Crowley poderia dizer que já se sentiu em uma das maiores contradições existentes. Um demônio como ele poderia contar diversas experiências de vida, até porque estava ali na terra desde o início dos tempos, mas nunca sequer imaginou que poderia dizer que sentiu o mais puro e verdadeiro amor.Imaginava que talvez, esse tipo de amor as pessoas comuns nunca sequer tivessem chegado a sentir, não era um especialista em sentimentos, principalmente, os mais afetuosos. Mas ele sabia de uma única coisa, ele sentiu cada mínima sensação com a maior felicidade do mundo. O desejo de poder passar o máximo de tempo que pudesse ao lado dele, de fazer o possível e o impossível apenas para vê-lo sorrir. A felicidade em ver um sorriso se formar naquele lindo rosto, de ouvi-ló falar com tanta empolgação sobre as coisas que gostava e de todas às vezes que "acidentalmente" suas mãos se tocaram. Crowley costumava apreciar todos os momentos que tinha com o anjo e, depois de um tempo, parou de tentar esconder aquilo com tanta força.
Apesar de toda felicidade que tinha ao lado do seu anjo. Descobriu, da pior forma, que o amor não é composto somente por momentos de felicidade, calmaria e felicidade. Também existia a tristeza, o medo e a dor. A tristeza de saber que, mesmo que o anjo sentisse o mesmo, o amor dos dois nunca poderia ser livre. A dor de saber que o anjo jamais se permitiria levar aquilo para frente. O medo de algum dia o perdê-lo, como já quase o perdeu uma vez.
Ele odiaria admitir em voz alta, mas, no fundo, tinha inveja daqueles que podiam viver seu amor de maneira livre e não tinham medo de críticas alheias. Às vezes, costumava se perguntar se o seu real castigo por se tornar um caído não fosse, na realidade, viver no inferno para todo o sempre, mas sim viver um amor que talvez nunca pudesse se tornar realidade. Se sentia um demônio "defeituoso", não somente fraternizado, mas também por se permitir se apaixonar por quem deveria ser inimigo.
Sempre que pensava sobre como ele e Aziraphale seriam se pudessem ser livres e felizes juntos, se lembrava de quando o anjo o disse "Você vai rápido demais para mim" e, por algum motivo, aquela frase teve um peso enorme para o demônio, ele entendia o que Aziraphale queria dizer e, por isso, tinha medo de falar o que sentia para o anjo e aquilo arrancava o sorriso dele toda vez. Mesmo que o sentimento do anjo fosse reciproco, aquilo significava que ele tinha medo de sair de sua zona de conforto, mas, ao mesmo tempo, desejava estar com Crowley. O demônio sempre era quem ia para frente e deixava o passado no passado, mas Aziraphale tinha dificuldade de fazer o mesmo, às vezes, preso em ideias passadas e com medo de dar um passo a frente, medo que costumava levar a relação de ambos para trás.
Mas, apesar de tudo, os dois sempre estariam ali um pelo outro, não importa qual o motivo. Um mais corajoso que o outro e outro mais relutante que o outro, mas sempre estariam ali um pelo outro.
O problema era que no final, Crowley sabia que, não importava o quanto eles se amassem e o quanto quisessem estar ali um pelo outro, nunca poderiam ser totalmente um do outro, mas isso nunca significou que eles não poderiam estar um pelo outro.
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Doce
FanficO amor entre Crowley e a Aziraphale era notório até mesmo para quem não os conhecia, o que sentiam um pelo outro era um amor verdadeiro. Ainda que se amassem tão intensamente, o amor entre ambos não era algo aprovado, um anjo e um demônio devem se o...