Hunters Capítulo 22: Mistérios do passado

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Escrito por Victor Oliveira


Hunters Capítulo 22: Mistérios do passado


Japão – 05 de Julho – Sala de treinamento – Filial de Tóquio de Caçadores


— Victor, Podemos conversar depois do treinamento? — Perguntei enquanto me defendia do seu golpe. Estou começando a pegar o padrão de movimentos dele...

Ele me chutou na altura da costela com a perna esquerda, eu defendi novamente, e depois se afastou antes de responder — Esqueça tudo que você tem que resolver. Você está em combate! Foco! — Sua postura era séria e sua aura era autoritária.

— Mas é importante! — Afirmei um pouco agitada.

— A tá bom então. Pode falar, vamos dar uma pausa! — Respondeu ele largando instantaneamente a postura e aura de antes e voltando a sua presença de sempre.

— Ein? Não precisava pausar o treinamento... Mas obrigada! — Disse me aproximando.

— Bem, é que eu também sou fofoqueiro e fiquei curioso... Tchehehehe... — Sua expressão pareceu levemente envergonhada ao dizer tais palavras.

— Bem, eu queria perguntar duas coisas. Primeiro: quem é Katsuo? Como ele é? Como é sua personalidade e tudo mais? Eu perguntei para o pessoal mas eles não pareceram estar a vontade para falar sobre... E também deram respostas insatisfatórias...

— Hmmmm, Katsuo... — Ele abruptamente se sentou no chão com um semblante pensativo — Ele foi meu aprendiz pródigo que alcançou o topo no nacional da época varrendo o chão comigo. — Seu semblante era de segurar risos, como se estivesse pensando em algo engraçado.

— Então você perdeu para um aprendiz seu? Que decepcionante... — Respondi em um tom provocativo e brincalhão. Ele não pode estar falando sério...

— Não é bem assim... Tchehehehehe... A época era outra, eu me importava com meus alunos... Achei que ele merecia a vitória mais do quê eu. Medindo nossas vontades... Eu só pude sentir orgulho dele ter chegado tão longe, então deixei ele vencer no finalzinho... Ele queria ser o mais forte, assim como eu. E acredito que o desenvolvimento dele foi maior quê o meu... Então ele mereceu esse presentinho. Foi meu presente de despedida. — Ele sorriu após a última frase.

— Como assim despedida? — Perguntei enquanto me sentava próxima a ele.

— Acho que eu não te contei né? O Nacional é diferente de uma competição para aumentar seu ranking, nele você literalmente luta em uma arena como gladiador da sua filial até perder. Seu desempenho geral é decidido pelo consenso dos líderes de todas as 45 filiais do Japão. Se você vencer todos, você ganha Rank-S indiscutivelmente. Simples, não?

— 45 filiais... Então esses torneios tem quantos competidores? E como isso é eficaz para definir caçadores eficientes?

— Geralmente são cerca de 100 competidores e 2 instrutores Rank-S. Todos em uma competição 1 contra 1 no velho sistema “mata mata” até fechar as semifinais. Nas semifinais caso você perca contra seu adversário, você ainda pode enfrentar o perdedor do outro combate e depois o perdedor do combate pelo primeiro lugar. Os primeiro e segundo lugares ganham Rank-S, abaixo disso até o top 5 Ganham Rank-A, do 6 ao 25 Rank-B do 26 ao 50 Rank-C e etc...

— Entendi... Mas e sobre a eficiência dos caçadores? Os rankings no Japão não são medidos por eficácia?

— Quase cheguei lá... Se você não tivesse me cortado... — Sua expressão era de satisfação e raiva ao mesmo tempo. Acho que a satisfação é uma máscara com um sorrisinho pra eu não perceber a raiva dele... — Enfim, durante o torneio, você vai enfrentar diversos oponentes com diferentes estilos de combate, poderes e estratégias. Se você é capaz de lidar com todas as adversidades que o Nacional trás, você basicamente já tem aptidão para as missões e casos. Mas tem uma condição... Só podem participar caçadores Rank-E para cima.

— Quantas vezes você participou? — Bateu a dúvida agora...

Ele sorriu como se fosse o mais sábio dos homens e com um ar terno de orgulho respondeu — Só uma. Eu era Rank-E na época! — Seu sorriso se destacou com minha cara de espanto e ele começou a rir — Hahahahahaha... Eu adoro como as pessoas reagem quando eu falo sobre isso!

— ... Enfim, como era o Katsuo? Ele era legal?

— Ele era um menino arrogante que carregava um legado pesado para alguém jovem... Mas cara... Que menino arrogante! Por isso eu adorava ele. Ele era quase tão arrogante quanto o Hirohiro!

