Mente desocupada

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Com alguns barulhos de tranca e movimentos giratórios, a maçaneta do quarto de Marc foi movida. O dono de cabelos escuros adentrou no magnífico cômodo.

Se jogou de lado na cama, ficando com o rosto enfiado na macia coberta verde com algumas bolas de futebol. 

Bufou e tornou a bufar. Estava morrendo de tédio. Virou a cabeça em direção à janela em busca de algo para se entreter, nem que fosse por um minuto.

A bonita luz dourada do sol, que parecia como campos de trigo, adentrava pelo reluzente vidro transparente e iluminava com todo o seu esplendor o quarto do pequeno jovem. 

Marc olhava para aquela luz e para sua vista da janela, apesar de estar um pouco longe do alvo para conseguir ter uma visão mais ampla.

Embora preferisse sua bela e antiga cidade-natal, Paris, gostava de ver as ruas calcetadas de Londres e a pequena amostra que tinha do Big Ben, já que o poderoso relógio da cidade ficava um pouco longe de sua casa. Não era tão chique assim para morar tão perto de um dos mais famosos monumentos da cidade Britânica.

Desviou um pouco o olhar e começou a traça-lo pelas coisas que ficavam perto da janela. Um guarda-roupa, uma escrivaninha em madeira com gavetas, papeis, caixas...

Marc se levantou de sua preciosa cama e se dirigiu para a escrivaninha. Decidiu começar a fazer uma vistoria por ela, talvez descobrisse algo interessante para fazer.

Começou por olhar as gavetas, para falar a verdade, fazia um tempinho que não as olhava. Na primeira gaveta encontrou alguns adesivos, carimbos, elásticos de cabelo e um laço.

Sorriu ao lembrar do laço. Tinha sido um dos presente de Marinette de um aniversário seu. Se não se enganava, ela tinha lhe dado também uma boina feita a mão. Não lembrava-se onde a tinha colocado, mas provavelmente estava em algum canto do guarda-roupa.

É, essa primeira gaveta era meio vazia. Próxima.

Na seguinte havia algumas pulseiras de miçangas que havia feito. Resolveu as colocar, já que ficava lindão nelas. Por debaixo delas, tinha um papel com uma lista de compras.

- Cara, por quê eu guardo isso?

Amassou o pequeno papel e o atirou para a lixeira que estava do lado.

Quando voltou a olhar para o compartimento, reparou que estava lá uma caixa pequena, com a tampa em um tom verde e o resto azul. Não se lembrava direito o que exatamente guardava lá, o que o deixou minimamente curioso.

Tirou a pequena caixa de seu cantinho de descanso e a pousou delicadamente em cima da escrivaninha, puxando em seguida sua cadeira de madeira, que seria bastante dolorosa de sentar se não estivesse lá uma almofada.

A tampa foi aberta e o interior foi revelado: estavam lá alguns papéis e um colar.

Esse colar... pensou o moreno.

Foi quando lhe veio à memória o dia em que ganhou aquele colar. Tinha sido um presente de Nathaniel em comemoração do lançamento do seu primeiro gibi. Naquele dia, ele tinha ficado muito feliz, não só pelo lançamento e pelo feedback das pessoas da sala de arte, como pelo presente.

Involuntariamente corou um pouco, só um pouco. Talvez se tivesse sido seu eu de alguns anos atrás estivesse perto de se assemelhar a um tomate.

Pousou o bonito colar com um coração vermelho no centro do lado da caixinha e continuou olhando.

Foi quando reparou que ali estavam cinco cartas. Pegou uma, desdobrou seu papel fino e branco, e começou a lê-la. Foi aí que as lembranças começaram a invadir sua mente e o que exatamente guardava naquela tão misteriosa caixa.

Cartas para NathanielOnde histórias criam vida. Descubra agora