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O Junhyung me deixou em casa, e eu agradeci muito. Ainda estou envergonhado por fazer ele esperar por todo aquele tempo no carro. Mas o pior é que eu realmente não esperava que esse papo de ser minha babá seria verdade.

Mas de que adiantou?

Quando abri a porta do meu quarto, gelei. O espírito do Yoongi estava lá de braços cruzados levitando em cima da minha cama. E ele olhou diretamente para mim.

Eu quero muito acreditar que isso não exista.

O Junhyung disse que ele era um espírito traquina, mas de traquina ele não tem nada. Ele parece estar acabado, afundado em uma tristeza profunda.

— O-oi? — pergunto e me questiono de onde que tirei toda essa coragem. — Olha... bem... eu meio que preciso saber o que você quer comigo.

Minhas mãos estão suando tanto a ponto de eu achar que vão pingar, e meu coração está tão acelerado que sinto uma vertigem.

— Eu já te disse... eu já te falei mais de três vezes. Por favor. Só. Fica. Longe. De. Mim — o espírito fala pausadamente.

— Mas por que eu faria isso? Por que você quer evitar que eu conheça um alguém tão incrível? — digo, e ele arregalou os olhos.

— Que merda, eu nem consigo chorar nessa forma. Que merda. Eu não sou incrível, muito menos a porra de um espírito brincalhão nem traquina, eu sou aquele cara.

— Você quer me assustar. — tento acreditar nisso, por doer menos.

— Eu vou morrer, e você vai ficar vegetando. Eu não quero que isso aconteça, porra. Eu posso morrer, eu até mataria o Yoongi de agora, só pra não te envolver nisso, mas eu teria que te falar antes, porque, porra, eu te amo pra caralho. Eu te amo, Hoseok, e isso é algo que eu nunca consegui te dizer em todos os nossos anos de relacionamento.

Eu nem percebi quando que comecei a chorar.

Meu coração está doendo.

— Isso é sério, Yoongi? — dou dois passos para a frente, sem conseguir sentir mais medo.

Ele voltou para o passado só para me salvar? Tudo o que ele falou foi verdade?

Outro terremoto.

— Porra! Sai daqui logo! — ele me diz, e eu tento correr.

Enxugo minhas lágrimas e tento correr, mas esse é um dos grandes. Tanto a ponto de eu cair pelo menos três vezes nesse pouco tempo tentando sair daqui.

As paredes estão rachando, e nada do terremoto parar.

— Socorro! — eu grito desesperado. — Me levanto pela quarta vez e me jogo na maçaneta da porta da frente, mas não consigo abrir.

— Sai logo daqui! — Yoongi me diz.

— A porta emperrou! — grito, e a parede se racha mais.

Eu puxo a porta o máximo que consegui, tanto a ponto da maçaneta se desencaixar da porta.

Fodeu!

Eu tento encaixar de volta, mas ouço um crack, e depois disso não me lembro de mais nada.

Acordo desesperado com meu ouvido apitando.

Estou dentro de uma ambulância, e não consigo me mexer, estou todo amarrado.

Tento falar, mas dói demais. Os médicos tomam toda a atenção de volta para mim, falando sobre ser um milagre eu estar vivo.

— Logo chegaremos ao hospital. Tinha mais alguém na casa contigo? — o maqueiro pergunta.

— Não. — falo sentindo dor no tórax. — Eu estou bem? — pergunto sôfrego.

Haunt: Annormal 3.0 ( Myg + Jhs )Onde histórias criam vida. Descubra agora