Hunters Capítulo 21: Sinergia de Grupo Parte 2

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Escrito por Victor Oliveira


Hunters Capítulo 21: Sinergia de Grupo Parte 2


Pessoas correndo para todos os lados em completo desespero, carros batidos, engarrafamento e um enorme monstro réptil descontrolado no meio da rua. Deus, o quê eu faço?

— O quê eu deveria fazer?! — Um turbilhão de pensamentos corria por minha cabeça e era impossível decidir o quê fazer. Pânico. Ansiedade. Pressão. Desespero!

Abruptamente o monstro avançou correndo em nossa direção. Aiko se virou para fugir e nesse instante tudo ficou lento para mim... A vida passando diante dos meus olhos como se fosse um flash de câmera. Passado, presente, futuro... Sonhos, conquistas, aprendizados... Tudo em vão. Tudo se perderia naquele momento. O momento da minha morte, um momento de completa impotência... Nesse momento uma imagem me veio a cabeça, um último pensamento antes da morte... Era Hiroshi... Ele estava sorrindo, sua expressão passava uma sensação de confiança e conforto. Naquele momento eu sabia o quê precisava fazer.

Quando voltei a realidade, mergulhei as mãos ao chão a toda velocidade e fechando os olhos liberei toda minha vontade em um único propósito: Sobrevivência. A mais desesperada e instintiva aposta pela sobrevivência.

— CONGELE!!! — Por favor, congele!

Após poucos segundos, silêncio... Quando abri meus olhos, foi para presenciar a boca da criatura já aberta em posição de me abocanhar, porém para minha felicidade ela já estava congelada... Assim como toda aquela área da cidade.

Uma cena tão chocante que somente meu sentimento de culpa superava o choque. O demônio completamente estático dentro de uma formação cristalina de gelo, pessoas, carros e partes de prédios completamente congelados... Aiko, Pobre Aiko, que não queria nem mesmo vir, agora estava presa em um bloco de gelo na posição em que corria e o semblante de mais puro e genuíno desespero.

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto enquanto o remorso e o peso da responsabilidade de todo aquele caos me tremiam até os ossos — E-Eu fiz isso?...

Sons de passos... Me virei apenas para avistar Victor vindo em minha direção com uma expressão de surpresa.

Gaguejando, em soluços e chorando eu comecei desesperadamente tentar me explicar — M-Me desculpe! E-Eu não queria...! Eu não... — A cada passo que ele se aproximava, mais meu coração se agitava pela culpa, mais desesperada eu me sentia, mais as coisas ficavam embaçadas e mais eu queria chorar. O que foi que eu fiz?! — E-Eu...

Não houve explicação ou resposta que eu pudesse dar quando ele me alcançou, pois ele me envolveu com os braços e em um sincero e acolhedor abraço me disse — Está tudo bem... Você não fez por mal...

Eu desabei em lágrimas e com a voz falha questionei — E-Eu matei essas pessoas...?

— ... Possivelmente...

— Eu sou um monstro...?

Ele me abraçou um pouco mais forte e sussurrou uma resposta no meu ouvido — Talvez sim, talvez não, isso não importa realmente. O quê importa é que eu estou aqui agora e vai ficar tudo bem... Ok?

— Ok...

— Vamos para sede.

Balancei a cabeça confirmando pois já não aguentava mais falar. A garganta estava seca, o remorso me corroía, as lágrimas caiam sem parar pelo meu rosto e meu nariz escorria de tanto chorar. Começamos a caminhar abraçados em direção a sede e Victor puxou o celular do bolso, ligou para algum número salvo na discagem rápida e disse:

— Alô, Quatro olhos? Ative a C.L.D para a nossa localização atual e mande alguns reanimadores. Temos uma baixa de enfermeira, a Aiko, e possivelmente vamos precisar apagar o histórico desse ocorrido no raio de toda a cidade. Também mande alguém da C.C.D... Deixamos um espécime vivo e imobilizado para trás... Victor, Rank-A, 93,7%, Fim de transmissão. — Após isso, meu mentor desligou e guardou o celular no bolso.

Ele não me soltou nem por um minuto, estando ao meu lado durante toda a caminhada e até quando me sentei para tomar um calmante já na sede. Mas tudo bem, eu não queria que ele me soltasse. Naquele instante eu só queria um abraço, uma bebida quente e alguém para me fazer sentir que estava tudo bem. Após um longo tempo, eu me recompus.

