CAPÍTULO 17: CACHOEIRA

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POV LAUREN

Acordei escutando alguém andar de um lado pro outro no quarto, logo reconheci a voz da Camila e percebi pelo tom de voz, mesmo que baixo, que ela está irritada. Eu nunca a tinha visto tão brava como agora e só a forma que ela tá falando tá me fazendo encolher na cama e olha que nem é comigo que ela está brigando.

- Eu não quero saber, se eu chegar nessa empresa segunda e isso não estiver resolvido eu vou demitir todos os responsáveis por essa bagunça. — Ela manteve a voz baixa mas seu tom de ameaça me fez arrepiar, não sei se de medo ou de outra coisa – Acho bom que segunda-feira no primeiro horário todos estejam na sala de reuniões com tudo resolvido, não vou tolerar mais esse prejuízo por conta da incapacidade de vocês. — E assim ela desligou a ligação sem deixar que quem estava do outro lado respondesse. Eu posso sentir a tensão circulando pelo corpo dela de longe.

- Ei, o que foi? Está tudo bem ? — Eu estava um pouco incerta de começar uma conversa com ela e a irritar ainda mais, mas mesmo assim tentei.

- Ei, Lo. — Quando ela me olhou a tensão pareceu desaparecer um pouquinho e um sorriso tímido surgiu nos seus lábios – Me desculpa por ter te acordado, você deve tá cansada da viagem.

- Tá tudo bem, já estava na hora de levantar. Daqui a pouco minha mãe aparece aqui pra nos chamar pra almoçar. — A tranquilizei – Mas e então, o que aconteceu? Pelo visto, quando a gente voltar você vai ter muito problema pra resolver.

- Vou mesmo — A expressão de cansaço que apareceu em seu rosto me fez suspirar de dó, esse final de semana deveria ser para descansar não pra se preocupar com tudo que já nos atormenta durante a semana – Aquela empresa está cheia de gente incompetente, não sei como meu pai passou a vida toda ali e nunca percebeu isso. Acredita que os responsáveis pela contabilidade e pelas finanças estavam adulterando os balanços e agora eu que vou ter que me virar pra não sair no prejuízo e para a polícia não baixar lá. Acredita que até problemas com impostos surgiram?! — Eu sabia que era uma pergunta retórica, por isso não fiz questão de responder, só balancei a cabeça e deixei que ela continuasse a desabafar. – Quando eu aceitei tomar conta de tudo eu não tinha noção de que seria tão difícil, meu pai parece que nesses últimos meses fechou os olhos para tudo e deixou todas as merdas pra que eu resolvesse depois.

Eu sei o quanto empresas mal administradas podem dar dor de cabeça, ainda mais se a fonte dos problemas são áreas tão importantes como a contabilidade e as finanças. Esses são os setores que praticamente comandam a empresa se eles estão mal, todo o resto também vai estar e não é fácil resolver esse tipo de questão, não quando são meses, quem sabe anos, de erros sendo cometidos. Camila vai precisar ser paciente, uma investigação precisará ser feita e isso custa tempo, saúde mental, disposição e acima de tudo um pulso firme para não ser passada para trás mais uma vez. Ela só precisa entender que ela tem todo o conhecimento técnico que precisa para lidar com isso basta ela saber colocar em prática.

- Vem cá, senta aqui comigo — Estirei a mão e quando ela pegou eu a puxei delicadamente pra sentar na minha frente. – Empresas são assim, Camz. Você sabe melhor do que ninguém que quando se resolve um problema mais três surgem para fazer a gente quebrar a cabeça. Você sabe como resolver o que tá acontecendo agora, não precisa ficar colocando essa sobrecarga nas suas costas como se fosse você que tivesse cometido esses erros — Coloque a mão na sua bochecha e a cena mais fofa que eu vi foi ela deitando a cabeça para que eu fizesse um carinho. – Segunda você resolve isso, você sabe o que tem que fazer. Agora coloca um sorriso nesse rosto e vamos nos arrumar para ir comer. Tu vai amar a comida da minha mãe, ouso dizer que é a melhor do mundo. — Levantei da cama, puxei ela para um abraço e lhe dei um beijo na testa.

De aluna a meu amorOnde histórias criam vida. Descubra agora