Era uma noite de domingo mansa e quieta em minha casa, mas as ruas de Seul eram como todos os outros dias: barulhentas, movimentadas, coloridas. O relógio marcava pouco mais de sete horas e a previsão do tempo não tinha boas notícias para aqueles que são inimigos do frio ou da chuva. O termômetro apontava 16 graus, clima que me deixa sonolenta, cansada e fadigada.
Infelizmente, mesmo que eu deseje ficar em casa por muitas razões, não poderei. Domingos não são dias de sair para balada, concordo, mas não dependia de mim. É o aniversário de minha melhor amiga, a qual faz questão da minha presença, numa boate muito conhecida na cidade.
Me arrumo com pressa, ligo o carro e saio sem distrações. O rádio do meu carro está desligado e os aquecedores em devido funcionamento. Chego rapidamente no local, me dirijo até o estacionamento e antes de sair do veículo, cato um guarda-chuva para me proteger dos grossos pingos d'água.
A música abafada é ouvida por mim desde a calçada, mas tudo multiplica quando finalmente entro na tal balada e sou atingida por luzes coloridas e piscantes, música alta e gritos afobados do público. Não me dou bem com multidões, talvez por isso eu tenha escolhido trabalhar na área da oncologia, apesar de ser triste, os pacientes não recebem muitas visitas e os apartamentos são sempre silenciosos.
— Dahyun! – Chaeyoung fala quando me vê chegar. – Achei que ia me dar um bolo...
— Bolo você já tem... – Ri sem graça agora que todos os outros próximos olhavam pra mim.
— Você quer um pedaço, inclusive?
— Já cantaram os parabéns? – Perguntei intrigada.
— Sabe que não faço questão dessas formalidades. – Riu. – O bolo chegou, quem queria comer, partiu um pedaço e é isso. – Deu leves tapinhas nas minhas costas. Eu me sentiria desconfortável se não fosse alguém tão próximo.
— Vou comer um pouco, então. – Falei me aproximando da mesa.
Eram duas mesas juntas e nelas tinham comidas e bebidas aos montes. Cada uma mais bonita que a outra e tudo aparentava ser muito saboroso, mas infelizmente eu não conseguiria provar muito. Sabe, os olhares voltados pra mim, a música alta e essa quantidade de gente acaba me deixando sufocada, impedindo que eu coma muito pelo nervosismo que acabo sentindo. Eu sei que deveria deixar de ser boba, já sou uma adulta e não condiz com a minha idade tais comportamentos, mas o que eu posso fazer?
— Você poderia me passar aquela bebida ali, por favor? – Uma voz doce e desconhecida me chama atenção, me despertando dos meus próprios pensamentos ao me cutucar no ombro.
Era você, Sana.
Você estava linda, como sempre, e radiante também. Tinha um sorriso largo que enfeitava mais ainda o seu rosto e que me deixava sem graça de olhar por mais de um segundo. Suas roupas eram belas, você usava um vestido longo cor bege e um salto alto e grosso. Seus cabelos loiros me chamaram mais atenção ainda. Estavam sedosos, longos e recém-pintados. Você penteou colocando para o lado, deixando quase um topete do lado esquerdo. Nesse momento eu só conseguia pensar uma coisa: nunca tinha visto alguém tão lindo.
— Claro. – Entreguei o que me pediu e voltei a comer o bolo do mesmo jeito que estava antes.
Ouvi seu riso frouxo e fraco quando eu lhe entreguei a garrafa, talvez tenha percebido como fiquei tensa ao olhá-la. Eu gostei de ouvir isso. Até seus sons são cativantes. Bom, eu tinha ouvido sua voz, visto sua aparência e agora seu riso, acho que posso dizer que é perfeita.
— Seu nome? – Perguntou e eu me espantei, mas tentei disfarçar.
— Kim Dahyun. – Abaixei a cabeça como cumprimento e recebi o mesmo gesto.
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Perfect Blue | SaiDa
Fiksi PenggemarO que é o amor? Se me perguntassem isso um ano atrás, antes de te conhecer, eu não saberia responder, mas hoje, quando ouço essa palavra, imediatamente seu nome vem à mente. Conheci o amor e a paixão de uma vez, numa única noite, num curto momento...