assim que bato os olhos naquele rosto inchado e meio molhado. — Beau, você por aqui? — Sua voz chorosa, agora agora soa provocante.

— Não fode Jacob, hoje eu não tô pra brincadeira.

— Você nunca tá. — Uma risadinha debochada. — o que houve? O papai brigou com você de novo, foi?

— Se você não quer que eu soque a sua cara aqui mesmo, eu te aconselho a calar a porra da boca.

— Não tenho medo de você, Kyle.

— Deveria ter.

— Por que? Acha que seus amiguinhos gangsters me dão medo é?

— Acho.

— Achou errado! — Um tiro. — Que merda é essa, Beauamp?!

— Eu não tenho nada a ver com esse tiro. — De repente vários seguidos.

Assustados, Jacob e eu corremos para nos proteger, ficando abaixados atrás dos freezers, parecia o lugar mais seguro da loja.

— Que porra é essa?! Vai me matar?!

— Já disse que eu não tenho nada a ver com isso, tá vindo lá de dentro!

Sete caras saem do interior da loja, com um baleado amarrado nas costas e mais três reféns.

— Puta que pariu, o que tá acontecendo? — Noah sussurra assutado.

— Shiu, quer que eles nos veja aqui? — Sussurro de volta.

Noah J. Urrea (Duas horas antes dos tiros)

— Mãe? Você bebeu de novo?

— Me deixa em paz, garoto. — Ela fala com uma garrafa de bebida no colo e um cigarro na mão, sua voz está completamente alterada pelo álcool.

— Mãe, você prometeu pra mim que ia parar!

— O que você quer que eu faça, hein? Acha que é fácil pra uma viciada lidar com a porra de um divórcio e com a porra de um filho viado?! — Sua voz sai embolada, o que dificulta de entender, mas entendi muito bem o que ela disse.

— Sabe o que eu quero que você faça, mãe?! Quero que você tome um rumo na sua vida! Ninguém aguenta mais você e esse seu vício! Foi por isso que meu pai foi embora e por isso ele levou a Lyn junto!

— Cala boca! Cala a porra da boca! — Ela joga a garrafa quase vazia em mim, atingindo meu braço de raspão. — Some da minha casa! Agora!

Não penso duas vezes antes de sair correndo de lá, com o braço levemente cortado. Apenas entro no carro e dirijo pra qualquer lugar longe dali.

Não consigo respeitar direito, meu peito tá doendo, não enxergo muito pelas lágrimas nos meus olhos. Merda de crise! Só quero que isso tudo passe logo...

Não quer ser o viadinho de merda, não quero ser um mal exemplo pra minha irmã, não quero ser uma decepção pros meus pais. Tô cansado disso tudo.

Preciso parar de dirigir, ou vou acabar batendo a merda desse carro. Preciso me acalmar.

Paro o carro rapidamente, o que me faz ir pra frente com o impacto da freiada. Não me importo com a dor de ter batido a cabeça, só quero que isso passe de uma vez.

9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1. Respiro fundo. E conto de trás pra frente mais uma vez, repito isso várias vezes, até realmente me acalmar. Mas não consigo parar de choramingar.

Sempre funciona. Contar me ajuda a não pensar e respirar me ajuda a não morrer.

Olho pela janela e percebo tudo escuro ao meu redor, exceto pela luz azul e rosa brilhando em um letreiro mais afrente. Um posto 24h, tudo que eu preciso!

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⏰ Última atualização: Aug 05, 2022 ⏰

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