Parte Dois

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Jooheon mal sentia os próprios ossos, imaginava que era uma sorte; seria impossível sentir irritação, ou frustração. Jungkook não sabia oque Jooheon costumava pensar nesses momentos. Embora tinha consciência de que seria algo entre essas duas coisas.

Talvez tivesse que ir mais adiante, e na verdade fosse oque permanecia agora: a completa falta de tato do seu arredor.

Logo após levá-lo de volta, desacordado, Lia refez seu estardalhaço; acabou por acordar a irmã mais nova, e Jungkook se irritou um tanto mais que antes consigo. Heejon também acordou, e se mais alguém o fez, não chegou a olhar para além dos corredores. Tentou ordenar a situação, mas era impossível quando se tratava daquela mulher tão eloquente.

Joohyun mal falava, ainda em silêncio e assutada como uma gata de rua. Um cenário bem decadente.

Jungkook esperou que ela percebesse sozinha que Jooheon não iria acordar, mesmo que fosse insuportável a sua voz, e já cansada fez Jungkook; o único que parecia mais capacitado de fato, levar ela e seu filho para o hospital do vilarejo. Que não era grande coisa, como o resto da vila.

E novamente o processo de acalmar sua mãe foi refeito, dessa fez dando acalento à gêmea também, e a um Heejon enjoado.

Levou mãe e filho até o hospital, mergulhados num silêncio desequilibrado. Notava os olhares rabo de olho nada discretos que Lia o dirigia as vezes, mas não se deu o sacrifício de interpreta-los, deixando-se levar pela presença recentemente repugnante que ela se tornou pelas horas seguidas.

Dividindo forçosamente o mesmo ar, agradeceu aos deuses quando chegaram no hospital, um pequeno lote característico e azul ciano, iluminado pelas fracas luzes amareladas, quase ofuscadas na neblina. A madrugada estava fresca demais, no ar se podia detectar uma umidade gelada, tais como o vapor que o gelo soltava.

Por isso cobriu o mais novo com sua jaqueta, percebendo a falta da manga em sua blusa, e o levou nos braços até lá dentro. Embora preocupado, escolheu aguardar do lado de fora, não sabendo oque esperar da mulher.

E no fim, só tiveram de se ver quando Jooheon já tinha um diagnóstico decente, Lia dava pisadas cansadas e pesadas que não se adequavam aos saltos que usava, para fora do lugar, os braços cruzados e as palmas abertas nos cotovelos para controlar o calor em seu corpo. Mantinha a jaqueta, agora manchada de pingos diminutos de sangue, em uma das mãos e quando cruzou com o mais novo, simplesmente arremessou a peça e entrou no carro em silêncio.

Jeon, convicto de que não receberia nada além disto, entrou no carro tão ou mais esgotado que a mulher. Dirigiu um tanto rápido, apesar dela reclamar de uma latente enxaqueca, sendo assim passou a dirigir mais devagar no entanto sem algum cuidado mais relevante.

— Se pensa que eu admiro seus falsos sentimentos ao Jooheon, está muito enganado. - estavam a instantes de, finalmente, cruzar a entrada do extenso terreno da casa de seus avós quando ela disse. A voz firme e não menos pendente, meio rouca agora como se sentisse um desconforto interior. Jungkook não se supreendeu.— Você... - uma pausa com um olhar cruel, brilhante como a lua, varreu ele em várias direções. — Você é tão podre quanto o teu pai.

Freiou calmamente, se sentindo bem com a falta de efeito daquela declaração. Ele sabia de todas as palavras que saíram de sua boca, embora que demorou um tanto para engolir oque ela não disse claramente, mas que não precisava ser feito. Ela não gostava de si. Talvez mal o suportava, gostar era quase uma esportiva.

— Não tenho que te provar nada. - sua voz estava tão tensa quanto a dela, mantendo a crueldade natural nos olhos, o cabelo lhe cortando a visão, escuro como marfim.

Ela soltou um riso, estufou sua estrutura e saiu da caminhonete mais elegante que antes.

O engraçado era perceber o quanto eram iguais em ações quando nesses momentos, tinham uma aspereza no olhar e expressões cruas, quase mortas. Donos de suas escolhas e emoções, pessoas assim costumavam se atritar bastante. E Jeon se questionou o motivo de ter demorado tanto para perceber essa incongruência entre os dois.

Máus Diabos | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora