1. Aquele em que tudo dá errado

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Sana empurrou o pé contra o chão mais uma vez, pegando impulso para aumentar a velocidade do seu bem mais precioso, bem, talvez o segundo, porém, ainda sim, ela adorava seu skate. 

Enquanto ela estava em cima dele, ela sentia como se pudesse conquistar o mundo, nomeando as ruas de sua cidade com suas manobras, marcando que Minatozaki Sana havia passado por ali, tão livre como o vento que batia em seu rosto quando ela descia alguma rua. 

O fato de ela ter feito ele a mão também o tornava especial para ela, cada pedacinho, cada forma desenhada e pintada foi pensado por Sana e somente para ela. 

Talvez, a sensação de liberdade ao andar por aí com seu skate velho seja a melhor coisa que ela poderia tirar dessa pacata e pequena cidade. 

Não a levem a mal, a tranquilidade de uma cidade pequena e monótona era perfeita para alguém como Sana, se ela fosse um pouquinho mais velha e morasse mais longe ainda da pouca civilização do lugar, ela certamente amaria viver aqui, andando a cidade somente quando necessário. 

Infelizmente, nada disso era realidade, ela ainda tinha que viver em uma casa enorme e vazia, ir atrás do seu diploma todos os dias enquanto lidava com os olhares curiosos e de julgamentos de seus vizinhos, não ajudava o fato de que todo mundo parecia se conhecer, assim, as palavras rodavam soltas pelas ruas largas e tão conhecidas por Sana. 

Poderia ser pior, ela supôs, agarrando a alça de sua bolsa mais fortemente conforme ela escorregava pelo seu ombro. 

Ela poderia estar com uma dor de cabeça ainda mais forte com que já estava no momento, ótimo jeito de começar uma semana, certo? 

Bem, ela admitia que pode ter exagerado um pouco na bebida nesse final de semana, mas ela precisava de uma distração para tirar da cabeça os pensamentos de sua mãe pegando turnos cada vez mais longos no hospital que trabalhava.  

Com um resmungo irritado pelo caminho de seus pensamentos tão cedo, ela para um pouco a frente do colégio, batendo o pé um pouco mais forte do que o necessário para lançar o skate no ar e o pegar logo em seguida. 

Ela puxa desajeitadamente o celular do bolso, conferindo as horas, ela havia chegado alguns minutos antes das oito, o que era novidade já que sempre que decidia vir de skate, ela sempre se atrasava, não que ela se importasse, de qualquer maneira. 

Retirando os fones do ouvido e os deixando pendurados ao redor do seu pescoço, ela logo sente falta da Taylor Swift cantando em sua mente, mas ela sabia que  poderia aproveitar mais de suas músicas se estivesse afim de pular os últimos períodos mais tarde, no momento, ela se concentrou em caminhar calmamente em direção a sua sala. 

Ela gostaria de dizer que essa foi mais uma de suas segundas normais e chatas no colégio, mas não, não foi bem assim que aconteceu, ela sabia que tinha algo errado logo que colocou seus pés nos corredores, notando a quantidade de olhares que se direcionavam para ela.

Sana não era tímida, nem nada do tipo, ao contrário, ela tinha certeza que o olhar que carregava as vezes no rosto e sua língua afiada faziam com que as pessoas pensassem duas vezes antes de ir conversar com ela. 

Ela sabia se comunicar e adentrar em grupos quando necessário, mas ainda preferia o silêncio durante os seus dias, os únicos sons na sua pequena lista de aceitáveis eram os de sua música ou algum raro telefonema de sua mãe. 

Ser o centro das atenções era novo para ela, mas ela era Minatozaki Sana, então, ela ergueu a cabeça e caminhou normalmente até seu armário para guardar seu skate e pegar seus matérias, ela até tentou pegar alguma conversa no ar, mas tudo que obteve foi alguns cochichos sobre James e a festa. 

Betty [Satzu]Onde histórias criam vida. Descubra agora