꧁ 40- Lest's Go Home꧂

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Pov's Adhara

A luz do sol era demais para mim, imagino que eu ficaria cega se não estivesse parcialmente nublado.

Eu estava fraca, havia usado o restante de minhas forças para tentar pedir ajuda, para ver se alguém ficaria curioso e me soltasse daquela maldita cela na qual eu fiquei apodrecendo por mais de 400 anos.

Sobrevivendo a base de pão seco e uma caneca de água por dia. Talvez eu devesse ter ficado presa por mais tempo, mas a comida parou de chegar a certa de dois meses, esqueceram que eu existia. A água eu conseguia por entre frestas das paredes de pedra, talvez seja por isso que não morri.

E agora estava eu, sendo carregada pelo macho que traiu meu irmão e deixou assassinarem minha mãe enquanto eu via tudo aquilo. Carregada pelo macho que arrancou minhas asas e as levou para casa como um troféu.

Minha visão já estava ficando acostumada com a leve claridade, quando cruzamos portões dourados e Tamlin me levou para dentro de sua casa.

Ok, pelo menos eu morreria depois de ter visto o céu pela última vez. Já era mais do que o suficiente.

- Não vou matar você.- ele disse enquanto me colocava sob os degraus de mármore, na entrada de sua casa.

- Então vai fazer o que?- minha voz era rouca e quase não saiu. Agradeceria por ele ter audição feérica, pois minha garganta ardeu quando tentei falar novamente.

- Eu havia esquecido de você fazia uns bons séculos. Fico surpreso que continuaram a te alimentar.- ele passou a mão pela barba rala e me avaliou de cima a baixo e fez uma careta.

Compreensível. Eu estava terrível. As roupas, eram farrapos velhos. Meu cabelo era um emaranhado negro, eu estava tão magra que conseguia contar minhas costelas e podia muito bem encostar em todos os meus dedos se segurasse em volta do pulso.

- Eu estou surpresa por estar viva!- minha garganta ardia a cada palavra.- E estou ainda mais surpresa por VOCÊ estar me oferecendo ajuda.

- Justo.- ele disse em voz baixa.

- E quem era aquela fêmea que me encontrou?- seu olhar ficou nervoso.- Ela tinha os mesmos poderes que você, onde ela está? Por que bateu nela?- o olhar de Tamlin desviou de mim para a floresta.

Ouvimos um farfalhar de folhas sendo quebradas e segundos depois aquela mesma forma bestial da Tamlin, surgir por entre as árvores. Mas ela era menor do que a besta que havia me carregado até aqui.

Desviei o rosto dela no instante em que um clarão a atingiu, voltei o olhar para a criatura. Era a fêmea que havia me encontrado.

Se não estivesse fraca, teria pulado em seu pescoço para abraça-la, eu tinha de agradecer a ela por isso.

- Onde você estava?- a voz de Tamlin era firme.

- Acha que um tapa seu não me desnortearia?- a loira praticamente esbravejou.- Por sua culpa agora eu só tenho visão de um olho!- Uma fêmea loira meio ruiva, de olhos azuis surgiu correndo a porta. Ela nem reparou que eu estava lá, pois foi direto até fêmea loira de olhos verdes.

- Prim! Pelo Caldeirão! Seu rosto!- então minha "salvadora" se chamava Prim? Bom nome para alguém da primavera.- Minha filha, não está mais ferida?- a fêmea girou Prim para se certificar que o corpo da filha estava inteiro.

- Eu estou bem mamãe. Um olho a menos, mas estou bem.- Prim respondeu calmante.

- Por que fez isso?- a mais velha se virou na direção de Tamlin, seu olhar carregava raiva.

- Foi involuntário e sua filha me desobedeceu.- O Senhor da Primaveril disse meio nervoso.

- Involuntário?!- agora ela gritava.- MINHA filha?! Quando eu acho que não pode atingir o limite da idiotice e hipocrisia você se supera ainda mais, Tamlin!

A Corte de Estrelas Congeladas (ACOTAR+TOG)Onde histórias criam vida. Descubra agora