— Hiroshi? Arrogante? Você está brincando! Não está? — Fiquei mais espantada ainda e até confusa. O Hiroshi é tão prestativo, tão gentil, como ele pode ser arrogante?

— Sim, Hirohiro era arrogante quando novinho! Eu sempre admirei isso. Ele e Katsuo sempre foram o tipo de pessoas que falavam mais do quê podiam fazer e para não admitirem que estavam errados, eles faziam até mesmo aquilo de quê não eram capazes, só para se manter na razão... Eu sempre me divertia assistindo isso, principalmente quando eles falhavam.

— Isso não é meio cruel? Deixar que errassem mesmo sabendo que eles não conseguiriam fazer àquilo? — Perguntei me segurando um pouco para não rir. Acho que é bem característico dele rir das desgraças dos outros... Droga, estou me corrompendo com a convivência.

— É perante seus erros que um homem tem a oportunidade de crescer e decidir seu próprio caminho. Errar é inevitável, mas corrigir seus erros ou se arrepender e não repeti-los, são opções, assim como continuar cometendo os mesmos erros sempre e sempre... Bem, é nisso que eu acredito... Por isso eu não sou muito próximo quando alguém sob minha tutela precisa lidar com alguma situação.

— AH ENTÃO É POR ISSO QUE VOCÊ ME LARGOU NAQUELA SITUAÇÃO, HEIN SEU CANALHA?!? — Explodi de raiva nesse momento. O cara de pau admitiu!

— Lógico! Como você conseguiria pensar por si mesma comigo te dando ordens o tempo todo? — Respondeu ele com um sorriso descarado.

A expressão de raiva mudou para uma cara de semi-choro — Você é muito mau, sabia?

— Eu sei, eu sei! Sou mau feito pica-pau... Enfim, qual era a segunda pergunta mesmo?

— Bem... Eu queria me tornar mais forte! Eu quero ser alguém capaz de fazer alguma coisa quando situações como... As que ocorreram... Acontecerem! Capaz de fazer algo que não prejudique meus amigos ou as outras pessoas! Você pode me ajudar? — Afirmei com determinação até a o momento da pergunta, onde a determinação virou vergonha.

— Posso... Mas para isso vou precisar que você me ajude a te ajudar! — Respondeu ele dando de ombros.

— Como assim? — Agora eu fiquei confusa.

— Você precisa começar a pensar e decidir as coisas sozinha! Eu posso te ensinar uma ou duas coisas, mas não vai adiantar nada se você não começar a pensar sozinha em como usar esse conhecimento. Por exemplo: eu te ensinei a sentir energia ao seu redor através da manipulação da sua, você até teve a ideia de usar isso para combate, mas até agora você não usou nenhuma vez em treinamento...

Aquelas palavras me atingiram como uma flecha e de repente um estalo me revelou tudo... Ajoelhei com as mão no chão e completamente arrasada afirmei — Eu sou uma negação...! Por que eu não usei essa habilidade de sentir energia pra limitar o raio de congelamento...?!?

— ... Funcionaria bem... Você é esperta...

Me levantando com as mãos na cabeça e a balançando em negação respondi — Eu sou é um desastre! Você tem me dado as ferramentas e oportunidades para aprender a usa-las e eu nem percebi!!!

Ele começou a ficar levemente empático — C-Calma, não precisa se cobrar tanto... Por que não testa agora em combate? — Já de pé ele parecia disposto a me ajudar.

— Beleza! — Minha expressão mudou instantaneamente de indignação e auto cobrança para ânimo e determinação.

Manipular energia demoníaca para sentir a energia ao meu redor e determinar o raio de ação dos meus poderes, esse é meu foco! Eu preciso dominar essa técnica se quiser progredir! Esse é o meu próximo desafio! Isso...

— Isso é muito difícil! — Afirmei depois de cair ao chão em completa exaustão, sem quase nenhuma energia demoníaca após o árduo treinamento que durou até o final do dia.

— Relaxa, garota! Você até que progrediu bem... Em uma semana de tratamento de choque você tem desenvolvido o equivalente ao que outros caçadores levam um mês para aprender mais ou menos. Mas se bem que eu só estou te passando o quê é conveniente... — Respondeu ele pensativo.

— ... — Quando fui abrir a boca para protestar por ele não estar me ensinando tudo quê deveria, desisti. Meu corpo estava muito cansado para reclamações — Preciso descansar...

— Concordo. Por que você não vai tomar um banho... Come alguma coisa e depois vai descansar? — Ele fez uma pausa para respirar no meio da frase, como se estivesse parando para escolher as palavras certas...

— Sim, Senhor! — Disse em tom de brincadeira, fazendo um sinal de continência enquanto levantava, em seguida parti da sala de treinamento.


Continua...

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