𝑴𝒆𝒖 𝑼𝒍𝒕𝒊𝒎𝒐 𝑽𝒆𝒓𝒂𝒐

𝑷𝒓𝒐𝒃𝒍𝒆𝒎𝒔×14

Pov's Stella:

Estou deitada na areia conversando com Lucas sobre o que mais amo no mundo, constelações.

— se alguém dia eu tivesse uma filha colocaria seu nome de Andrômeda, é estranho mas pra mim tem muito significado — falo observando minha constelação favorita.

Ele ri do meu comentário.

— é um nome estranho pra uma criança — ele zoa.

— estranho é sua cara, feioso — brinco de volta me virando para ele.

Enfim me lembro que saí de casa sem avisar minha mãe,com pressa pego meu celular olhando as milhares de ligações perdidas.

Porra eu tô muito fudida.

— Lucas, me leva pra casa por favor?— peço desesperada e ele se levanta com rapidez concordando.

Passamos pela parte de trás do luau para não sermos percebidos e corremos em direção ao carro.

Lucas da partida no carro e em poucos minutos ele estaciona em frente a sua casa, desço apressada agradecendo o menino pela noite e corro para casa.

Abro a porta e me deparo com minha mãe sentada no sofá com as mão no rosto encarnado o chão.

— onde você estava?— consigo sentir a fúria em sua voz.

— num luau na praia— não me atrevo a mentir.

Ela enfim me olha,os olhos estão marejados e o cabelo desgrenhado.
Ela se levanta e anda até estar frente a frente comigo.

— o que está acontecendo com você Stella? Você fede a álcool—  ela dá dois passos para trás com as mãos na cabeça.

— faz quantos dias que você não toma os remédios?— está visivelmente revoltada.

Apenas fico calada encarando o chão.

— vai pro quarto Stella,tá proibida de sair de lá até segunda ordem— termina séria.

— você não pode me privar de viver o pouco tempo que me resta.

Ao terminar a frase percebo a merda que tinha feito e arregalo os olhos,ela me olha com uma sombrancelha arqueada.

— o que você sabe que eu não sei?— ela vem em minha direção eufórica.

— n-nada— tento mentir mas sai como um sussurro duvido.

— O QUE VOCÊ ESTÁ ESCONDENDO STELLA?!?!— ela grita puta da vida,vejo lágrimas brotarem nos cantos de seus olhos.

De repente sinto meu rosto molhado,eu também estava chorando. Não era um assunto fácil de falar, muito menos quando vc está mentindo para sua mãe há meses.

Ela sempre acreditou na minha melhora....

Eu não tinha outra opção a não ser contar a verdade,uma hora ela iria descobrir e seria bem pior.
Melhor ela já estar preparada do que me ver morrer em um dia comum de sua vida.

Vou até meu quarto e abro a gaveta da minha escrivaninha que sempre está trancada,pego todos meus últimos exames alegando ser irreversível e entrego para ela.

Ela lê com calma e se senta em minha cama para não desmoronar,ela treme conforme passa de papel.

Nunca vi minha mãe tão derrotada.

E pensar que o motivo de tudo isso ser eu parte meu coração.

— i-isso ta errado, não pode ser verdade— ela me olha,sua feição é de desespero. — Os médicos disseram-

— eu pedi pra eles mentirem— eu a corto antes que termine a frase.

Seu rosto é tomado pela fúria,por mais que ela já soubesse o fim de tudo isso,se negava a acreditar.
Eu entendo seu lado, não deve ser fácil descobrir que a pessoa que vc se dedicou a cuidar por anos na esperança de uma salvação não tivesse um futuro longo.

Minha mãe nunca mais viveu sua vida depois que descobrimos minha doença,ela ficava comigo 24hrs por dia e não desgrudava nem que eu pedisse.
Mas agora cá estou eu,com quase 21 anos na mesma situação crítica que tinha aos 10.

Sinto que acabei com a vida de minha mãe,e apesar de tudo ainda dei falsas esperanças de que fosse melhorar mesmo sabendo que era uma grande mentira.

Infelizmente eu seria apenas mais um dos inúmeros casos da leucemia,uma jovem que não teve oportunidade de aproveitar a infância, adolescência ou até mesmo a vida adulta. Passando todos os aniversários em um hospital "celebrando" com os pacientes.

Éramos movidos apenas por esperança, não por realidade, e olha onde estamos agora.

— você não tinha o direito de esconder isso de mim,eu sou sua mãe — ela levanta da cama apontando o dedo na minha cara.

— aceita que eu sou um caso perdido mãe, aproveita viver sua vida enquanto você pode— falo amarga.

Toda minha esperança se foi junto com a de minha mãe,eu era movida pela fé dela e tudo se foi.

Agora realmente não tem jeito, não há volta.

Ela sai do quarto pisando dura se recusando a me olhar,entra em seu quarto com rapidez e bate a porta com força como se fosse uma adolescente revoltada.

A essas horas a vizinhança inteira parou o que estava fazendo ou acordou de seu sono apenas para ouvir o escândalo naquela pequena casa.

Não consigo pensar em muito coisa devido a vários motivos, talvez eu não devesse beber tanto.

Tiro as roupas cheias de areia da praia colocando um leve pijama e me jogo em minha cama torcendo para acordar amanhã e nada disso ter acontecido.

××××

Eita olha a treta
Será que Stella vai ficar o resto do verão trancada em casa?

Cês tão do lado de quem na história?

Cap novo todo domingo e quarta-feira.