Parte 3 (Final)

1.8K 266 356
                                    


Agora o sol já tinha se escondido totalmente, e estava esfriando. As xícaras de chocolate estavam colocadas na mesinha de centro e Ranpo estava pernas cruzadas em um lado do sofá parecendo totalmente à vontade, enquanto do outro lado Poe estava sentado sobre uma das pernas enquanto a outra ficava desajeitadamente colocada para fora.

Eles estavam confortáveis, qualquer um que visse de fora poderia dizer e mais do que isso, eles estavam próximos, algo comum para eles, porém que pode ser interpretado de outra forma pelas pessoas.

— Meu turno de ler as perguntas — Anunciou o detetive.

— Certo, mas antes vou fazer mais uma caneca de chocolate quente, quer uma?

— Pensei que me conhecesse melhor que isso.

Levantando-se sorrindo o escritor pegou as duas canecas e foi para a cozinha, ele precisava de uma pausa. Poe tinha certeza que aquelas perguntas eram algum tipo de questionário online, o que o escritor ainda não tinha certeza era o objetivo daquilo tudo. Suas conversas com Ranpo apesar de enriquecedoras nunca foram tão profundas. Poe havia revelado mais sobre sua vida nos último minutos do que em toda sua vida.

Ele colocou o leite esquentar enquanto acrescentava achocolatado em pó aos poucos. De todo modo o autor sabia que não conseguiria tirar nada de Ranpo até o final do jogo, então só restava responder as perguntas com toda sinceridade possível, ele já havia deixado seus sentimentos vazarem aos poucos, o que poderia acontecer de maior?

Poe soltou um longo suspiro enquanto mexia a mistura na panela. Aquela noite era uma ignota, mesmo a ansiedade de Poe não tinha ideias o suficiente de como aquele suposto jogo iria acabar. Um lado dele acreditava que no fim Ranpo só deixaria de lado as perguntas e não tocaria mais naquilo, mas outro lado gritava que algo muito maior aconteceria.

O chocolate ficou pronto.

Ele voltou para a sala e Ranpo lhe deu um dos seus sorrisos animadores, talvez fosse para o chocolate quente e não especificamente para Poe, mas ele sentiu seus nervos saltarem e as borboletas no estômago dançarem. Era enlouquecedor como um simples sorriso pudesse afetar tanto o autor.

Ele deveria escrever algo sobre isso. Sobre sorrisos doces desencadeando reações extremas há um coração apaixonado.

Poe voltou ao seu lugar e entregou uma das canecas a Ranpo que fez um ruído satisfeito depois de um longo gole.

— Faça três declarações cada um, usando fatos verdadeiros e "nós dois" na mesma frase — Ranpo ponderou por um segundo — Nós dois somos detetives.

— Nós dois gostamos mistérios.

— Nós dois possuímos habilidades.

— Nós dois não gostamos de lidar com pessoas.

— Isso é chato.

— Nós dois deveríamos tomar nosso chocolate antes que esfrie.

— Você está sendo chato agora.

Ranpo fez uma carranca emburrada. Poe não pode deixar de perceber o quão fofo ele fica daquele jeito, à vontade em seu sofá, sem a capa e o chapéu de detetive, uma caneca de chocolate quente nas mãos e Karl próximo a seus pés.

O detetive deu um grande gole em seu chocolate e apenas continuou:

— Complete a frase: "Eu gostaria de ter alguém com quem eu pudesse dividir..."

— Meus poemas.

Edgar não acrescentou "meus poemas de amor" porque naquele ponto da noite ele já havia se comprometido o suficiente.

36 Perguntas Para se Apaixonar - RanpoeOnde histórias criam vida. Descubra agora