4 - Toque de distância

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A primeira coisa que a mente sonolenta de Gustavo conjecturou foi que ele havia despertado no meio de um naufrágio

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A primeira coisa que a mente sonolenta de Gustavo conjecturou foi que ele havia despertado no meio de um naufrágio.

Depois de alguns instantes, em que os olhos se abriram e tudo ficou mais claro, ele notou que havia várias infiltrações no quarto da pousada onde estava hospedado.

— Mas que merda — praguejou, grunhindo enquanto se levantava rápido para trocar de roupa e enfiar seus pertences de qualquer jeito na mala, antes que a água os arruinasse.

O que diabos aconteceu aqui?

Ao deixar o quarto, logo descobriu.

A tempestade havia sido forte demais; a estrutura da pousada "Vovó Maria" não aguentara a força da água. E, para onde Gustavo olhava, via infiltração e alagamento.

Mas que merda.

— Gio, você está bem? — perguntou assim que viu a irmã.

— Sim. Estou retirando minhas coisas do quarto. A maior parte das minhas roupas molhou.

— Ah, sinto tanto por isso! — uma mulher negra, esguia, de cabelos cacheados tingidos de loiro, andava de um lado para o outro, com as mãos enterradas no rosto. — Eu pagarei por qualquer prejuízo.

— Não se preocupe com isso, Amanda — Giovana a tranquilizou. — Essas coisas acontecem. Não foi culpa sua.

Sentiu pena pela dona da pousada, que parecia aflita e desesperada. Sua tia havia mencionado, na noite anterior, que o lugar estava passando por dificuldades. Gustavo imaginava que aquele alagamento apenas pioraria a situação.

Terminando de retirar suas malas do quarto e se perguntando o que iria fazer com elas, já que teria que ir para o estúdio dali meia hora, Gustavo se pegou vagando para a noite anterior outra vez, para os olhos de mel e fogo que haviam se entremeado nos liames do seu sono.

Agitou a cabeça, grunhindo baixo.

Precisava parar com aquilo.

Não fazia sentido ficar pensando em uma mulher que ele vira uma única vez e nem ao menos conseguira descobrir o nome.

Várias buzinadas consecutivas quebraram os pensamentos dele.

Gustavo olhou para o lado, erguendo os óculos de sol ao ver Thiago buzinando e acenando para ele.

— Vim te resgatar, primo. Vim resgatar você e a Gio.

Ele franziu o cenho enquanto Thiago saltava para fora do carro.

— Resgatar?

— A nonna falou para eu vir buscar vocês, e para não aceitar nenhum "não" como resposta — Thiago explicou, pegando as malas que Gustavo havia deixado no chão e as colocando no porta-malas do carro. — Ela disse que, como aqui alagou, agora vocês vão precisar de um lugar para ficar. Os quartos na casa principal da vinícola já estão preparados para você e para a Gio.

Cenário de Ilusões (Série Bodini) | DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora