A sensação de estar morrendo é a única coisa que sinto nesses últimos meses, as dores no corpo,falta de ar constante, febre a tontura e fraquzas, indicam que logo mais não estarei aqui. Fui diagnosticada com leucemia a dois anos e dês de então venho me tratando, ouço minha mãe chorando todos os dias,sei que não era isso que ela queria e também não é oq eu quero para ela. Meu pai nos deixou assim que nasci,nunca cheguei a conhecê-lo e isso tornou nossa vida mais difícil,minha mãe trabalhava de casa para ter tempo de cuidar da filha doente, me sinto culpada por não ter saído de casa assim que completei a maior idade mas infelizmente não foi possível.
Agora estou aqui, com 20 anos, morando em Fortaleza,deitada em minha cama pensando em quanto tempo ainda terei que aguentar isso. Sou tirada de meus pensamentos assim que escuto minha mãe chorar pela segunda vez naquele dia, isso só me faz ter a certeza que não deveria contar o resultado de meu último exame para ela. Na minha última consulta ao médico eu havia ido sozinha e nunca agradeci tanto, ele me disse algo que sinceramente não sei se me sinto feliz ou triste por isso,o doutor que cuida do meu caso há anos me contou que meu corpo não aguentaria muito tempo,eu teria até o final do verão para aproveitar, não teria mais nada a se fazer,meu corpo já estava fraco e meu caso já era avançado demais, não havia procedimentos possíveis para me curar. Não sei se fico feliz por que irei parar de sofrer ou se fico triste por ter que deixar minha mãe,por não ter conseguido viver minha vida...
— filha,temos vizinhos novos— minha mãe diz escorando na porta entre aberta,ela finge ser forte quando está na minha frente,porém consigo ver seus olhos vermelhos e a boca ainda trêmula de tanto chorar.
— eles nos convidaram para ir lá, vão fazer uma festa na piscina e terá churrasco de inauguração da casa— dou um sorriso falso para ela enquanto a mesma diz entusiasmada
— por favor se arrume, eu quero muito ir no churrasco— ela pede e eu concordo,ela sabia que eu não negaria nada a ela, principalmente depois de tudo oq ele fez para mim sobreviver
Levanto sentindo uma breve tontura, me apoio na mesinha ao lado da cama e ando até o closet pequeno que havia no quarto, coloco um biquíni preto liso, quanto menos atenção no meu corpo pálido e magro por causa da leucemia, melhor. Coloco uma regata preta e um short jeans azul, calço o chinelo e desço as escadas devagar, assim que chego minha mãe sorri e segura meu braço indo em direção há casa do tal vizinho.
Eu não queria estar aqui, não queria estar na casa de estranhos, muito menos de biquíni na casa de estranhos,podem me chamar de anti social mas eu preferiria estar na minha cama fitando o teto e pensando em como minha vida está de passando rápido e logo acabará.
A mulher ao meu lado sorri ao apertar a campainha e a porta logo é aberta por um jovem com aparentemente minha idade, cabelos platinados e pele morena, em seu braço haviam algumas tatuagens e ele usava um óculos redondo, assim que nos vê sorri tímido e dá espaço para que nós adentrasemos na casa.
Ele nos leva até o fundo da casa onde estavam o resto das pessoas que suponho ser a família dele,minha abraçou-os e eu fiz o mesmo
— que bom que vieram Nathalia — diz uma mulher abrindo um sorriso se direcionando a minha mãe
— e você é a....— fala esperando que eu dissesse meu nome
— Stella — dou um sorriso tímido
Ela sorri novamente e começa a conversa com minha mãe, sento em um cadeira ao lado da piscina e encaro a água já escura por conta da luminosidade que já não era muita, vejo o menino de mais cedo vindo até mim e parando ao lado da cadeira, ele me estende a mão e eu o encaro confusa
— você não veio aqui para ficar olhando a piscina sem entrar nela, não é?— pergunta e eu rio
— não vou entrar não— falo negando e ele me olha atentamente, logo puxando meu braço em direção a piscina
— ei,me solta— falo irritada tentando me soltar e ele ri
— Lucas,solta a menina!— escuto a mãe dele falando e o mesmo solta meu braço
— entra por conta própria ou eu te jogo— ele ameaça
Tiro a regata e o short jeans, ficando apenas de biquíni e pulo dentro da piscina para evitar mostrar meu corpo por muito tempo, sinto a água respingando por meu rosto e logo vejo Lucas dentro da água, nado até a escadinha da piscina e sento na mesma sentindo fraqueza,fecho os olhos respirando fundo até passar. Quando abro os olhos vejo o menino parado ha minha frente me encarando,sua expressão havia mudado, parecia preocupado
— você está bem?— pergunta me analisando
— estou, só preciso ir para casa— falo saindo da piscina, pego minhas coisas e caminho até minha mãe
— tô indo para casa, aproveita o churrasco— falo e deixo um beijo em sua testa e ela me olha confusa
As tonturas e fraquezas novamente voltam a me rodiar,dessa vez mais fortes, começo a atravessar a rua andando em direção a minha casa, de repente minha visão escurece e minhas pernas amolecem,antes de apagar vejo Lucas me segurar para que eu não caia no chão...
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