Cartas para Nathaniel

Carta #3

06/01/2019

Querido Nathaniel

Você deixou cair sua chave na luta de ontem, por isso vim devolver-te-a.

Na verdade, eu queria queria falar com você um pouco mais em particular, então meio que levar essa carta junto com sua chave acaba sendo um pretexto perfeito.

E̶u̶ ̶E̶u̶ ̶s̶i̶n̶t̶o̶ ̶m̶u̶i̶t̶o̶

̶N̶o̶ ̶j̶o̶g̶o̶ 

Queria te pedir desculpa por ter nos feito perder na luta de bolas-de-neve. Eu sei que foi culpa minha.

Podemos nos encontrar na sala de artes, antes das aulas?

Até poderia ser no pátio, mas você sabe como está frio.

- Marc

Depois que o moreno leu aquilo, ele começou a lembrar daquele dia. De como as mãos de Nathaniel estavam geladas por causa de sua teimosa em não usar luvas. De como se não fosse a droga daquele maldito sinal, indicando o começo de mais uma aula chata da professora Mandeleiv, se não fosse por causa daquele ensurdecedor som daquele aparelho de partes de metal, cujas batiam na pobre cabeça avermelhada dele, o garoto realmente poderia ter contado tudo a ele. 

Não só como as borboletas mágicas que pareciam o rodear quando estava com o ruivo, como todas as suas facetas mais obscuras que ninguém conhecia. 

Talvez naquele dia frio e nublado eles poderiam ter juntado suas sombras mais escuras e a tornado num belo poste de luz antigo, que poderia ser sempre acendido novamente se tivessem um ao outro.

Marc se perguntava se as coisas teriam sido diferentes. Se tivesse chegado um pouco mais cedo e deixasse seu coração transbordado de sentimentos verter um pouco de sua água para uma taça, que poderia salvá-lo de uma enchente sem volta atrás.

Será que ele e o ruivo ainda seriam tão próximos quanto aquela época?

Será que ainda tentariam criar mais histórias juntos ou assistiriam séries como antes?

Perguntas que talvez nunca tivessem resposta.

O futuro é algo muito incerto, que pode ser mudado de acordo com suas ações, ou não.

Abanou sua cabeça para voltar a chamar sua mente, que já estava vagando pelas várias possibilidades de futuro que suas imagens mentais criavam.

Faltava agora duas cartas.