— Você está bem? — Perguntou Hiroshi que veio correndo nos ajudar assim que soube da situação.

— Sim... Eu só... Droga... Quem eu estou enganando? Não, eu não estou bem... É a primeira vez que eu mato alguém... Deus... O quê eu fiz?!?...

— Descanse um pouco... Você não está em condições de continuar com seu treinamento agora. Está dispensada. — Disse Victor cortando a conversa e se levantando. — Tente relaxar um pouco e pensar em outra coisa... Ou encontre alguma boa forma de lidar com isso que não seja se corroendo em remorso... Enfim, eu tenho que ir. — Foram suas últimas palavras antes de ir embora.

Tanto Hiroshi quanto Yuriko o olharam com uma cara de desaprovação quando ele proferiu aquelas palavras e principalmente quando ele se virou e foi embora, mas ele não pareceu se importar. Logo Yuriko se virou para mim e disse:

— Não se preocupe tanto, lindinha. Esse tipo de coisa é inevitável nesse ramo. O importante é que você voltou viva para casa! Nesse trabalho, haverão vezes que pessoas morrerão, e não haverá nada que você possa fazer, ou eu, ou qualquer um de nós. Isso é natural, é o destino, não temos controle sobre isso, mas o importante é continuar seguindo em frente! Por aqueles que se foram, por aqueles que nós amamos, por aqueles por quem lutamos, por nós mesmos e principalmente, por um futuro melhor! Não fique triste pelo que aconteceu, você fez o melhor que pôde... E talvez... Talvez tenha uma forma de salvar algumas das pessoas que você “matou”, então fique tranquila. Tudo vai se resolver... — Ela deu um meio sorriso para mim, mas é evidente que motivar não é o ponto forte dela... E também que ela está nervosa...

— ... Obrigada por tentar me animar, Yuriko-San... — A abracei e depois esfreguei o rosto.

— Eu não consigo entender... Qual foi o propósito do Victor em te levar assim em uma missão Rank-C, junto de uma enfermeira despreparada para cenários de conflito... O quê ele queria ensinar com isso?! Não faz sentido!!! — Refletia Hiroshi completamente inconformado.

— Ele disse algo sobre sinergia de grupo antes de sairmos... — Respondi.

— Si... Ner... Gia... de grupo...? — lentamente, ele repetiu.

— Sim...

— ESSE IMBECIL QUERIA TE ENSINAR A TRABALHAR EM EQUIPE DESSA FORMA?!?! TE EXPONDO A PERIGOS DESNECESSÁRIOS TENDO UMA LITERAL SALA DE TREINAMENTO NA SEDE?!? ESSE MALDITO NÃO MUDA NUNCA?!? — Ele explodiu em indignação.

— ... — Eu não tinha resposta. Ainda me sentia mal por toda a situação, mas pelo menos não me sentia mais culpada. Não fui eu quem nos levou até lá consciente dos riscos.

— Por que você está tão irritado com isso, Hiroshi? Você conhece ele a tempo suficiente pra saber que isso é típico dele. — Respondeu Yuriko com uma das mãos no rosto e a outra apoiando o cotovelo da que estava no rosto. Uma expressão pensativa mas ao mesmo tempo decepcionada.

— PORQUE ELE FEZ EXATAMENTE A MESMA COISA COM NOSSO GRUPO!!! E SE NÃO FOSSE PELO KATSUO, NOSSO GRUPO TERIA MORRIDO EM UMA DAS PRIMEIRAS LIÇÕES!!!

— ...

— ...

Os dois ficaram em silêncio por um tempo, até que eu quebrei o silêncio com uma pergunta:

— Quem é Katsuo?

— ...

— ... Ele é o outro aluno... — Respondeu Hiroshi de forma seca e com o semblante ainda aborrecido.

— ... — Eles não querem falar sobre isso. Vou perguntar para o Victor sobre isso mais tarde... — Okay... Eu já estou melhor. Obrigado por ficarem comigo gente. — Sorri para eles após a afirmação.

— De nada! — Ambos responderam ao mesmo tempo, sorrindo.

Eu tenho sorte de ter essas pessoas como amigos e companheiros de equipe... Mas eu preciso me aprimorar! Preciso controlar melhor meus poderes! Preciso melhorar minhas habilidades de luta! Preciso me tornar mais forte! Ou coisas como as que ocorreram hoje... Podem ocorrer novamente... E eu não quero isso!


Continua...

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