Capítulo 07

356 62 10
                                    

Saí do hotel um pouco mais cedo na intenção de passar no hospital e logo depois ir para o aeroporto receber meu irmão que estava voltando da Europa.

Assim que cheguei segui para o quarto de minha mãe onde a porta estava um pouco aberta e ao perceber que ela parecia ter visita entrei e fechei devagar parando no pequeno corredor de entrada ao vê-la sentada na cama de frente para uma garotinha de curtos cabelos castanhos.

— Você fugiu de novo, menina? — perguntou minha mãe com um sorriso que eu não via a muito tempo, pegando a mão da garota.

— Não gosto de ficar no quarto — disse manhosa. — E queria visitar todos os amigos que fiz aqui porque amanhã recebo alta.

— Isso é muito bom, sua mãe deve estar muito feliz. — Mamãe alisava a mão da menina fitando seu rosto parecendo ter um carinho especial por ela.

— Está sim! Não vejo a hora de sair daqui, mesmo que ela esteja ocupada só o cheiro em casa já me deixa feliz!

—  Ela não vai estar em casa?

Suspirei me encostando na parede, concentrada naquela conversa. Queria dar tempo para que minha mãe pudesse conversar o quanto quisesse antes que seu sorriso sumisse ao me ver.

— Não é culpa dela. — A voz da menina soou triste. — Mamãe precisa trabalhar pra pagar tudo. Dou muito trabalho a ela...

— Ei, não diga isso, filhos não são problema para uma mãe. Filhos são uma dádiva de Deus.

— O que é dádiva? — perguntou a menina, curiosa.

— É... Quando você dá um presente muito valioso a outro alguém. Filhos são o presente precioso que Deus nos deu. — Olhei na direção delas e mamãe acariciava o rosto da menina.

—  Vovó e sua filha?

— Ela veio aqui me ver ontem, mas eu a mandei embora.

— Por que? A senhora não gosta dela?

— Minha menina precisa trabalhar.

— Se a mamãe ficar doente eu quero cuidar dela. — Minha mãe sorriu baixando a cabeça. — Ela é a melhor mãe do mundo! — No mesmo momento escutei a voz de uma enfermeira do lado de fora do quarto.

— Sim ela deve estar aqui, sempre que foge vem para essa ala. — Quando pensei em revelar minha presença a porta foi aberta e além da enfermeira que entrou, também havia Gizelly que me olhou surpresa, mas não mais que eu.

— Encontrei a fujona — falou a enfermeira.

— Me ajuda vovó! — gritou a menina se escondendo atrás de minha mãe.

—  Sua mãe está aqui — anunciou a enfermeira.

— Mamãe? — A menina saltou da cama e meus olhos seguiram ela que correu e abraçou Gizelly.

— Pelo amor de Deus não corra — pediu Gizelly.

Meus olhos encontram os de minha ex que correspondia ao abraço da criança olhando desde mim a minha mãe, parecendo sem graça e então deu um fraco sorriso, logo em seguida afastou-se segurando os ombros da menor.

— Quantas vezes disse para não incomodar os outros pacientes mocinha? Peça desculpa e vamos para o quarto. — Gizelly apertou um nariz da garota que sorriu virando de costas para ela.

— Desculpa por...

— Não precisa disso. — Olhei para minha mãe ao ouvir aquela frase. — Eu não sabia que era sua filha, mas agora já somos amigas. — Eu e Gizelly nos olhamos e logo em seguida encaramos minha mãe. — Depois que eu tiver alta deixe ela ir me visitar. — Não era um pedido, ela soava autoritária.

Happy EndOnde histórias criam vida. Descubra agora