2 - Mel e fogo

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Nada tirava tanto Gustavo do sério quanto ver um ser do sexo masculino ignorando o "não" de uma mulher

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Nada tirava tanto Gustavo do sério quanto ver um ser do sexo masculino ignorando o "não" de uma mulher.

Ele não era impulsivo.

Mas sempre era tomado por uma ardência primitiva, quase irracional e feroz, quando uma via uma garota sendo pressionada e coagida por um babaca — como estava acontecendo naquele momento, bem na sua frente, na entrada do barzinho onde viera encontrar alguns colegas de trabalho.

Seu sangue ferveu na mesma hora.

E, quando Gustavo abriu a boca, a voz saiu grave, séria e firme.

— Ei, o que você quer com a minha namorada?

Para sua satisfação, o imbecil deu um pulo e olhou para trás.

— A gente só estava... Hã... Conversando. Eu...

— Sai da minha frente — ele rosnou.

E, inspirando fundo, Gustavo deu um passo para a frente, passou pelo lado do babaca, deixando o ombro acertar propositalmente a lateral do corpo dele, e foi até a garota, puxando-a ao seu encontro, ouvindo o suspiro surpreso que saiu dos seus lábios. O movimento fez com que a cortina densa e escura dos cabelos dela balançasse, envolvendo-o em uma fragrância delicada e muito feminina.

— Desculpa a demora — ele disse, a voz mais rouca, pego de um jeito abrupto pelo cheiro do perfume dela.

— Sem problemas — ela sussurrou de volta, agindo de um jeito teatral e impecável ao fechar os dedos na camisa dele. — Eu estava lá dentro com as meninas. Vim aqui fora porque minha mãe me ligou.

— E está tudo bem com a sua mãe?

— Sim. O de sempre. Mães sendo mães.

Gustavo soltou o ar que não percebeu que prendia.

Para sua sorte, a garota entendeu que ele estava apenas tentando ajudá-la a se livrar do idiota. Caso contrário, achava que teria grandes chances de levar um chute na canela.

Ou em outro lugar aonde a dor seria muito mais desagradável.

— Desculpa por ter te puxado desse jeito. Só vou ficar aqui até ele ir embora — Gustavo sussurrou, olhando de soslaio, a boca se contraindo ao notar que o babaca ainda os observava de longe.

— Obrigada.

Ele baixou o rosto, no mesmo momento em que ela ergueu lentamente a cabeça; Gustavo teve a impressão de ver um traço de gratidão e surpresa em seus olhos, mesclado a pontinhos brilhantes de diversão.

Não soube se arfou, se murmurou, se ouviu o galopar alto e furioso do próprio coração.

Mas algum som ecoou nele, dentro dele, ao seu redor.

Cenário de Ilusões (Série Bodini) | DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora